Por Lucas Piona

A Copa do Mundo de Basquete terminou no domingo (10), com a Alemanha, invicta no campeonato, vencendo a Sérvia por 83 a 77. O Mundial, ocorrido na Indonésia, Filipinas e Japão, foi palco de confrontos com os maiores nomes do esporte da bola laranja desde 25 de agosto. Em meio a outras 31 seleções, o Brasil terminou na 13º colocação geral ao registrar três vitórias e duas derrotas em um chaveamento desfavorável.
Após não se classificar para as Olimpíadas de Tóquio em 2022, a equipe brasileira chegou ao Mundial após vencer oito dos 12 jogos da fase classificatória. A mais significativa delas foi contra os Estados Unidos, que possui uma tradição de dominância no esporte. Jogando em casa, o placar final da “zebra” de 83 a 76 carimbou a vaga da seleção na Copa. Desse modo, ambos os países continuam os únicos da América que nunca ficaram de fora de uma edição do campeonato.
Mistura de veteranos com jovens promessas
A convocação final para o Mundial de Basquete aconteceu no dia 21 de agosto. O técnico Gustavo de Conti, do Flamengo, escolheu 12 jogadores, misturando veteranos com jovens promessas do basquete nacional.
Armadores: Yago (Estrela Vermelha-SER), Raulzinho (Fenerbahçe-TUR), Marcelinho Huertas (Tenerife-ESP) e Georginho (Ulm-ALE)
Alas-armadores/alas: Vítor Benite (Palencia-ESP), Gui Santos (Golden State Warriors-EUA) e Léo Meindl (Alvark-JAP)
Alas-pivôs/pivôs: Bruno Caboclo (Venezia-ITA), Lucas Dias (Franca), Cristiano Felício (Granada-ESP), Tim Soares (Nagoya-JAP) e Felipe dos Anjos (Andorra-ESP)
Diferente da última década, o elenco contou com apenas um jogador que estava ativo na NBA. Raul Neto, conhecido como Raulzinho por conta da carreira do pai de mesmo nome como jogador e técnico, jogou pelo Cleveland Cavaliers. No entanto, poucos dias antes do início da Copa do Mundo, o armador de 31 anos anunciou que assinou com o Fenerbahçe, da Turquia.
De acordo com Gustavo Freitas, do portal Jumper Brasil, a seleção passa por uma transição geracional. Os antigos astros do país, Anderson Varejão, Nenê Hilário e Leandro Barbosa, se aposentaram e as portas para Raulzinho e Bruno Caboclo liderarem o time se abriram.
“Acredito que a equipe esteja passando por uma transição. Não está pronta para disputar título, mas está longe de ser ruim. Períodos assim acontecem, especialmente se não for o principal esporte do país”, afirma o jornalista.
Chaveamento desfavorável
Após sorteio, o Brasil se encontrou no Grupo G e iria enfrentar Espanha, Irã e Costa do Marfim na primeira fase. As duas seleções com melhor pontuação iriam passar e a lógica aconteceu. Com Caboclo e Yago como principais jogadores, perderam apenas para os espanhóis, campeões em 2019.
Segundo Matheus Carvalho, da página Pisou na Linha, a vitória por 100 a 59 na estreia foi a melhor performance do país na chave. “A estreia contra o Irã foi estupenda, mas a lesão de Raul Neto jogou o time pra baixo. Contra a Costa do Marfim, me decepcionei um pouco. Demoramos para entrar no jogo e resolver. Foi uma partida que poderia ter ido pro lado africano e nos eliminado na primeira fase. Por fim, a derrota para Espanha também foi dentro do normal, um jogo que poderia ter vindo pro nosso lado, mas enfrentamos uma campeã do mundo”.
Na segunda fase, a seleção iria jogar contra França, Canadá ou Letônia, três dentre os favoritos segundo o ranking da FIBA, e estaria em uma posição de desvantagem. Por esse motivo, as expectativas do torcedor nunca foram muito altas desde o início da competição.
“Expectativa mediana. Era necessário passar da primeira fase e, tirando a Espanha, era uma chave super acessível. Porém, passar da segunda fase era missão quase impossível, visto que França, Canadá ou Letônia estariam no caminho. Ainda demos sorte que os franceses não passaram e mesmo assim não conseguimos ir além”, diz Matheus.
E assim foi. O Brasil enfrentou Canadá e Letônia na segunda fase. Apesar de Gustavo de Conti conseguir fazer ajustes necessários para vencer a primeira seleção, o jogo coletivo letão eliminou o país da Copa do Mundo de Basquete. A seleção, então, está há 45 anos fora do pódio da competição.
“A vitória gigantesca contra o Canadá iludiu sobre um resultado que poderia ser acima do esperado na Copa, a derrota para Letônia, infelizmente, normalizou o resultado final, dentro do esperado”, completa Matheus.
E agora?
Após a eliminação para a Letônia, o Brasil torcia para que o Canadá perdesse para a Espanha na segunda fase. A eliminação dos canadenses faria com que a seleção nacional estivesse classificada, juntos aos Estados Unidos, para as Olimpíadas de Paris em 2024. No entanto, a equipe norte-americana roubou a segunda e última vaga olímpica da América.
As chances ainda não acabaram. O Brasil terá que participar das classificatórias americanas para conseguir uma das 12 vagas totais em Paris no próximo ano. Apesar de não ser fácil, o Mundial serviu para dar a experiência necessária para as jovens promessas nacionais.
“Alguns atletas estão quase prontos e devem começar a render frutos em breve. Nada melhor que um Mundial para testar. Mas é isso: um teste para um período de baixa. Depois da ‘peneira’, você sabe o que pode funcionar ou não para o futuro próximo”, comenta Gustavo de Freitas.
