O São Paulo empatou com o Flamengo mas, com a vantagem adquirida no Maracanã, consagrou-se campeão da Copa do Brasil, título inédito para o tricolor
Por Luiza Mazon

Era o único troféu que faltava. Com a conquista inédita em cima do Flamengo no último domingo (24), a sala de troféus do São Paulo finalmente está completa: o time venceu todos os campeonatos que disputou. O clube é o 16º campeão da Copa do Brasil e demorou 34 anos para colocar as mãos nessa taça. Com isso, o tricolor paulista faturou mais de R$ 88 milhões, o que alivia bastante o caixa do clube. A equipe carioca, vice-campeã da competição, embolsou cerca de R$ 48,7 milhões.
Para o segundo jogo, o São Paulo foi escalado da mesma maneira que na partida no Maracanã. Já o Flamengo trouxe novidades na escalação, como o meia uruguaio Arrascaeta, o goleiro Rossi e o volante Thiago Maia.
A equipe rubro-negra começou melhor. A primeira oportunidade de abrir o placar aconteceu com apenas 20 segundos, quando Pedro chutou em cima do goleiro Rafael. Posteriormente, o volante Gerson, também teve mais uma grande chance, mas assim como a de Pedro, parou no defensor tricolor.
Os primeiros 15 minutos da partida foram de dominância total do Mengão e de dor de cabeça para os são-paulinos. Mas o São Paulo buscou uma tentativa de reação e chegou até a equilibrar o jogo. Porém, aos 44 minutos do primeiro tempo, Bruno Henrique abriu o placar para o Fla, em um rebote da finalização de Pulgar. A felicidade da nação rubro-negra não durou muito. Cerca de cinco minutos após o gol que levaria o jogo para os pênaltis, Rodrigo Nestor, o herói são paulino, aproveitou o toque errado do goleiro Rossi na saída da bola aérea e marcou um gol de fora da área para empatar.
Sem alterações, o Flamengo voltou do intervalo na mesma escalação da etapa inicial e o São Paulo voltou com o mesmo time que finalizou o primeiro tempo. O Mengão já iniciou a etapa final com uma chance de Fabrício Bruno logo aos 3 minutos, que passou rente à trave. Pouco tempo depois, o time finalizou mais três vezes, com Gerson, Pedro e Léo Pereira. Mesmo com certo equilíbrio, o Fla não obteve sucesso em fazer mais um gol e ficou com o vice-campeonato.
Lucas Dorna, são paulino e estudante de educação física na Unesp, esperava a vitória também no jogo em casa, mas já imaginava a dificuldade da partida e aceitou de bom grado o empate que lhe rendeu o título.
Para Ícaro Caldas, analista tático de futebol, a conquista paulistana era óbvia. Segundo ele, a equipe tricolor se organizou muito melhor taticamente, os jogadores são paulinos estavam mais confiantes e o Dorival Júnior, técnico do time campeão, possuía mais o controle de sua equipe que o Sampaoli, treinador do Flamengo, tinha do elenco vice. Para ele, portanto, o resultado foi mais do que merecido.
“Acredito que se preparou melhor para a final. Soube sofrer, soube alternar os momentos entre atacar o Flamengo e neutralizá-lo sem a bola”, explica Ícaro ao ser questionado sobre o que levou o São Paulo a se destacar sobre os rubro-negros.
O dia 24 de setembro de 2023 foi épico para os são paulinos. “Representou o dia mais feliz da minha vida, primeira vez [que fui] ao Morumbi e ainda mais numa final e com o São Paulo campeão desse título inédito que faltava pra nossa sala de troféus”, comenta Lucas Dorna.
Apesar do resultado positivo, o estudante crê que a equipe paulistana ainda tem aspectos a melhorar. “O time precisa de reforços pontuais, sem improvisar nas posições, pois uma hora o time não funciona e assim poderá prejudicá-lo”, explica o torcedor.
Primeiro jogo da final
Os primeiros 90 minutos da decisão foram disputados no dia 17 de setembro no Maracanã, ocasião em que o Flamengo, mandante do jogo, perdeu de 1×0 para o tricolor paulista com gol do camisa 9, Jonathan Calleri, ainda no primeiro tempo.
Melhor na etapa inicial, o São Paulo teve a primeira grande chance com Calleri, mas o goleiro Matheus Cunha defendeu com segurança. Depois disso, a equipe rubro-negra teve uma tentativa de resposta, mas Beraldo cortou o cruzamento de Bruno Henrique para Rafael defender.
O gol do tricolor paulista parecia questão de tempo. Foi então que, ao final da primeira etapa, Rodrigo Nestor fez cruzamento preciso para Calleri, que aproveitou vacilo de Ayrton Lucas e de Matheus Cunha para cabecear em direção ao gol e abrir vantagem fora de casa.
Na segunda etapa, o Flamengo precisava reagir e a entrada de Everton Ribeiro no lugar de Victor Hugo pareceu dar certo. Foi com isso que a equipe carioca conseguiu empurrar o São Paulo para sua defesa e criar um volume ofensivo que não foi visto nos primeiros 45 minutos. Os visitantes apresentaram sinais de cansaço e não mostraram muita reação. No entanto, bastou o São Paulo fazer uma partida precisa na defesa para neutralizar as tentativas rubro-negras e sair do Maracanã com a vantagem de 1 a 0.
Essa partida marcou a maior renda bruta da história entre clubes no país: R$26.343.300,00.
Os 60.390 torcedores pagantes (67.350 presentes) tiveram que desembolsar bastante dinheiro para acompanhar a final. Os ingressos foram vendidos com preços entre R$ 400 e R$ 4.500 para o público em geral. A torcida flamenguista presente no Maracanã protestou contra a diretoria e vaiou bastante o time após o jogo, com gritos de “time sem vergonha”.
Inclusive não foi apenas a torcida rubro-negra que se mostrou descontente com o Flamengo. O técnico argentino Jorge Sampaoli, que treina a equipe carioca desde abril deste ano, caminhou rumo ao vestiário antes do apito final de Anderson Daronco. Assim, o time ficou os dois minutos finais do primeiro tempo sem a presença de seu treinador. Além disso, Sampaoli não escondeu sua irritação após a derrota e chutou uma das grades no túnel de acesso ao vestiário do estádio.
Confira mais sobre a trajetória do campeão em https://contextojornalismo.com/2023/09/27/a-trajetoria-do-campeao-2/
