A crescente onda dos podcasts tem conquistado uma grande massa de ouvintes das plataformas de mídias digitais e, aos poucos, se estabelecido como um must-do daqueles que consomem estes conteúdos diariamente

por Julia Almeida

[Imagem: Divulgação]

Acessibilidade, expectativas supridas e encaixe nos afazeres do dia a dia são alguns dos fatores que explicam o alcance desse fenômeno: sejam jovens, mais velhos, amantes de fofoca, cultura pop ou esportes.

“Os podcasts são muito nichados, então as pessoas vão direto no que elas querem. Eu, por exemplo, gosto muito de esporte, então minha tendência é de ouvir conteúdos voltados pra isso. É literalmente jogar ‘esporte’ na busca do spotify e filtrar programas e podcasts que eu encontro vários conteúdos ali”, comenta Julia Sartori, estudante do segundo ano de Jornalismo na Universidade Estadual Paulista (UNESP) e diretora geral da RUV, produtora de podcasts na Universidade Estadual Paulista de Bauru.

Uma vez que podem ser ouvidos de qualquer lugar, em qualquer plataforma e dispositivo, é fácil apontar a acessibilidade como principal fator quando se fala sobre esse tipo de conteúdo. Comparado ao youtube, por exemplo, o tempo usado para assistir um programa de 40 minutos se torna mais produtivo quando você possui a opção de ouvir exatamente a mesma coisa enquanto realiza outras tarefas, sem necessariamente perder uma parte importante do que foi dito. E se perder, basta um clique para ouvir novamente.

Talvez seja o que o torna tão diferente e atrativo quando colocado ao lado do rádio, que, ao contrário do que dizem, não está morto, mas perde pontos por não trazer a exatidão que os ouvintes procuram, seja de temas ou de pontualidade, já que não é nada agradável querer ouvir seu programa preferido, perceber que perdeu o horário por ficar até tarde no trabalho e precisar esperar até a semana seguinte para ouvi-lo novamente.

Julia aponta que, atualmente, a programação de rádio mais consumida é a musical. “Eu não vejo o rádio parando de existir, mas vejo uma tendência maior aos podcasts (de ocupar o espaço que o rádio ocupava antes)”, afirma.

Além da prontidão em questões temporais, há ainda o elemento irresistível conhecido como nicho. A gama de conteúdos é extensa e se existe uma garantia, é a de que alguém vai falar sobre o seu tema preferido, esteja ele saturado ou isolado no rolê.

Abordando temas sobre filmes, séries, história e vivências pessoais, os podcasts se deparam com um grande impulso positivo, já que não possuem limitações e regras; basta um tópico, um bom microfone, uma acústica legal e voilà! Nasce uma nova obra nesse meio midiático.

Não só consumi-los se mostra tentador, mas também produzi-los, dada a ausência de complicações técnicas e comunicativas.  Sendo assim, qual caminho deve-se seguir para conquistar um público fiel que goste do seu conteúdo e se identifique com ele, considerando que essa ascensão significa também que muitos estão tentando se introduzir nesse mercado?

Para a diretora geral da RUV, prezar pela qualidade é essencial. “O que seu conteúdo tem a oferecer pra não ser algo tão fútil? É preciso se atentar aos mínimos detalhes como seu processo de edição, fazer as gravações em locais apropriado. Acho que prezar pela qualidade em todas as etapas da criação do produto final”.

Vale ressaltar que, ainda que possa ser feito facilmente por qualquer pessoa, o podcast exige esforço, dedicação e comprometimento. Produtoras como a RUV passam por um processo denso de captação e estudo de pautas, desenvolvimento de roteiros e pontualidade.

“O foco dos programas de esporte é o debate, a mesa redonda. Então a gente assiste a rodada da semana e do final de semana. O roteiro tem que ser feito rápido porque a gente trabalha com pautas muito quentes, então pra não ocorrer de esfriar, se a rodada acaba oito horas, o roteiro precisa ser produzido nesse horário”, explica Julia, quanto ao processo de produção da RUV podcasts.

Ela aponta ainda a necessidade de estar atualizado e se planejar quando o assunto é entretenimento. “Nesse mês de junho a gente tá produzindo uma parceria do Pipoca Cabeça com o Floreios e Borrões pra falar de comédias românticas clichês porque tem tudo a ver com o mês dos namorados. A gente já teve especial de Halloween, especial de Natal. Às vezes lança um filme, uma série que é muito falada e a gente aproveita a temática para o programa”, conclui. Este empenho dos produtores em trazer a atualidade é o que faz com que os podcasts sejam tão queridos pelos brasileiros e ao redor do mundo.

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