Exposição no Teatro Municipal de Bauru mostra a obra dos grafiteiros Risu 41, Cisco e Mari Monteiro

Por Amanda Silva Lima

‘Vontade’, tela pintada por Risu 41 (Reprodução: Arquivo Pessoal)

Até o dia 01 de julho os bauruenses poderão conferir, no saguão do Teatro Municipal, a exposição “Grafite nas galerias: por que não?”. Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e patrocinado pelo Programa de Estímulo à Cultura (PEC), o projeto, que contou com oficinas de grafite, é gratuito e aberto para todos os públicos. A produção é do artista e pesquisador Marcelo Bressanin e a curadoria é do artista e produtor cultural Dj Ding.

Os artistas que participam do evento nesse ano são Risu 41, Cisco e Mari Monteiro, que produziram telas especialmente para a exposição. Além disso, cada artista realizou uma oficina para ensinar técnicas de grafite, em diferentes espaços culturais de Bauru.

A iniciativa busca promover a expressão artística urbana, valorizando a cultura do grafite e proporcionando oportunidades de aprendizado e interação com os artistas.

‘Necessidade’, tela à esquerda pintada por Risu 41 e ‘Lírio’, tela à direita pintada por Cisco (Reprodução: Arquivo Pessoal).

Risu 41, um dos artistas que integram o projeto, contou como foi a experiência para ele. “Foi um projeto bacana, diferente. Por mais que eu esteja acostumado a pintar mural, pintar a tela é sempre um desafio. Para mim, é mais difícil. Também rolou a oportunidade de fazer a identidade visual do projeto porque trabalho com design. Além do retorno do pessoal que vem de diversas maneiras. O que chegou na gente é positivo”, relatou.

Ele também destacou a importância do grafite na sua vida e que, por isso, gosta tanto de falar sobre esse tema. “Eu comecei a pintar bem novo, com uns 13 anos. Um dia surgiu uma oportunidade de fazer uma oficina com alguns escritores de grafite do meu bairro em Indaiatuba e depois eu comecei [a pintar] todo final de semana. E aí o grafite vai virando a vida da pessoa, né? Gosto muito de falar sobre isso”, contou.

Foi por causa do grafite que ele escolheu uma graduação e sua área de atuação profissional. “Também me abriu bastante a cabeça para estudar. Fiz artes visuais na Unesp, ainda não concluí, mas estamos no caminho e foi o que me trouxe para Bauru basicamente. Hoje eu trabalho como designer também por causa do grafite e aí meio que foi virando minha profissão. E a parte mais legal são os amigos”.

Tela ‘Amor’ pintada por Mari Monteiro (Reprodução: Arquivo Pessoal).

Jaqueline Gomes de Andrade, agente cultural e coordenadora do programa de estímulo à cultura explica que esse evento é importante para dar voz à uma comunidade que nem sempre é ouvida. “Eu digo que a arte periférica é transformadora porque ela é a voz da alma, da arte dessas pessoas, do lugar que eles habitam, do ambiente deles. Então a importância é a periferia ter voz, um lugar de fala na nossa sociedade”, destacou.

Ela comentou também que a resposta do público geral “foi incrível e bastante surpreendente o interesse” e que “nem os próprios proponentes imaginavam a dimensão e proporção que teria”.

Silvana, funcionária da Secretaria de Cultura, comentou sobre como o projeto é fundamental também para as crianças. “As crianças confundem muito quando a gente fala do grafite. Elas associam com pichação. Por isso, é importante esse trabalho até para a questão de tirar esse estigma e mostrar que o grafite não tem que estar só na periferia. Claro, é uma arte que está mais centrada nesses espaços mas a mágica tem que ser vista em todos os locais, assim como as pinturas esculturas que são mais acessíveis”, destacou.

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