Vencedor do Oscar em 2019, Homem Aranha: Através do Aranhaverso estreia hoje nos cinemas de todo país.
Por Marina Merli
No primeiro filme, somos apresentados a Miles Morales, um jovem negro do Brooklyn, que após ser atingido por uma teia radioativa se torna o Homem-Aranha, inspirado no legado do já falecido Peter Parker.
Entretanto, ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, ele é surpreendido com a presença do próprio Peter, vestindo o traje do herói por baixo de um sobretudo. A surpresa fica ainda maior quando Miles descobre que ele veio de uma dimensão paralela, assim como outras versões do Homem-Aranha.
O primeiro filme de uma trilogia que terá seu final em 2024, Aranhaverso tinha a vantagem do inesperado, agora seu sucessor precisa mostrar que está a altura de seu antecessor que foi vencedor do Oscar em 2019 na categoria de ‘Melhor Animação’.
Neste novo capítulo, as aventuras do protagonista Miles continuam. Depois de se reunir com Gwen Stacy, o amigão da vizinhança do Brooklyn, Homem-Aranha é jogado através do multiverso, onde ele encontra uma nova equipe de Pessoas-Aranha com o dever de proteger a existência do multiverso. Mas, quando os heróis entram em conflito sobre como agir em relação a uma nova ameaça, Miles se vê confrontando os outros Aranhas e precisa repensar o que significa ser um herói para salvar as pessoas que mais ama.

Miles Morales em cena de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ — Foto: Google Imagens
De fato, a Sony Pictures Animations Studios teve um cuidado muito grande ao produzir ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’, tanto que foi um sucesso de público e crítica. Segundo o Rotten Tomatoes, teve a aprovação de 97% da crítica e 93% da aclamação do público. Trouxe com êxito inovações que inclusive são questionamentos que permeiam os fãs em relação a continuação.
“Eu não gosto e nem costumo pensar muito em inovações a respeito de lançamentos. A tentativa deliberada de inovar às vezes traz resultados desagradáveis. Mas acho que no caso desse filme pode-se pensar, não que ele inova em algo narrativamente, mas sim que traz um frescor a essa leva de filmes de super-heróis, especialmente os do MCU (do qual esse Homem-Aranha, até onde sei, não faz parte), diz Miguel Fernandes, estudante de Rádio, TV e Internet da Unesp e produtor de conteúdo relacionado a cinema.
Ele explica também que “o filme foge de alguns lugares-comuns dos demais filmes da Marvel: ele evita certas formas de alívio cômico fácil, evita certas sacadinhas, tem um humor muito mais espontâneo (e não formulado, no sentido de pertencer a uma fórmula já antes testada muitas vezes nos outros filmes da Marvel) e sabe, quando quer, construir um drama interessante, em que nos interessamos de fato pelos personagens – o que, no meu caso, não ocorre com dos outros filmes”.
Mais do que apenas as inovações trazidas, vale ressaltar os acertos técnicos, o visual que de forma clara a animação remete a uma história em quadrinhos, tanto pelas montagens dos planos, como nas onomatopeias utilizadas. Mas não só o visual, mas a mixagem de sons e sua trilha sonora precisam estar à altura.
“Do som eu não me lembro de muita coisa, mas de fato o aspecto visual me agrada bastante e me parece um grande atrativo do filme. A trilha-sonora é muito boa, mas digo isso de um ponto de vista “extra-fílmico”. Verificar como ela atua no drama e no universo interno do filme exigiria que eu revisitasse o filme. Quanto às inovações, retomo o que eu disse no tópico 2”, ressalta Miguel.
Mas além de roteiro, mixagem de som e trilha sonora é necessário personagens que cativam o público, que enriqueçam ainda mais a experiência a tornando única.
O Homem-Aranha foi criado em 1926, por Stan Lee e Steve Ditko que teve sua primeira aparição na Amazing Fantasy n.º 15. O herói ganhou milhares de versões, em filmes, jogos e nas próprias HQs.
“O Homem Aranha parte muito da ideia de que qualquer um pode ser como ele e fazer a diferença, foi um dos motivos no qual o Stan Lee fez com que o uniforme cobrisse todo o corpo do herói, assim independente da pessoa, ela poderia se identificar com o Homem Aranha. Esse filme implica muito nesse sentido, o Miles é uma personagem carismática e identificável. Apesar dele não ter pedido para ser o Homem Aranha, ele tem um ótimo desenvolvimento na narrativa. Você acaba entendendo o medo e as dificuldades que ele encontra, assim como elas apenas chegam na vida do Miles, as dificuldades chegam às nossas”, diz Francisco Lima, fã do herói. Ele acredita que esse filme faz um ótimo trabalho contribuindo para o arquétipo de heroísmo do cabeça de teia.

Miles Morales e ‘Mancha’ em cena de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ — Foto: Google Imagens
Homem-Aranha Através do Aranhaverso, foi esperado desde quando foi anunciado, se especulou muito entre os fãs em questões de teorias da abrangência desse ‘multiverso’ criado pelos produtores da Sony.
“Minha única expectativa é que seja um filme positivamente diferente dos outros filmes Marvel dos últimos anos. Desses eu não gosto. No Multiverso do MCU? Espero que não, para ser sincero. Espero que ele fique à parte. Mas com certeza haverá coisas novas no Aranhaverso, como no primeiro filme”, pontua Miguel.
“Tenho muitas expectativas para a sequência, pelo que vi até então ele não decepciona o original e parece fazer jus de uma sequência, adicionar ao original”, diz o fã do herói empolgado.
De fato, não há como dizer que o “cabeça de teia”, apelidado assim de forma carinhosa pelos fãs, não é um marco da cultura pop. Seu legado ainda está sendo construído e durante toda a jornada, nós acompanhamos o Homem-Aranha, sua busca pela sua identidade, pelo seu papel e por um lugar que ele ainda não conhece mas que busca se encaixar, como a maioria dos heróis, o Homem-Aranha tem seus dilemas, lutas internas e suas reflexões pessoais sobre o que ele quer ser e se ele está preparado ou não para conseguir isso.
Mas o ponto principal é: mostrar ao espectador que o Homem-Aranha não é alguém simplesmente forte ou extraordinário por natureza, mas alguém que assim como nós teve que lidar com muitos desafios e problemas, com incertezas e medos na sua jornada, mas que mesmo assim não desistiu, o ápice não são as lutas em termos físicos da pessoa que está por baixo do traje, mas sim a luta interna e seu grandioso ‘salto de fé’ a essa realidade que ainda não se sente 100% confortável, mas que se sente pronto para poder enfrentá-la.
Agora o que resta é ir ao cinema e descobrir se ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ honra o legado de seu antecessor e o grandiosíssimo legado construído por Stan Lee.

Miles Morales e Gwen Stacy em cena de ‘Homem-Aranha: Através do Aranhaverso’ — Foto: Google Imagens
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