Repleto de referências, o rapper mineiro de 33 anos traz uma nova vertente do rap/funk brasileiro e promete inovar ainda mais em seu próximo disco.

Por Talita Mutti

“Meu próximo álbum é o meu melhor álbum até hoje.”, diz o cantor em suas redes sociais. (Foto: reprodução)

“Cria” das batalhas de MCs em Belo Horizonte, FBC começa a ascender na cena a partir de sua participação no grupo mineiro DV Tribo, com Djonga, Hot&Oreia, Clara Lima e Coyote. Utilizando uma rima mais voltada à crítica social, clipes não muito elaborados e apenas enfatizando a mensagem da lírica, DV Tribo representou o que é ser um artista independente no Brasil, e foi responsável por alavancar o rap mineiro na cena.

Abordando temas direcionados à comunidade, os componentes do DV possuíam personalidades marcantes que refletiam a realidade cotidiana do gueto. Episódios como “Diáspora” fizeram com que Fabrício e o grupo tivessem cada vez mais visibilidade do público que estava acostumado com o rap do eixo RJ-SP, furando então a bolha que limitava a ascensão de artistas independentes fora dessa região.

Segundo André Bernardo, redator do Portal Rap+ e diretor de marketing da produtora Rock Danger, é importante ver a cena do rap crescer em um contexto diferente do principal eixo, pois só assim é possível abrir espaço para uma nova musicalidade ou até mesmo um novo estilo proveniente do rap. Assim como é possível de se observar no trap nordestino, que vem ganhando cada vez mais força através de artistas como Matuê, WIU e entre outros.

Após o fim do grupo, FBC volta para sua carreira solo e lança discos de sucesso como “S.C.A” e “Padrim”, mas em 2021 o rapper apresenta um diferencial no seu último álbum, “BAILE”.

“Ele começou a caminhar para uma coisa mais retrô do rap. No último álbum, ele foi para uma batida bem Miami Bass, algo mais voltado para os anos 80 e 90, e ele tá se mantendo nessa pegada”, afirma André.

De maneira incontestável, Padrim e seu beatmaker ,VHOOR, alcançam diversos tipos de público com o ritmo de “BAILE”, usando como referência o “funk de passinho”, que já era consumido na região em que viviam, e atrelado também à lírica cheia de significado e uma personalidade crítica, marca registrada do artista.

Além disso, no decorrer das faixas, Fabrício busca contar a história de um protagonista chamado “Paulinho, falador”, que é exposto à diversas situações delicadas, desde desilusões amorosas em “Delírios”, até a bandidagem em “Eu Sou o Crime”.

A principal faixa do álbum, “Se tá solteira”, viraliza nas redes sociais e faz com que o rapper reaproxime a cultura do rap e funk em uníssono, algo que já havia se perdido com o tempo devido ao diferente tipo de mensagem passada na música, e a discrepância do público consumidor.

Mas “diferente do resto da cena, que só tem como referência o Trap americano de 2010 pra cá, o FBC estuda outras formas para compor suas músicas, ele sai daquele mais do mesmo”, complementa André. E “além de trazer à tona essa junção, FBC se faz bastante influente na cena nacional a partir do momento que começa a se tornar a cara desse ‘novo estilo’ aqui no Brasil”. Após o sucesso de “BAILE”, ele e VHOOR recebem a placa de disco de ouro, em comemoração aos 26 milhões de execuções do álbum.

Capa do disco “BAILE” (Foto: reprodução)

O compositor também vem mostrando que continua atrás de diferentes referências para compor suas próximas faixas, desde música eletrônica até mesmo o jazz. “Há uma expectativa bem grande nesse trabalho dele que ele vem desenvolvendo sozinho, e o pessoal vai se chocar com essa nova musicalidade do próprio Miami Bass […], mas eu tenho a expectativa que ele vai trazer algo novo, também espero ainda um Afrobeat”, diz André.

Como artista independente, Fabrício enfrentou a falta de suporte financeiro e técnico, visto que ”quem vem de baixa não tem dinheiro para investir em uma produção de clipe boa não consegue pagar um produtor com experiência ou então não sabe basicamente nada de marketing, só postam o vídeo com a musica Youtube, e não sabem o quanto isso prejudica a carreira total do artista”, afirma André. Mas mesmo com tais obstáculos, FBC constrói sua carreira e entra na indústria musical se apoiando na própria arte, sem desvirtuar sua essência que é o rap de comunidade.

Nos últimos dias, o artista vem fazendo uma propaganda em massa do seu próximo álbum através de suas redes sociais, principalmente pelo Twitter. Diferente dos últimos discos, FBC diz que não conta com a presença de VHOOR, e que talvez até haja um “BAILE 2”, mas apenas em 2024. Por fim, confirma a data do novo single “Químico Amor” para o dia 23/06, e afirma que considera o próximo álbum como “seu favorito, e o melhor que já fez”.

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