Titãs encerram turnê em Ribeirão Preto

Para comemorar seus 40 anos, grupo de pop-rock que marcou uma geração reuniu os membros originais da banda em série de shows pelo Brasil

Por Bianca Luísa dos Santos

A banda Titãs, marco do rock nacional, está rodando o Brasil com sua nova turnê “Titãs Encontro – Todos ao mesmo tempo agora”, que comemora os 40 anos do grupo. Eles iniciaram os shows em abril no Rio de Janeiro e encerram seus eventos no dia 30 de junho, extrapolando as barreiras e indo para o exterior. O grupo já tem shows confirmados em Los Angeles, Nova York e Lisboa.

A tour junta os membros originais da banda pela primeira vez desde a morte do guitarrista Marcelo Fromer em 2001. O evento é composto por Sérgio Britto, Tony Belloto, Branco Mello, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Charles Gavin e Nando Reis, como membros originais e Liminha que substitui o falecido guitarrista. Além disso, conta com a participação especial de Alicia Fromer, filha de Marcelo, que homenageia o pai subindo ao palco.

A procura pelo evento foi estrondosa, esgotando 100.000 ingressos da pré-venda em apenas quatro dias e abrindo shows extras pela grande demanda. O sucesso de vendas é um retrato da importância que essa banda tem no rock nacional. Titãs, desde o início, se destacou por diversos motivos, pelo estilo de roupas chamativas, número grande de integrantes e pela música revolucionária.

Suas letras traziam, de forma polêmica e até escatológica, reinvindicações e manifestações políticas, sociais e culturais. A fã Valeria Simone, de 58 anos, diz que as letras foram de grande importância no cenário da época.

“Assim como outras bandas de pop-rock nacional dos anos 80, eles foram muito revolucionários em comportamentos e em atitudes da juventude da época. As letras foram tão importantes, tão verdadeiras que até hoje 40 anos mais tarde elas ainda são super sucessos”, disse ela.

O grupo atravessou gerações e impactou diversas vidas com suas mensagens, tanto de luta, quanto de esperança.

“Eles influenciaram muito no comportamento da geração. Em não aceitar, lutar pelos seus direitos, pelos seus lugares de fala. Eu acho que foi muito marcante A história muda completamente seu panorama antes e depois da geração pop-rock dos anos 80”, enfatiza Valeria.

A importância desse grupo para o rock nacional e para o próprio país é inegável segundo Heloisa Requena, uma fã de 35 anos que cresceu ouvindo suas músicas.

“As letras deles trazem situações que as pessoas passam, situações sobre política e sobre as suas necessidades. A banda surgiu quando tinha uma questão de censura, então eu acredito que a música era uma forma de proteção”, afirma Heloisa, realçando seu impacto. “E eu acredito que o contexto dessas músicas faz sentido até hoje. Elas condizem com a situação atual da política e do país”, completa ela.

Nesse reencontro, a banda revive os melhores momentos e move a plateia consigo. Os fãs relembram os grandes sucessos de sua carreira, com músicas como ‘Sonífera Ilha’, ‘Cabeça dinossauro’ e ‘Família’, que a plateia ovaciona e canta a uma só voz.

A tour também conta com momentos emocionantes, com a presença de Branco Mello, que ao vencer um tumor na garganta volta aos palcos cantando ‘Tô Cansado’ e mostrando sua superação. Alícia Fromer também tocou o público com sua homenagem ao pai. E, não poderia faltar, a música que provoca comoção geral: Epitáfio, um de seus maiores sucessos, com uma mensagem de vida que toca a tantos.

Para Rosana Marin, de 54 anos, a música que mais a marca certamente é esta. “Até hoje quando toca Epitáfio me arrepia. É a minha preferida, sempre que eu a ouço me faz refletir”, diz ela.

O reencontro tem sido mais um triunfo que marca a história dessa banda e uma conquista aos fãs que encheram os estádios e comemoraram este momento memorável.

“Foi muito legal ver o quanto eles ainda mobilizam as pessoas. E o quanto isso é importante na vida desses cantores. Eles realmente amam aquilo, vivenciam, e tem muita emoção verdadeira. Para mim foi uma experiência muito boa”, diz Heloisa.

A tour, cheia de saudosismo, ficará registrada na história do rock nacional, trazendo grandes ícones da música brasileira que nunca cairão no esquecimento. “Individualmente eles são ótimos, mas juntos eles são incríveis”, ressalta Valéria. “Vê-los, todos juntos, era um sonho, um sonho lindo. Foi uma viagem no tempo, muito incrível, muito mágico. Para mim e para milhares de pessoas”, conclui.