O grupo fundado na cidade de Bauru tem seu ponto marcado no Parque Vitória Régia e potencializa o esporte 

Thayná Santana

A prática une diversos patinadores em parques e quadras da cidade. (Foto: Thayná Santana).

A patinação é um esporte que vem movimentando pessoas de diversos locais com o objetivo de se divertir e sentir a liberdade diante dos recursos que a atividade proporciona. Durante a pandemia a patinação se tornou mais popular por ser um esporte praticado ao ar livre e distante de aglomerações, porém ela existe anteriormente deste contexto. 

Um dos primeiros modelos surgiu em 1863 pelo inventor americano James Leonard Plimpton com a invenção do patins de quatro rodas, logo ele foi o pioneiro a abrir o primeiro rinque de patinação nos Estados Unidos. Os rinques de patinação se tornaram um espaço para jovens e adultos e virou cenário para diversos filmes como “The Rink” (1916) de Charles Chaplin até produções recentes como ATL: Som do gueto (2006), onde a maior parte se passa no ringue de patinação Cascade em Atlanta. 

No Brasil o patins como modalidade esportiva se tornou oficial somente em 1999, porém anteriormente já existia diversas modalidades que abrangem o patinação de maneira ampla. Desde a patinação artística, Urban, Street, Freestyle, Roller dance, Slalom, Roller Derby entre outros estilos que podem ser exercitados. A diferença dos patins está presente nas rodas e na bota. No modelo Inline por exemplo, todas as rodas ficam de maneira horizontal e no patins Quad são duas rodas de cada lado podendo ter um salto em alguns modelos, ambos são populares entre patinadores. 

A história do Roller Bauru

O grupo Roller Bauru, que reside na cidade de Bauru, no interior de São Paulo, surgiu há 2 anos e realiza encontros no Parque Vitória Régia de terça, quinta e sexta a partir das 18h, além de combinar encontros em outros lugares da cidade. Um dos desafios que o grupo enfrenta é a falta de lugares específicos e adaptados para patinadores no município.

As patinadoras Neia Samistral e Shirley Reinis no Parque Vitória Régia. (Foto: Thayná Santana).

A participante do grupo, Shirley Reinis comenta sobre a mobilidade urbana da cidade e os desafios que envolvem a patinação. O parque Vitória Régia é um dos poucos espaços que proporcionam uma patinação segura e apropriada.

“Pra gente treinar o único lugar mais adequado é aqui no Vitória, o vitória tem o piso inclinado então pessoas que são iniciantes tem muita dificuldade pra aprender manobra nova e a gente fica a mercê no clima, se chove a gente não pode patinar, o chão fica molhado, mas no geral fica difícil. Então é muito ruim não ter uma pista para patinar aqui em Bauru.”

Shirley Reinis

De acordo com o Estudo “A prática da patinação no Brasil” realizado em 2017 pelo Instituto Adreninline 62,8% das pessoas acreditam que a maior deficiência do nosso esporte é a falta de locais para a prática da patinação. 

Shirley Reinis alerta sobre a precaução necessária para patinadores nas ruas e lugares de Bauru.

A cidade de Bauru contém poucas ciclovias e para o patins acaba sendo ainda mais escasso, dificultando a prática do esporte que tem a segurança afetada quando praticado nas ruas visto que motoristas e motociclistas não respeitam esse transporte.

Esporte que ultrapassa estereótipos

Para muitos o patins é um hobbie ou visto como uma atividade voltada para o público infantil, mas o grupo Roller Bauru é a prova de que esses estereótipos estão ultrapassados, já que o patins para além de um esporte também é visto como  um modo de vida, além de proporcionar benefícios para a saúde mental e física. O esporte acaba sendo explorado entre diversos públicos, variando entre crianças até adultos, que compartilham experiências e dicas. 

Ainda existem muitos estigmas na patinação, é o que diz Neia Samistral,  48 anos, que patina há dois anos e iniciou devido a atividade para combater a  ansiedade. Apesar de existir preconceito diante das pessoas por causa do etarismo, a patinação vem pra mostrar outra perspectiva entre superar limites e mostrar que o esporte é para todos. A patinadora ainda complementa sobre a descoberta na atividade que mudou sua vida: “O patins pra gente é a nossa vida”. .

A coletividade

Para além de uma atividade que pode ser realizada sozinho, o patins une pessoas que podem se ajudar entre si para evoluir juntas, cada um respeitando o seu progresso e velocidade. Rafael Marques é patinador e também um dos integrantes do grupo Roller Bauru, começou a patinar quando criança aos 9 anos, parou com 15 e voltou novamente aos 38 anos.

“A amizade, o companheirismo e a descontração, através do patins conheci uma galera que jamais pensei que poderia conhecer”,  relata sobre a importância e as amizades que o patins trouxe.  

Registros dos encontros realizados no Parque Vitória régia que reúne crianças, adolescentes e adultos. (Foto: Thayná Santana).

É também um espaço de aprendizagem coletiva, é diante desses grupos que as pessoas mais experientes auxiliam os que começaram a patinar e também acompanham a sua evolução. Patinação pode ser individual e coletiva, isso torna a atividade tão dinâmica e fora da rotina. 

O patins como estilo de vida 

Na grande São Paulo, o movimento do patins Quad tem crescido nos últimos anos com criação de grupos como Pakitas Quad, um coletivo de mulheres que se reúnem no Vale do Anhangabaú para praticar o estilo do Roller Dance, que mistura os movimentos do patins com a dança. Existem também outros como o Roller Dance Brazil que também se encontram no mesmo local todas às sextas, de maneira gratuita, com instrutores de patins e muita música ao ar livre para todos amantes da patinação inline, quad e Roller Dance. 

O patinador e instrutor de patins, Marcos Batista anda de patins há 16 anos e também é adepto ao Roller Dance, mas começou no Inline. Desde então compartilha diversos momentos e vivências ao longo desses anos sobre rodas. 

Atualmente realiza eventos de Workshop pelo país ensinando estilos criados em Chicago, de acordo com ele “Em São  Paulo o Roller Dance está começando a crescer e é bem forte a categoria Slalom e Speed”, sobre esse estilo que vem progredindo aos poucos entre o público.

A patinação se tornou muito mais que um esporte e sim um movimento que transforma vidas, proporcionando possibilidades e persistência. 

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