A ocorrência de câncer colorretal cresceu de maneira significativa entre pessoas com menos de 50 anos nas últimas décadas. Estilo de vida e hábitos alimentares estão diretamente associados ao surgimento da doença.

Por Maria Cecília Gradin Itokagi 

Foto: Doutor Márcio Micheloni

A cantora Preta Gil, de 48 anos, por meio de suas redes sociais, compartilhou seu diagnóstico no início deste ano. Simony, cantora de 46, descobriu a doença em agosto do ano passado. Casos recentes como esses de grande impacto e comoção abriram espaço para a discussão sobre o tema e uma maior atenção para a prevenção.

No Brasil, esse tipo de tumor é o segundo que mais acomete a população. Um estudo divulgado pela American Cancer Society (ACS) aponta um crescimento dos casos da patologia na população mais jovem, antes comum entre aqueles na faixa etária acima de 55 anos.

Para Márcio Micheloni, médico gastroenterologista e especialista em endoscopia do Heab (Hospital Estadual Américo Brasiliense), nas últimas três décadas, para cada cinco pacientes com câncer de cólon, um tem idade abaixo dos 50 anos, sendo que antes a proporção era de um para cada 10. Entretanto, ele acredita que “essa curva não irá se inverter, o maior número de ocorrência ainda será acima dos 50, mas essa diferença está diminuindo um pouco”.

O câncer de cólon e reto caracteriza-se por ser assintomático a priori. “Na fase inicial, o câncer colorretal é uma doença silenciosa e na maioria das vezes não causa sintomas e nem sinais. Por isso a prevenção é muito importante”, afirma. 

De acordo com o especialista, os principais sintomas são sangramento nas fezes, dores abdominais fora do padrão, dores ao evacuar, alteração no hábito intestinal, perda de peso inexplicável e a anemia. 

É essencial que pessoas com mais de 50 anos façam exames regularmente para a detecção precoce e suas probabilidades de cura sejam altas. Márcio ressalta que a colonoscopia é fundamental para a biópsia e outros métodos como o exame de sangue oculto, ultrassom, ressonância podem direcionar o indivíduo para o exame principal e definitivo, a colonoscopia.

O tratamento pode variar de acordo com cada caso. Contudo, segundo Micheloni, o principal procedimento é a cirurgia. “Há também a radioterapia, a quimioterapia e a imunoterapia, sendo a última um método mais novo, no qual utiliza-se as próprias células do sistema imunológico do paciente para a cura”, disse.

“Na maioria dos casos, a  evolução de um câncer de cólon pode durar anos. Se o paciente conseguir diagnosticar precocemente o tumor, sua chance de cura será acima de 95%”, complementa. 

Conheça os fatores de risco do câncer de intestino de acordo com o médico

1. Obesidade

Essa condição está afetando cada vez mais cedo crianças e jovens, dobrando o risco do aparecimento da enfermidade. 

2. Alimentação

Nos últimos tempos, pessoas têm ingerido menos alimentos in natura e ricos em fibras. 

3. Sedentarismo

Pode estar ligado com a obesidade, tendo a atividade física como principal combatente. 

4. Tabagismo

 A população jovem está tendo contato mais cedo com o tabaco.

5. Bebida alcoólica 

Seu consumo eleva a probabilidade do surgimento do tumor. 

6. Aumento da idade

Há uma tendência maior em pessoas com mais de 50 anos. 

7. Doenças inflamatórias do intestino

Quem já tem uma doença inflamatória prévia, como Crohn, por exemplo, e a presença de pólipos, os chamados de pólipos adenomatosos, intensificam o risco na evolução dessas patologias.

8. Histórico familiar

Pessoas que apresentam familiares de primeiro grau que já tenham tido esse tipo de câncer agrava o risco, podendo dobrar ou até triplicar suas chances. Portanto, o fator genético influencia.

O que é o câncer?

Câncer é o termo utilizado para classificar um grupo de mais de 100 doenças caracterizadas pelo crescimento agressivo e desordenado de células anormais em tecidos e órgãos.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de intestino é um tumor maligno que se estabelece no intestino grosso, também chamado de cólon e reto. Ele quase sempre se desenvolve a partir de pólipos, lesões benignas que crescem na parede intestinal.

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