Destaque em Roland-Garros, Bia Haddad faz o tênis feminino brasileiro viver um de seus melhores momentos e inspira diversas meninas ao redor do país

Por Carlos Staff

Bia Haddad Maia (foto: arquivo pessoal)

No torneio simples de Roland-Garros, Beatriz Haddad Maia fez história e se tornou a primeira brasileira desde Gustavo Kuerten, o Guga, a chegar à semifinal. Parando apenas para a número 1 do mundo, a polonesa Iga Swiatek, ela conquistou mais um grande resultado recente para o tênis feminino brasileiro.

Com a grande campanha em Paris, Bia chegou ao 10º. lugar no ranking da WTA (Women’s Tennis Association), com 2910 pontos, sendo a primeira brasileira a alcançar essa posição.

Para se ter uma dimensão do feito de Bia, a única brasileira que já tinha alcançado essa fase em um grand slam foi a lendária Maria Esther Bueno. A rainha do tênis, como era conhecida, ganhou 589 títulos na sua carreira (sendo 19 grand slams) e liderou o antigo ranking mundial em quatro anos (1959, 1960, 1964 e 1966), sendo considerada a maior tenista brasileira de todos os tempos.

Bia vem vivendo o melhor momento de sua carreira desde o ano passado, onde ela conquistou dois títulos na temporada de grama, quebrando um jejum de 54 anos. O primeiro foi o WTA 250 de Nottingham, onde ela passou pela então número 5 do mundo, Maria Sakkari, durante o torneio e logo em seguida veio também o WTA 250 de Birmingham, onde venceu Shuai Zhang na final.

Ainda em 2022, a paulistana fez história no WTA 1000 de Toronto. Passando por diversos nomes conhecidos e bem ranqueados do circuito como Karolina Pliskova e Belinda Bencic, ela chegou a final do torneio após vencer a já mencionada e também melhor do mundo à época, Iga Swiatek, mas acabou ficando com o segundo lugar ao ser derrotada pela romena ex-número 1 do ranking Simona Halep.

A trajetória de Bia dentro das quadras vem fazendo ela ganhar cada vez mais fãs, como é o caso da estudante de jornalismo e tenista amadora Carolina Bordin. A araçatubense é apaixonada por tênis e destaca o sentimento de poder acompanhar o momento fantástico vivido por Haddad Maia.

“Tá sendo muito inspirador poder ver ela fazer história, realmente conseguir acompanhar os jogos e o crescimento da carreira em tempo real. É um sentimento totalmente diferente, porque outras tenistas brasileiras, como a Maria Esther por exemplo, eu não tive a oportunidade de acompanhar. Então é muito bom poder pensar que no futuro eu vou poder falar: “eu vi a Bia atingindo o top 10”, “eu vi ela ganhando X campeonato”, destacou.

Destaque também nas duplas

O Brasil também vive ótima fase no tênis de duplas. No próximo mês completam-se dois anos desde que Laura Pigossi e Luisa Stefani conquistaram a medalha de bronze nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, um feito inédito na história do tênis brasileiro. Com a parceria formada há apenas uma semana antes dos Jogos e sem nunca sequer terem jogado juntas profissionalmente, embora sejam amigas desde a infância, as brasileiras mostraram muita garra e determinação em todas as partidas. Na disputa do bronze elas ganharam a medalha de virada após salvarem 4 match points das adversárias russas Elena Vesnina e Veronika Kudermetova, saindo de um 5/9 contra para 11/9 no super tie-break, sendo definitivamente uma das maiores conquistas da história do esporte brasileiro.

Luisa Stefani e Laura Pigossi (foto: arquivo pessoal)

Carol também acompanhou essa madrugada histórica para o Brasil e relembrou a sua reação durante e após a partida, chegando até a trocar mensagens com Laura Pigossi.

“Eu tava completamente maluca assistindo aquele jogo, ainda mais pelo jeito que foi (de virada). Quando elas conseguiram vencer eu fiquei muito feliz, porque novamente eu tava assistindo brasileiras fazerem história no esporte. Depois que eu me liguei que era a primeira medalha olímpica do Brasil no tênis fiquei ainda mais em choque, saí postando em todo lugar, até postei um story marcando as duas, que inclusive a Laura até me respondeu e foi aí que eu surtei de vez”, relatou.

Após jornada em Tóquio, Luisa Stefani conquistou o seu primeiro título de WTA 1000 formando dupla com a canadense Gabriela Dabrowski e ambas chegaram até a semifinal de duplas do US Open 2021, mas uma lesão grave sofrida por Luisa nos ligamentos de seu joelho acabou tirando ela de jogo e do torneio. A temporada brilhante vivida fez ela alcançar o 9 lugar no ranking de duplas da WTA.

Recuperada de lesão em 2022, ela deu a volta por cima e venceu outro WTA 1000 em Guadalajara, no México, ao lado da australiana Storm Sunders, além de um WTA 250 ao lado de Dabrowski novamente. E nesse ano veio o sonhado título de grand slam. Formando parceria com o brasileiro Rafael Matos nas duplas mistas, ela conquistou o seu primeiro Australian Open em janeiro ao derrotar os indianos Sania Mirza e Rohan Bopanna na final em Melbourne.

Histórias contadas dentro e fora das quadras por Bia, Laura, Luisa e outras brasileiras inspiram as pessoas desde a maneira de jogar até a determinação e vontade que elas demonstram durante os jogos. Carolina, que joga desde os seus 10 anos expressa esse sentimento.

“Com certeza, nesses últimos tempos em que eu tô acompanhando mais os jogos, eu fico observando a maneira com que elas se comportam dentro de quadra e gosto de me imaginar tentando reproduzir isso. Não penso em jogar como profissional um dia e chegar onde elas estão, mas tento levar isso sim comigo pra eu ir melhorando cada vez mais. Não só a forma com que elas jogam, mas toda essa determinação e postura fora de quadra também. É muito bom ter pessoas como elas pra me inspirar dentro e fora do jogo”.

Carolina Bordin (foto: arquivo pessoal)

Evidenciando a alta do esporte no país, o jogo entre Bia Haddad e Iga Swiatek bateu o record de audiência e se tornou a partida de tênis mais assistida na história da TV por assinatura no Brasil. Esse momento pode ser muito importante para popularizar o esporte e também motivar quem está começando a sua carreira ou quem sonha em jogar um dia profissionalmente. Carol destaca as falas de Haddad Maia, que deseja inspirar cada vez mais meninas.

“Sem dúvidas, e isso já tá acontecendo. Ter a oportunidade de acompanhar e ver a cobertura desse esporte aumentando é a melhor oportunidade pra popularizar o esporte no nosso país e consequentemente atrair mais gente interessada em praticar, ou só assistir mesmo. A Bia sempre dá entrevistas falando que seu objetivo é inspirar mais meninas a entrarem no esporte e verem que é possível sim chegar em outros patamares, então agora essa mensagem tá chegando em muito mais gente e não tenho dúvidas de que tá fazendo diferença na vida de muitos”.

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