Criativo, excêntrico e único, o estilo do cineasta estadunidense, Wes Anderson, ultrapassa as telas e vira objeto de desejo para a vida real de muitos internautas
Por Gabriela Bita
O que leva alguém a querer replicar o estilo cinematográfico de certas obras em seu dia a dia? De restaurantes temáticos a acomodações especiais no Airbnb, Wes Anderson agora vê seu trabalho ser reproduzido nos famosos vídeos de quinze segundos no TikTok. A trend que permite as pessoas transformarem seu dia em um filme do famoso cineasta através da utilização de filtros e formas de filmagem características de tal, tornou-se um fenômeno entre os indivíduos de diferentes idades e locais do mundo.
Para Carol Moreira, apresentadora e podcaster, o almejo e a valorização da identidade visual de Anderson se dá pela beleza de suas produções. “Tudo que agrada aos olhos é gostosinho, dá uma sensação boa”, comenta. Sendo assim, a experiência vivida pelo público em O Grande Hotel Budapeste e Moonrise Kingdom — dois dos filmes de Wes — a partir do enquadramento, das paletas de cores utilizadas e outros aspectos resulta em um conforto que eles não desejam deixar para trás após as 1h30min de tela. “A simetria, as cores, os planos… Tudo dá uma sensação boa”, finaliza Moreira.
No entanto, não é necessário apenas beleza para conquistar o público. Carol acrescenta que todo o conjunto das produções do cineasta são regadas de harmonia, o que auxilia a trazer à tona a vontade das pessoas de viverem, por pelo menos alguns segundos, um momento lúdico em seu dia. “E claro, a identidade que ele constrói também se dá com a narrativa, estilo de texto, personagens, tudo é muito harmônico”, conclui a apresentadora.
Conhecido por sua excentricidade e ousadia, Anderson apresenta sempre um elenco de peso em seus filmes. Na sua mais recente produção, Asteroid City, que será lançada em 23 de junho deste ano, Scarlett Johansson, Tom Hanks, Willem Dafoe e Seu Jorge, são alguns dos nomes que marcam presença na nova adição ao portfólio do estadunidense.
Com tantas características únicas e marcantes, poucos — ou quase nenhum — são aqueles que seriam capazes de reproduzir um dos filmes de Wes, segundo Carol. “Não teria como outra pessoa dirigir um filme dele”, comenta a criadora do podcast de true crime, Modus Operandi, e justifica logo em seguida, “porque apesar de conseguir imitar a parte visual, as ideias, histórias, linguagem, narrativa, tudo isso se junta no estilo do cineasta”.
Ciente dos diversos manuais de como recriar seu mundo, Anderson prefere manter seus olhos fechados para todas as demais produções dos outros Wes Anderson´s espalhados pelo mundo. Em uma entrevista para o jornal britânico, The Guardian, o cineasta afirma que se impede de ver assuntos relativos a si próprio que se tornam virais na internet, pois não quer olhar para o que os outros estão produzindo e pensar que aquela é a forma como as pessoas visualizam a si e a seu trabalho.
No entanto, o fenômeno da viralização, segundo o dicionário de Cambridge, tem como principal característica a rapidez com que ocorre. Dessa forma, seria também o sucesso de Wes Anderson um movimento passageiro?
Com tantas características que o diferenciam, mas que, ao mesmo tempo, faz com que seus filmes sejam, de certa forma, muito parecidos entre si, Moreira acredita que não há possibilidade das produções do cineasta saturarem em determinado momento. “Eu acredito que não, pelo contrário. Cada diretor tem seu estilo e é por causa disso que as pessoas viram fãs”. Entretanto, Carol também pontua que é necessário sempre estar renovando as ideias para não cansar o público, mas que, “ele sabe fazer bem isso”.
Jornal Contexto 