Os avanços tecnológicos devem ser vistos como aliados ou inimigos para o desenvolvimento humano?
Por Eshiley Lis Sousa
Por proporcionar diversas formas de aplicação e auxílio, o chatgpt e as novas inteligências artificiais geram repercussão sobre sua utilização apropriada e a produção acadêmica de forma ética.
O chatgpt é um algoritmo baseado em inteligência artificial criado por um laboratório de pesquisa em inteligência nos EUA chamado OpenAI e lançado em 30 de Novembro de 2022. O chat foi criado com foco em diálogos virtuais. Suas várias camadas permitem à plataforma uma pluralidade de aplicações em diversas áreas, provocando a atenção e fomentando debates entre especialistas sobre sua utilização ser a nova dualidade da sociedade e ética.
“A ética não está sobre a ferramenta, está sobre a pessoa que a utiliza. O chat pode ser usado para meios de produção lucrativos, gerar conteúdo para influenciadores, ser uma nova fonte de trabalho e autonomia. As IAs e o chat são uma ferramenta que pode e deve ser utilizada de diversas maneiras, a ética, responsabilidade e prudência está sobre a pessoa que a utilizará”, diz Valtencir Zucolotto, professor de Física da Universidade de São Paulo em São Carlos, coordenador do grupo de pesquisa GNano IFSP/USP e presidente da comissão do Portal da Escrita Científica da USP São Carlos.
O site está na sua fase Beta, não é a versão final do produto, mas apesar de apresentar falhas, essa tecnologia vem adquirindo atenção por sua capacidade de fornecer informações e responder perguntas de maneira precisa. Utilizando uma linguagem natural (NLP), o chat apresenta uma grande base de conhecimento e dialeto organizado por padrões de linguagem.
Visto como um facilitador do trabalho de autonomia pessoal, especialistas em tecnologia e especialistas em educação discutem sobre a produção de escrita do chat a partir do ponto de vista acadêmico. Quais suas formas de utilização, os riscos que ele pode trazer para a prática de ensino, ou se ele deve ser visto como aliado ou inimigo.
Os questionamentos abordam um viés pessimista de uma possível ameaça na forma de produção textual dos alunos, traçando perfis de que a escrita e trabalhos acadêmicos podem deixar de ser produzidos pelos discentes de forma autônoma, para um “copia e cola” do trabalho produzido pela IA.
Zucolotto esclarece que o chatgpt “é usado pelos profissionais, pelos cientistas e pelos alunos. A IA pode ser uma base, mas não a produção final. Seria muito pouco prudente confiar seu trabalho a uma ferramenta”.
Ele pontua que “o estudante, o aluno de graduação, pós-graduação, pós-doutorado, professores e cientistas têm que entender sobre aquilo que vão produzir, dominar o assunto, pois o texto gerado depende das informações de entrada, desta forma o texto formado pode ser bom ou ruim. Independente da utilização do chatgpt e do texto produzido por ele, é necessário uma edição”.
A repercussão do chat pode apontar para a possibilidade de falha na modelagem e aprendizado educacional, em áreas como criatividade humana, trabalho, segurança digital, entre outras, como explica o artigo publicado no jornal The New York Times. O impacto dessa ferramenta acarretou a abolição do chatgpt na cidade de Nova York, nas escolas e em dispositivos da rede pública.
“Não se pode afirmar que o chat vai gerar risco para o indivíduo que utiliza, ainda é tudo novo. Ainda vai haver inúmeras discussões a nível internacional, em vários fóruns sobre questões de autoria e questões de ética, isso tudo vai ser muito discutido, porque de fato as ferramentas estão aí e não há como proibir sua utilização, isso é atrasar os avanços”, diz o professor.
Ele explica ainda que é difícil prever se esta ferramenta vai substituir o pensar ou a criatividade. “É difícil. Quando você pede ao chatgpt dentro de uma temática e fornecimento de estudos, para sugerir projetos de pesquisa e estudos, surgem ideias interessantes. Então é difícil dizer se pode substituir, vejo que ele também pode ser benéfico e dar apoio. Portanto, há dualidade, pode substituir ou pode beneficiar”.
Os criadores da tecnologia, em sua declaração pública na Center for AI Safety (Centro de Segurança de Inteligência Artificial (Cais)) relatam que “mitigar o risco de extinção pela inteligência artificial deve ser uma prioridade global ao lado de outros riscos em escala social, como pandemias e guerra nuclear”.
Apesar do chatgpt ser lançado com o intuito de oferecer uma assistência para as necessidades humanas de maneira segura e benéfica, sua boa ou má utilização pela sociedade só será respondida através de discussões aprofundadas e pelo próprio tempo.
