O mito do corpo perfeito

Cirurgias plásticas estão sendo cada vez mais procuradas por aqueles que desejam um corpo “ideal” e tão admirado nas mídias sociais

Por Gabrielle Moreira

O desejo de aumentar a autoestima e de se sentir aceito ascendeu assim como as redes sociais. Com o passar dos anos, o número de cirurgias plásticas cresceu 19,3%, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgias Plásticas e Estética (ISAPS) e as redes e os influencers digitais possuem um papel importante nisso.

Na França, uma lei para regular o que influencers digitais promovem no meio online foi aprovada na quinta-feira (01/06) com a ideia de proteger consumidores, em especial, os mais jovens. Paralelo a isso, o Brasil ainda enfrenta uma onda de filtros e likes em vidas nas telas.

O culto a corpos dados como “perfeitos” se tornou a maior motivação de muitas pessoas para a realização de procedimentos como a lipoaspiração, rinoplastia, botox entre tantos outros, mas para psicóloga Rosemary Almeida Vasconi, há muito mais para se discutir sobre.

“Hoje em dia o que está sendo mais visto é a grande procura por um corpo perfeito, muitas das vezes procedimentos estéticos drásticos ou um incessante ritual em academias, corridas ou caminhadas. As consequências para um segmento de padrão de beleza, que muitas das vezes não se acrescenta em nada e muita das vezes traz uma grande frustração e, até mesmo, certo desespero”, diz a psicóloga.

A pressão estética e para uma juventude eterna encontra campo fértil nas redes sociais, influenciadores com milhões de seguidores propagam um estilo de vida impossível e meios para alcançar a beleza perfeita estão alarmando as autoridades assim como a facilidade ao acesso para esses procedimentos.

“Com a popularização de estilo de vida saudável e a mídia com tantos influenciadores, ressalta ainda mais a padrão de beleza. As mudanças corporais nos traz ,muita da vezes, benefícios em relação a um controle da ansiedade, obesidade, com isso nos ajuda a trazer uma estabilidade emocional que resvala de certa forma positiva e necessária para nossa sobrevivência e estímulo para nossos cuidados”, explica. “Porém, quando transcende de forma negativa ,nos traz malefícios como decepções, frustração, até mesmo a depressão”, ressalva.

A modernidade e as novas tecnologias prometem a liberdade individual para construir sua própria identidade. Entre os jovens isto é cada vez mais disseminado e visto nos dados da Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas (SBCP), os quais apontam aumento constante no número de cirurgias plásticas entre jovens com menos de 30 anos.

“A necessidade para fazer parte de um grupo, para se socializar, que com esses malefícios acaba nos prejudicando, principalmente nossa saúde mental e emocional”, relatou Rosemary sobre a influencia das postagem para aqueles que acompanham pelas redes sociais.

“Quando estamos vulneráveis, estamos mais sujeitos a mudar de comportamento em situações de desequilíbrio ou estresse, os gatilhos que faça com que dispare, o que está adormecido em nós. O preço a ser cobrado é muito alto”, completa a psicóloga.

Para o gerente de customer services e professor universitário Filipe Augusto Soares de Lima Del Vigna, a cirurgia estética teve papel importante em sua vida, com a lipoaspiração pode se ver de outra maneira.

“Foi uma questão mais pessoal mesmo, porque embora me incomodasse nunca me importei muito de ficar sem camisa quando tinha vontade, só queria me sentir mais bonito”, comentou. “Acredito muito naquela frase que diz que um corpo bonito é aquele que tem alguém feliz nele. Por aí, vale o questionamento no sentido de se certificar de que se está fazendo por si e não para atender um padrão imposto”, complementa Filipe.

Por fim, Rosemary deixa um conselho para aqueles que desejam mudanças em seus corpos. “Onde está escrito o ditado como via a regra do “corpo perfeito”? Não existe! Mesmo que algum momento cometa alguma falha, leve como um aprendizado, sem justificativas e sim o que você possa melhorar, isso se chama evolução. Não preciso ser melhor e nem mais que ninguém, só ser “EU” com defeitos e qualidades”.