Buraco negro M87 tem sua foto mais nítida e melhorada por meio de um programa de inteligência artificial desenvolvida pela astrofísica brasileira Lia Medeiros.

Por Maria Cecília Gradin Itokagi

Foto de buraco negro é aperfeiçoada através de um programa de inteligência artificial. A nova imagem foi divulgada ao público no dia 13 de abril pela EHT -Event Horizon Telescope-, projeto que envolve uma rede de radiotelescópios ao redor da Terra. A conquista foi possível graças à participação fundamental de Lia Medeiros. Esse fenômeno astronômico está localizado no centro da Galáxia Messier 87, a cerca de 55 milhões de anos-luz da Via Láctea. Sua massa é 6,5 bilhões de vezes maior que a do Sol.

Após décadas de pesquisas e simulações feitas pelo computador, a primeira fotografia do buraco negro M87 foi divulgada em abril de 2019 em uma Conferência em Bruxelas. A imagem até então borrada e pouco nítida teve sua aparência reconstruída. A mesma passou por um reprocessamento no conjunto de dados capturados pelo EHT em 2017 com ajuda de algoritmos. A técnica usada é chamada PRIMO. Esse trabalho possibilitou uma nova versão do buraco negro melhorada e mais precisa.

Os buracos negros são corpos astronômicos que possuem densidade infinita dotados de um campo gravitacional intenso o suficiente para atrair qualquer matéria sem chance de escape, inclusive a própria luz. Essas entidades celestes são oriundas de um colapso gravitacional de estrelas massivas.

Análise a respeito do buraco negro M87 após a divulgação da imagem melhorada comparada com a primeira de 2019

A atual imagem captada do buraco negro apresenta detalhes que antes não eram possíveis de serem notados no registro divulgado em 2019.

Maria Conceição Barbosa dos Santos, professora de matemática, física e química e proprietária do curso Maquifísica, com vasta experiência na preparação de alunos para concursos e vestibulares, pontua alguns detalhes relevantes a serem observados.

“Na primeira vez que se fotografou o M87, vemos uma auréola bem larga ao redor de uma região onde se acreditava que era um buraco negro. Hoje essa área ficou mais nítida e menos espessa”, disse a docente.

De acordo com a professora, “na foto divulgada recentemente, percebemos uma auréola estreita e tudo que ultrapassar essa região vai ser sugado para dentro por esse corpo massivo como se fosse um funil em um movimento elíptico “.

A importância da foto do buraco negro para a Ciência

A imagem desse corpo celeste comprova a veracidade desse fenômeno tão especulado há décadas. Segundo a educadora,“ além de comprovar a existência do buraco negro, também revela a região chamada de horizonte negro – zona limite onde qualquer corpo que ultrapasse essa camada é capturado”, afirma.

Esse misterioso objeto astronômico desperta inúmeras dúvidas em razão da sua aparência curiosa. A professora Conceição explica que “hoje não tem a chance da Terra ser sugada por um buraco negro, não existe nenhum corpo que esteja tão próximo capaz de engolir o nosso planeta”.

Fotografia de buraco negro comprova a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein

Publicada em 1915, a Teoria da Relatividade Geral, formulada pelo físico alemão Albert Einstein, gira em torno da ideia do encurvamento do espaço-tempo na presença de matéria e gravidade.

A imagem capturada simboliza um grande avanço para a Ciência, pois reforça essa teoria de maneira clara. Segundo o professor e astrofísico, Arnaldo Bohn Nobre – conhecido como Thunder- do Einsteinmania, “ massas, matérias e corpos modificam, deformam o espaço de tal maneira que quanto maior a massa, maior a deformação. Quando se há um buraco negro, a massa da mesma tende ao infinito quando comparada com da Terra. Então a alteração causada por esse fenômeno é a máxima possível no espaço. E é isso que se percebe ao vermos a foto’’.

Para o professor de Física, “a contribuição da descoberta desse objeto astronômico é justamente a percepção clara e bem objetiva da curvatura do espaço. Ao observá-la com tanta precisão comparada com a antiga, percebemos um conjunto de ondas eletromagnéticas deformadas e polarizadas, mostrando o encurvamento grande do espaço-tempo, o que indica que a Teoria da Relatividade Geral de 1915 é consistente”.

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