Entenda o funcionamento da fila de transplantes e a luta para tornar o processo amplamente conhecido

Por Emanuelly Teixeira

Nas últimas semanas, o caso do apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, chamou a atenção pela rapidez em conseguir seu transplante de coração em uma semana de espera. Logo, a internet começou a especular que ele teria passado na frente de outras pessoas por conta de seu dinheiro e fama. No entanto, Vane Lopes que atua no Instituto Gabriel, uma Organização da Sociedade Civil (OSC), que busca incentivar e conscientizar sobre a doação de órgãos, explica que não é bem assim.

“Casos como o do Fausto Silva, em prioridade máxima e em risco de morte, é algo corriqueiro. Conhecemos diversos casos de sucesso, mas eram pessoas anônimas. O fato do transplante ter sido rápido é respeitado em todos os casos de prioridade, como tem vários outros no país”, enfatiza Vane Lopes.

No domingo (10), o apresentador Fausto Silva fez um vídeo agradecendo aos fãs, médicos e a família do doador (foto: reprodução).

O Brasil é o segundo país que mais realiza transplantes de órgãos e tecidos. Segundo o Ministério da Saúde, no ano de 2023, até o mês de setembro, foram feitos quase seis mil transplantes, com o rim sendo o órgão mais coletado. Uma das formas encontradas para o país chegar nesse resultado foi a fila de espera, mas que, diferentemente do convencional, o critério de ordem de chegada nem sempre é o mais importante.

A fila de transplantes é única, ou seja, tanto os pacientes da rede privada quanto os da rede pública (SUS) aguardam juntos por uma doação. A Portaria de Consolidação nº 4, de 2017, que aprovou o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes, garante que não haja qualquer privilégio e nem mesmo intervenções externas na fila de transplantes.

Cabe aos médicos definirem se uma pessoa precisará de transplante, analisando cada órgão conforme suas particularidades. Adegil Henrique Silva, médico assistente na realização de transplantes do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, aponta que no caso do coração é necessário definir os critérios de insuficiência cardíaca terminal, que medem o cansaço do indivíduo para realizar determinadas atividades. Além disso, a análise é combinada com dados objetivos, como os adquiridos com o cateterismo cardíaco e o teste cardiopulmonar.

Aumentou em 16% o número de transplantes de coração realizados no primeiro semestre de 2023, segundo o Ministério da Saúde (foto: Pexel).

Após os médicos concluírem a necessidade do transplante, o paciente é colocado na fila de espera para o órgão, que utiliza critérios como tipo sanguíneo, compatibilidade de peso, altura, genética e gravidade para definir a ordem dos pacientes. Os casos de prioridade para a fila são aqueles em que o indivíduo está em estado grave, e também aqueles em que o receptor é uma criança.

Para Vane Lopes, a desinformação é um dos grandes obstáculos quando o assunto é a doação de órgãos. Pensando nisso, o Instituto Gabriel desenvolveu o programa Embaixador da Chama, que consiste em uma plataforma de estudos para capacitar cidadãos para sensibilizar outras pessoas sobre a doação. Além disso, o Instituto organiza um concurso de charges, cartuns, HQ e caricaturas sobre o tema e há também o Setembro Verde, campanha nacional de conscientização.

“Mais de 1 milhão de pessoas já foram impactadas pelas ações realizadas pelo Instituto, e em 2023, a campanha leva o nome “Doe Órgãos, Doe Amor” com o objetivo de tornar Indaiatuba a capital nacional da doação de órgãos. Além dos nossos programas, em nossas redes sociais, estamos sempre preocupados em compartilhar informações com seriedade e responsabilidade”, informa a voluntária.

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