Técnicos que atuam no agronegócio contam suas experiências sobre os desafios cotidianos no início da carreira
Por Giovanna Pasquetto

O mercado de trabalho muda continuamente, ficando cada vez mais acirrado e competitivo, com mais exigências em busca de um padrão de excelência que, muitas vezes, nem os patrões possuem. Uma solução pode estar nos cursos técnico-profissionalizantes, cujo objetivo principal é formar pessoas aptas para o mercado de trabalho, os famosos técnicos. Mas estes novos profissionais são bem recepcionados no mercado de trabalho? Eles se sentem preparados para exercer aquilo no qual se formaram?
“Sair preparado é algo muito relativo, nunca iremos saber de tudo 100%, e está tudo bem, tudo é uma questão de aprendizado constante, mas graças aos meus professores e a minha família que vem desse ramo eu sempre tenho a quem recorrer quando tenho alguma dúvida, então, sinto que saí preparada na medida do possível!”, afirma Evelyn Broisler, técnica em Agropecuária e técnica/auxiliar em Veterinária.
Formada há apenas cinco meses em Técnica Agropecuária, Emily Eduarda relata que não se sentiu totalmente preparada após o curso. “Me senti 70% preparada, pois dois anos dos meus estudos foram os anos de pandemia, sinto que isso me atrapalhou muito na minha formação”, diz.
Mas a pandemia não foi a única problemática visível no momento em que esses profissionais foram postos no mercado de trabalho. “Hoje, a maioria dos trabalhos são por indicação, mas existe um preconceito sim, pois os patrões preferem alguém que já tenha experiência, mesmo que possua diploma ou não. O que mais pesa e nos dá mais oportunidades, é o tempo de experiência na área”, comenta Emily, sobre a existência de algum preconceito no meio rural e sobre a relevância de indicações. “Hoje em dia você se esforçar te traz uma boa recompensa, mas ter boas indicações e contatos de renome aumentam as suas chances em pelo menos 70%”, complementa Evelyn.
Ela conta que outra dificuldade enfrentada foi pelo fato de ser mulher num universo que tradicionalmente é masculino. “Creio que para mim, a maior dificuldade seja ainda por conta do gênero. Felizmente não de uma forma generalizada, porém ainda se encontra muito preconceito contra as mulheres que atuam no ramo da pecuária, que é onde eu me encontro atualmente”.
Evelyn conta que, “muitas vezes por conta da idade ou pelo fato de ser mulher, te julgam como incapaz mesmo, apesar de todo o esforço ou resultados de seus projetos, julgam na maioria das vezes como “sorte” ou “tacada de principiante”. Portanto, seguimos na luta contra esses tabus e fazendo sempre questão de mostrar que somos tão capazes quanto, e confesso que, modéstia a parte, somos até mais!”, conclui.
Desde sua experiência até seu gênero, nada escapa de uma questão a mais na hora de iniciar sua atuação no mercado. Apesar dos conhecimentos práticos e teóricos adquiridos, apesar da desenvoltura e do rápido aprendizado, os conceitos estabelecidos muito antes de nós ainda são empecilhos para quem almeja se iniciar no mercado de trabalho e crescer profissionalmente. Afinal, o “x” da questão não reside apenas nos profissionais, mas no ambiente de trabalho.
