A música brasileira perdeu em 08 de maio uma das mais importantes cantoras e compositoras do país, cujas canções marcaram a vida de muitas pessoas.
Por Lara Fagundes

Capa do livro Rita Lee: outra autobiografia (Foto: Editora Globo Livros)
No dia 22 de maio de 2023, o segundo livro de Rita Lee, intitulado de “Rita Lee: Outra Autobiografia” entrou oficialmente nas livrarias de todo o país pela editora Globo e se tornou o mais vendido da Amazon na última semana.
Seu primeiro livro, chamado “Rita Lee: Uma Autobiografia”, foi lançado em 2016 pela mesma editora. Na sinopse do livro mais recente, a cantora relatou que escreveu sua primeira autobiografia como uma “despedida da persona ritalee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”.
Agora, no livro de 2023, ela escreveu sobre seus últimos anos de vida, mas em ambas as obras, Rita falou muito abertamente sobre suas experiências. “É chocante, engraçado, informativo, necessário… Rita conseguiu colocar toda sua essência”, disse Daniel Fernandes, administrador da página do instagram “Baú Rita Lee”, em entrevista para o Jornal Contexto. Daniel contou também que tem o objetivo de preservar a obra da cantora por meio de suas redes. “Desde pequeno sempre vi Rita Lee em todos os lugares, revistas, jornais, televisão, a primeira música que me impactou foi ‘Agora só falta você’, do disco ‘Fruto Proibido’, por causa da genialidade da letra”.
As músicas de Rita Lee marcaram a vida de muitas pessoas, por isso ela se tornou um nome tão marcante no rock nacional. Seu legado será preservado “através das mudanças que ela provocou na sociedade, de suas canções que estão gravadas na memória do povo brasileiro, e através das centenas de artistas que bebem na fonte e são influenciados por sua obra”, como disse Fernandes.

Rita Lee durante gravação, exibido na Globo em 1979 (Foto: Nelson Di Rago)
Com a morte de um ícone da música, que ocorreu no dia 8 de maio de 2023, em São Paulo, em sua própria residência, o país entrou em luto. Em suas redes sociais, o atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva, disse que “Rita ajudou a transformar a música brasileira com sua criatividade e ousadia. Não poupava ninguém com o seu humor e eloquência. Enfrentou o machismo na vida e na música e inspirou gerações de mulheres no rock e na arte”.
Rita Lee Jones entrou para o mundo da música nos anos 60, na época do Tropicalismo, com “Os Mutantes”. Depois de sair da banda por causa de algumas intrigas entre os membros, começou a focar somente em sua carreira solo, esta que durou mais de 50 anos e que a tornou a tão conhecida rainha do rock nacional. Um título tão grande que sempre vai existir na memória dos brasileiros, mas que ela julgava inapropriado, preferia algo com que se identificava mais, como “a Padroeira da Liberdade”, pois era isso que ela mais defendia e acreditava: a liberdade.
Daniel Fernandes escolheu justamente essa palavra para descrever a cantora que “durante toda sua vida lutou pela liberdade, a liberdade da mulher ao falar do prazer feminino em suas canções e ir totalmente contra uma sociedade machista, a liberdade da juventude, a liberdade criativa dos artistas. E creio que este seja o maior legado que ela deixa”.
Em suas redes sociais, João Lee, filho de Rita, publicou um relato sobre sua mãe, dizendo: “que vida intensa e espetacular você teve. Admirada e amada por tantas pessoas. Tão a frente do seu tempo”. Depois, contou sobre sempre ter escolhido a mãe como sua heroína. “Você é genial, talentosa, divertida, inteligente, linda, bem sucedida, realizou e fez muitas coisas durante sua vida”. Rita Lee foi tudo que quis ser, foi cantora, compositora, multi instrumentista, escritora, ativista, feminista, mãe, esposa, mas, principalmente, ela foi uma mulher livre.
O legado de Rita Lee é gigante, ela fez parte da história da cultura brasileira de forma muito ampla e durante muito tempo de carreira, mesmo tendo se aposentado dos palcos nos últimos anos de vida, nunca se aposentou da música. Com tanta história e amor ao seu redor, Rita Lee permanecerá na memória brasileira por muito mais tempo e suas autobiografias se tornaram a prova física disso.
Em seu velório, que ocorreu no dia 10 de maio de 2023, no planetário do Parque do Ibirapuera, muitos fãs se juntaram ao redor do local para cantar suas músicas. Um momento emocionante que mostra o quanto a cantora marcou a vida de muita gente. Nas palavras de seu filho, João Lee, “o mundo perdeu uma das pessoas mais únicas e incríveis que já existiu. Eu perdi a minha mãe. Mas você é eterna. Seu legado, sua história e sua arte viverão para sempre. Essa é a minha missão para a vida toda”. Essa é a missão de todos os brasileiros por Rita Lee, que se torna agora imortal.
