Após anunciar seu fim, PM retoma a operação, deixando 30 mortos desde seu início

Por Giovana Keiko

Desde o dia 27 de julho, a Operação Escudo se tornou parte da rotina dos moradores do Guarujá. A morte do policial da rota, Patrick Bastos Reis, foi o motivo do início da operação: ele foi atingido enquanto fazia patrulha na Vila Zilda. Até agora, totalizam-se 30 mortos, sendo 29 civis, e um policial. Todas as vítimas são homens e, a maioria, negros. Segundo dados da defensoria pública, 73% dos presos da operação teriam cometido crimes sem violência ou de grave ameaça.

Dia 5 de setembro, em coletiva, foi anunciado o fim da Operação Escudo. Entretanto, no dia 08, sexta-feira, o sargento aposentado Gerson Antunes Lima, 55 anos, foi morto a tiros enquanto varria a calçada. Segundo a Polícia Militar, os dois homens fugiram em motocicletas.

Por conta disso, retomou-se a operação. O plano seria a retomada da operação impacto, que busca diminuir a criminalidade na região que, segundo o Coronel, estava prevista para acontecer antes da morte do policial. A mesma seguiria até a operação verão, maior operação do ano no litoral, visando segurança dos moradores devido ao alto fluxo de pessoas por conta das festas de final de ano.

O governador Tarcísio de Freitas, ao ser pressionado pelo CNDH, Conselho Nacional de Direitos Humanos, sobre o uso de câmeras corporais, encerrou a operação no mesmo dia. Em coletiva, Guilherme Derrite, Secretário de Segurança, afirma que não sabia da demanda dos policiais utilizarem câmeras corporais e que estava sendo informado naquele instante. “Não tomei conhecimento formal de nenhum pedido, recomendação ou ação da Defensoria Pública. O órgão externo que faz a fiscalização das polícias é o Ministério Público”, declarou Derrite.

Sobre abuso policial, relatos de tortura e depoimentos dos moradores à imprensa, o Coronel diz que a Imprensa não é local de denúncias, e que nas delegacias não haviam nenhuma denúncia formalizada, portanto, ignorando todo possível caso de abuso de poder. E como não há uso de câmeras corporais para toda a tropa, não há provas além da palavra dos moradores e da polícia.

Os moradores afirmaram que provas foram plantadas, como no caso de Williams Santana, que era encanador desempregado. Segundo relatos, ao chegar em casa, Williams foi abordado por policiais militares do lado de fora de sua residência e, instantes depois, foi arrastado para dentro pelos agentes, seguido pelo som de disparos de arma de fogo. Ele morreu no local. Segundo a SSP, foi encontrada uma mochila com maconha, crack, cocaína, um rádio e papel com anotações.

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