Como empresas tem lucrado em cima da nostalgia de seus consumidores
Por: João Felipe Reis Lobato
A tecnologia, presente na vida de quase toda população mundial, se tornou o maior lugar de entretenimento, sendo usada de forma massiva para o desenvolvimento de filmes, séries e jogos eletrônicos.

Entretanto, há uma barreira que essa inteligência toda não é capaz de passar: o processo criativo do homem perante seu mercado. Com uma sociedade que passa cada vez mais seu tempo ativo dentro de casa, e com a ascensão dos serviços de streaming e jogos virtuais, está sendo cada vez mais recorrente a execução de remasterizações e releituras de obras que já fizeram sucesso.
Recentemente, houve o lançamento de “Resident Evil 4”, esse jogo, disponível em plataformas digitais, nada mais é do que uma releitura do jogo que fez sucesso e fama em 2005 na época do Playstation 2. Esse remake obteve uma alta aprovação popular, o que instiga questionamentos do tipo: “não seria melhor as empresas destinarem esse processo em novas obras?”
Não há uma resposta exata, porém para Guilherme Yoshizaki, entusiasta do assunto e que passou sua vida estudando sobre os assuntos de tecnologia, as releituras não afetam a criação de novos jogos. “Não vejo que afete a produção de jogos novos de uma maneira significativa hoje em dia, pois são times de desenvolvedores diferentes que produzem os jogos”, afirma.
O lucro que é gerado pelas vendas geralmente são de saldo positivos, o que muitas vezes fazem com que o consumidor desconfie daquilo que está lhe sendo proposto. No mundo do cinema, estão em constante criação de “live-actions” que consiste em transformar animações em obras realistas. Esse ano, no primeiro semestre, foi lançado uma releitura do clássico da Disney, “A pequena sereia”, e em julho terá seu lançamento o filme “Barbie”, ambos os filmes tiveram muita repercussão quando anunciados. Porém, a ideia é a mesma, usar o que já foi feito para poder lucrar em cima de seu sucesso anterior.
Ao ser questionado sobre essa questão, Yoshizaki explica que “já teve casos que jogos clássicos foram lançados só para ganhar dinheiro, enquanto esses desenvolvedores poderiam estar produzindo algo mais significativo”.
Há inúmeros casos de novos filmes, jogos e séries sendo anunciados que estão sendo anunciados que possuem alguma conexão com uma grande saga. Em 2013, a empresa japonesa Square Enix lançou o jogo de Video-game, “Tomb Raider”, que dividiu opiniões, por tentar mostrar a história de forma diferente do original de 1996. E graças ao bom resultado de vendas, a Warner Bros lançou um filme em 2018 que serviria de um prólogo para os filmes de 2000. “Tomb Raider: A Origem” recebeu críticas abaixo do que se esperava para um filme de uma empresa grande e de uma saga renomada.
O principal ponto por trás da reciclagem que é feita pelas desenvolvedoras é o desperdício de potencial que é ocasionado por tentar receber lucro às custas do saudosismo do público alvo. Tanto no meio cinematográfico quanto no virtual/eletrônico, os mais premiados estão constantemente em desenvolvimento de novas produções, porém se tornaram escassas composições que não estejam na árvore do passado.
Nesse contexto, surgiram as empresas independentes, conhecidas popularmentes como empresas “indies”, que com um orçamento e investimento menor, estão realizando feitos que estão superando o monopólio da reutilização, em 2021, o jogo indie “Little Nightmares” superou jogos de empresas renomadas como Sony e Microsoft.

Em 2020, o filme parasita ganhou o prêmio de Melhor Filme Do Ano no Oscar, ganhando de filmes como 1917, Coringa e Era Uma Vez em Hollywood. Todos estavam sendo cotados como vencedores do prêmio.
Em suma, a revitalização desenfreada de jogos ou filmes que já fizeram sucesso outrora pode ser prejudicial para o público consumidor, enquanto o propósito for obter lucro às custas do consumidor. Porém, caso seja bem executado, uma remasterização pode extrair o que há de melhor das novas tecnologias e das novas possibilidades, e antro para criação de cada vez mais perspectivas referente a uma mesma obra.
