Atualmente fazendo espetáculos em Bauru, Circo Las Vegas aproveita as vantagens da tecnologia para se reinventar

Por Lucas Bersi

“Espinha de peixe”. Era assim que os personagens do filme Bye Bye Brasil, donos de um circo, chamavam as antenas de televisão, novidade na época. O filme, de 1979, conta a história de Salomé, Lorde Cigano e Andorinha, três artistas circenses que cruzam o país com a Caravana Rolidei, fazendo espetáculos.

Mas com a popularização da televisão, o circo deles foi perdendo cada vez mais espaço na sociedade, fazendo com que eles avançassem apenas para o setor mais humilde da população brasileira e que ainda não tinha acesso à televisão.

Será que o circo passa por situações similares nos tempos atuais?

O circo, desde sempre, teve a necessidade de transformações, mas hoje em dia, principalmente com a ampliação da tecnologia que tem tomado cada vez mais espaço na sociedade, os circenses têm que viver em constante mudança para sobreviver.

“Antigamente, você via muito o jovem vir pro circo, a criança pedindo pra mãe levar. Hoje em dia, são mais os pais que querem trazer o filho, justamente por conta dos aparelhos celulares e computadores”, diz Ítalo Camargo, multi-artista do Circo Las Vegas, que está com espetáculos em Bauru. “A criança está inserida mais no celular, não tem mais tanto aquele encanto pelo circo como antigamente”, complementa Bruna Fernandez, artista da lira acrobática.

É claro que o circo e todos que dependem deste espetáculo sofrem com esse apego ao celular, ao computador, às redes sociais e à internet de modo geral. Ítalo explica que a pandemia de Covid gerou uma grave crise na arte do circo.

“A pandemia afetou tanto os circos grandes quanto os pequenos, pois na cidade o pessoal teve um seguro por estarem registrados em carteira, mas no circo não, não possuimos registro, nós trabalhamos por gostar. Quando entrou a pandemia, não havia seguro nenhum, os artistas não podiam vir trabalhar, então nós tivemos que arrumar um jeito. Muitos foram vender brinquedos no semáforo, venderam biscoitos, outros de servente em obra, cada um foi fazer o que dava. Além de todo material ficar parado por dois anos, fez com que a lona ressecasse, os ferros enferrujassem, os motores travarem, e outros problemas estruturais”, afirma.

Após três anos, a OMS (Organização Mundial da Saúde) no dia 05/05/2023, declarou o fim da Emergência de Saúde Pública da pandemia da Covid-19 em todo o planeta. Mas depois de tanto tempo dependendo da tecnologia para sobreviver e com ela tomando tanto espaço em nossa vida, fica impossível se desvincular dela.

A única opção que o circo teve foi se adaptar a essas tecnologias. “O Circo tem se reinventado em termos de sonorização, iluminação, figurino, e também em espetáculo, trazendo o show infantil com personagens em alta na mídia, e outras atrações novas. Mas claro, mantendo a tradição do palco, palhaço, trapezista, malabarista, entre outras atrações tradicionais”, fala Marcelo Pereira, representante do circo Las Vegas.

No entanto, as tecnologias não melhoram apenas o show para os espectadores do circo, mas também, para os artistas circenses, que conseguem se desenvolver profissionalmente no âmbito do circo. “A tecnologia me ajudou muito, me ajudou a me levantar e progredir como artista. Eu aprendi muito no YouTube, treinando com os vídeos de outros palhaços que eu não conheço pelo mundo. Graças à tecnologia, eu aprendi muito e o circo também, isso deu a oportunidade do circo melhorar bastante”, diz Antonio, mais conhecido como palhaço Pumpum, uma das grandes atrações do circo.

“O circo tem que acompanhar a modernidade, mas sempre mantendo a tradição. Não é fácil, mas o que nos move é muito amor no coração e força de vontade”, afirma Marcelo.

A magia do circo é inigualável, faz você se sentir criança novamente e traz esse brilho para a juventude e a infância. Dentro do espetáculo, você gargalha com os palhaços, se impressiona com os malabaristas, e fica tenso com os acrobatas, trapezistas e claro, o globo da morte. Um mix de sentimentos que só o circo pode te proporcionar. Além de todo visual e estética proporcionado pelas altas tecnologias que o circo têm, um show de luzes e sons que se mesclam com o espetáculo. Certamente, um lugar mágico, que nunca perderá sua luz.

Circo Las Vegas

Av. Nuno de Assis, próximo ao fórum

Seg à sex: 20h

Sáb, dom e feriados: 16h / 18h / 20h

Criança: R$10

Adulto: R$20

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