Japão enfrenta queda na natalidade por questões de saúde e aumento de mulheres no mercado de trabalho
Por Vivian Eduarda de Oliveira Ferreira
Nos últimos cinco anos, o Japão vem enfrentando um significativo declínio em sua população, provocado por dois fatores: diminuição da taxa de natalidade e aumento considerável do número de óbitos.
País com a população mais velha do mundo, o Japão registrou em 2022 apenas 800 mil nascimentos, sendo que na década de 1970 este número ultrapassou os 2 milhões.
Ao mesmo tempo, o aumento das mulheres no mercado de trabalho tem contribuído para a queda da natalidade. Mirisa Kakuichi de Oliveira, que morou no Japão até 2003, e hoje é funcionária pública na Prefeitura de Mirandópólis, conta que quando perguntava para suas amigas, porque elas não pensavam em ter filhos, a resposta era uma só: “filho significa abrir mão do trabalho”.

Sendo assim, elas “não conseguiriam conciliar os cuidados com a criança e a profissão, pois é muito difícil os homens ajudarem na criação dos filhos”.
Outro grande fator para este problema vem sendo a saúde física e mental que, com a Covid 19, juntamente a outras doenças, fez com que o número de mortes no país fosse quase o dobro dos nascimentos.
Mirisa ressalta ainda que o Japão possui um alto índice de suicídio. “Acredito que seja devido a pressão social e cultural. O Japão possui uma cultura com exigências rígidas em relação ao desempenho acadêmico, profissional e pessoal”, diz. “Isso gera altos níveis de estresse, ansiedade e depressão, especialmente entre estudantes e trabalhadores. E há também a questão do bullying nas escolas”.
Sendo assim, a constante queda de nascimentos gerou o envelhecimento da população, que impactou o país com a falta de mão de obra, estagnando a economia. E esta situação tende a se agravar por possuir uma imigração muito restrita.
Para reverter estes problemas, o governo tem proposto o aumento de empréstimos para a primeira infância, a melhora no salário dos jovens e a redução no custo dos estudos, com o objetivo de incentivar os casais a terem filhos. A ideia é alcançar uma taxa de 1.8 nos nascimentos para cada mulher nos próximos anos. Com isso, o país espera que sua população volte a crescer.
