Como as blogueiras influenciam o transtorno alimentar (TA) em tantas pessoas

Por Jhennyfer Lima

Na internet, a ideia do corpo perfeito é constantemente romantizada. É possível ver blogueiras sem licença nutricional ou de educadora física trabalhando com a ideia de exercícios pesados e dias sem comer.

Uma jovem de 18 anos, que não quis se identificar, comentou sobre o que ela vivia aos 15 anos ao seguir essas dietas que encontrava na internet. “Acho que a dieta que eu mais me lembro e a que eu mais fiquei obcecada, é uma dieta chamada “dieta da USP”. Ela promete você perder 7kg em uma semana e gira em torno de você ingerir menos de 700g por dia: o café da manhã deve ser puro, tomar água e você viver disso. Eu meio que não consegui acabar porque eram duas semanas e eu ficava muito fraca”, conta.

Ao procurar pela internet sobre essa “dieta milagrosa” podemos encontrar diversas matérias falando sobre as problemáticas que a envolvem. Ela vem atingindo jovens desde os anos 90, era encontrada em revistas da época com modelos divulgando, ou seja, é um problema da mídia desde antes da internet ser tão aberta ao público.

Mas também há páginas diversas nas redes sociais de pessoas falando como se sentiram melhor depois de passar por essas duas semanas praticamente sem comer nada e perdendo uma quantidade não saudável de peso de uma vez só.

Mas por quê essas pessoas passam por tudo isso? Mesmo podendo terem sido alertadas anteriormente, esse assunto não é apenas a opinião da pessoa, trata-se de uma doença psicológica. “Os transtornos alimentares (TA) são caracterizados por um distúrbio persistente do comportamento alimentar ou relacionado à alimentação, que resulta em consumo ou absorção alterados de alimentos e prejudica significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial”, disse o psicólogo Cláudio Almeida.

Porém, esses transtornos não nascem sozinhos. Boa parte das pessoas que relatam passar por isso trazem algum trauma consigo, seja relacionado ao corpo ou não. Obviamente, influenciadores digitais que deviam ser uma forma de repassar informações ou de entretenimento se tornam uma fonte para aumentar o problema, por atualmente serem uma constante em nossas vidas.

fonte via instagram: @mairacardi

Um exemplo são os jejuns de Maira Cardi, que já publicou em suas redes sociais em 2021 que ficou uma semana inteira sem comer. Ou Jade Picon, que teve nutricionistas reagindo à sua rotina e comentando que ela não come calorias o suficiente nem para sustentar seu corpo. “[Me incomoda] muito, porque elas pregam uma desilusão pra pessoas que estão fragilizadas e propagam uma cultura de que tá tudo bem “passar fome”, disse a jovem.

As blogueiras passam uma imagem que elas estão saudáveis e com o “corpo perfeito” mesmo comendo tão pouco, o que gera uma sensação de incapacidade para as pessoas que não chegam no nível delas, criando um nojo e raiva de tudo ao seu redor e de si mesmo por não se sentir suficiente, por não conseguir ser igual elas.

Mas a culpa não é das influenciadoras, por estarem passando por esses problemas com seu corpo, que resulta nessa alimentação, porque estão doentes com essa obsessão de ser perfeita. O problema é elas repassarem isso para pessoas fragilizadas, sem pensar nas consequências que seus atos podem ter na vida das delas. Afinal, seu trabalho é influenciar.

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