O Aniversário de uma das obras mais importantes da história da música revela a influência de um disco inovador que alcançou o sucesso comercial
Por Pedro Henrique Vogt

No dia 1º de Março de 1973, chegava às lojas o oitavo LP de estúdio da banda de rock britânica Pink Floyd. O disco inaugurava o que é considerada a fase mais prolífica da banda, que definia neste álbum sua nova sonoridade, que até então ainda se adaptava à saída de seu primeiro compositor, Syd Barret em 1968.
Além dos tradicionais instrumentos do rock and roll, o disco conta com sons de objetos como relógios, caixas registradoras, batimentos cardíacos, e um forte uso de sintetizadores (instrumento ainda vanguardista), os quais guiam o ouvinte por dez faixas interconectadas de modo que os seus 42 minutos de duração soem como uma única música.
“Transmite uma mensagem inteira, como se fosse uma história nesse disco, além dele ser ridiculamente bem produzido e isso já é uma diferença muito grande. Ele não é muito claro, mas é uma história que está intrinsecamente ligada ali, tentando contar a trajetória de vida de um ser humano, desde o nascimento até a morte e isso eu acho bem inovador”, afirma o tecladista da banda cover Carbon-Pink Floyd, Danilo Oliveira.

O músico mostra como a qualidade de uma gravação com meio século de idade, ainda é destaque devido ao sistema de som usado. “O Dark Side of the Moon foi um disco que foi gravado lá no Abbey Road, o famoso estúdio onde os Beatles e várias outras bandas gravaram, eles usaram um sistema de multipista que era uma coisa pouco usada na época, onde você gravava um instrumento em um momento, outro instrumento no outro e depois juntava tudo, antigamente as gravações não eram assim”, explica Danilo. “O sistema é tão impressionante que muita equipe técnica usa para testar o som, porque ele é muito bem mixado mesmo”, completa.
O disco alcançou um absoluto sucesso crítico e comercial. Estima–se que as vendas do álbum atingiram cerca de 30 milhões de cópias, sendo um dos discos mais vendidos da história, permanecendo por mais de 700 semanas na parada da Billboard, impactando completamente a carreira do grupo. “Tiveram que construir uma fábrica inteira só pra fazer esse disco, então imagina o peso que não é lançar os próximos? Depois veio o Wish you were Here, que é uma homenagem ao Syd Barret, ele é tão genial quanto, mas é mais nessa pegada de homenagem, então você vê que de algo monumental, foi pra algo mais intimista mas sem deixar de ser grandioso”, explica.
Vale ressaltar que diversos confrontos surgiram entre os membros da banda nos anos seguintes devido ao fato do baixista e compositor, Roger Waters, começar a assumir cada vez mais o controle criativo do grupo. “O Dark Side foi muito grande pra eles, só que os caras foram muito geniais e conseguiram segurar o rojão, porque olha essa sequência: Dark Side, Wish you were Here, Animals e o The Wall, ali do Animals pro The Wall o domínio era completamente do Roger Waters não tem como tirar isso dele, todo fã ama esses discos mas é outra pegada”, diz o tecladista.
O impacto que o The Dark Side of the Moon deixou para a música mundial, desde então, é incontável, e vai desde o rock progressivo até o gênero eletrônico. Um grupo de sucesso que não esconde sua admiração é o Dream Theater, que chegou a fazer um show onde tocava o disco inteiro na íntegra. “Todo o pessoal de hoje até a década de 70 ouviu esse disco, ele não é o mais vendido a toa, se ele é o mais vendido é porque muita gente ouviu e dentre esses vários músicos, se tem banda famosa aí, ou banda pequena todo mundo acaba sendo influenciado por esse álbum, ele é realmente poderoso desse jeito mesmo”, conta Danilo Oliveira.

O aniversário contou com o lançamento de versões remasterizadas, uma gravação de um show no Wembley Empire Pool em 1974, e a publicação de um livro com fotos inéditas do Pink Floyd durante o período.
Roger Waters, que hoje atua em carreira solo, está produzindo um novo álbum com regravações das músicas para homenagear o seu antigo trabalho e irá atualizar certas letras para a situação política atual. Esse fato gerou controvérsias entre alguns fãs nas redes, por excluir as contribuições dos outros membros da banda. Ainda não se sabe se esse novo projeto poderá ser lançado.
