Setor descobre a importância de se adaptar ao novo mercado e investe em diferentes formatos de mídia

Por Carolyna Bazanini

O aumento do consumo de livros na internet nos últimos tempos, a exemplo da disseminação de e-books e audiolivros, tornou crucial a busca por novas formas de produzir conteúdo. Com isso, produções virtuais, como podcasts e vídeos, têm ganhado popularidade significativa visando atrair e engajar um público com demandas completamente diferentes.

Esse é o exemplo da Antofágica, editora que vem fazendo sucesso nos últimos anos pela reformulação de obras clássicas, investindo em novas formas de apresentar esses livros ao público. Nesse contexto, conforme ressalta Lívia Piccolo, apresentadora do canal do YouTube da editora, o investimento na mídia digital sempre foi uma prioridade.

“A Antofágica já surgiu com a ideia de ter um canal no YouTube, junto com a primeira publicação mesmo, na fase de brainstorm da empresa para ampliar o alcance na internet”.

Lívia Piccolo apresentando um vídeo no canal da Antofágica (Reprodução: YouTube)

Ao adotar essas tendências e começar a investir em conteúdos voltados para esses espaços, junto com a publicação de livros, as editoras demonstram estar atentas ao comportamento do público e às preferências de consumo atual, tornando-se mais relevantes no mercado e aumentando o seu engajamento.

“Produzir conteúdo digital faz com que a gente se comunique com as gerações mais jovens que estão muito conectadas e já nasceram nesse contexto. Então o conteúdo digital é como uma ponte para alcançar novos públicos”, destaca Lívia.

Com a expansão desses canais, as editoras podem disseminar o alcance de sua mensagem para além do meio impresso. Os podcasts e vídeos permitem que elas transmitam informações, histórias e conhecimentos de maneiras mais dinâmicas e envolventes, agregando valor à experiência e expandindo as discussões sobre o mercado livreiro.

Esses espaços oferecem uma oportunidade única de se conectarem diretamente com os consumidores, podendo fornecer uma perspectiva mais aprofundada e estimulando o interesse pela obra. Conseguem, deste modo, dar visibilidade e promover seus títulos enquanto estabelece uma relação mais próxima com o público, sendo uma ótima estratégia de marketing.

“Tem muita gente que porque está lá no YouTube acaba no canal da editora e em consequência passa a consumir os livros que a gente publica. Muitos chegam no canal pelos vídeos que fazemos de biografia de autores e aí acabam explorando os outros vídeos e nossas publicações”, diz Lívia.

Além disso, esses espaços oferecem uma forma acessível e conveniente de consumir conteúdo. Os usuários podem ouvir ou assistir enquanto estão em trânsito, em casa ou em qualquer lugar que desejem. Isso permite que as editoras expandam ao atingir um público maior, incluindo aqueles que talvez não tenham tempo ou interesse em ler um livro completo, mas se interessam por discussões que ele aborda.

“As marcas falam muito sobre criar comunidade, é importante saber quem são as pessoas que consomem o seu produto e o que elas gostam, então essa troca acaba sendo um termómetro para a editora pensar nas próximas publicações”, enfatiza.

Esse alcance permite que as editoras explorem diferentes formatos de conteúdo e nichos específicos, com resenhas de livros, entrevistas com autores, leituras dramatizadas, dicas de leitura e muito mais. Por exemplo, pode-se criar um podcast sobre literatura de ficção científica ou um canal no YouTube dedicado a análises de livros contemporâneos, atraindo um público altamente direcionado e engajado.

Isso se dá por promoverem uma maior interação e engajamento com o consumidor. Os ouvintes e espectadores podem deixar comentários, enviar perguntas e participar de discussões online. Essas interações criam um senso de comunidade em torno da “marca” e fortalecem os laços entre ela e seu público, resultando em maior fidelidade e envolvimento.

“As redes sociais surgiram com o propósito de promover a comunicação, às vezes a gente acaba esquecendo o lado “social” delas, mas é um espaço para ter trocas positivas, então a interação é muito importante”.

Ao diversificar seus canais de mídia, as editoras podem criar oportunidades de promoção cruzada entre diferentes formatos de conteúdo. Por exemplo, um podcast pode apresentar entrevistas com autores de livros recentemente lançados, incentivando os ouvintes a buscar mais informações e, eventualmente, adquirir as obras em formato impresso.

“Existem os vídeos de divulgação dos livros da editora, sobre os artistas que participaram e o conceito por trás da edição por exemplo [a Antofágica publica livros ilustrados, com tradução, artes e posfácios inéditos]. Já os outros são uma expansão do universo literário para alimentar o debate, trazemos isso com uma pesquisa mais aprofundada para complementar a experiência de leitura com pautas criativas e divertidas”, salienta Lívia.

Essas estratégias oferecem uma maneira eficaz de adaptar-se às demandas atuais e de prosperar em um mercado em constante evolução, demonstrando a importância de se adaptar para fluir em meio a esse mercado tão difícil de acessar e mais ainda de se manter relevante.

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