Por João Pedro Ferreira
A sonda espacial europeia JUICE irá explorar as propriedades de Júpiter e o potencial de vida nas luas Calisto, Ganimedes e Europa.

Europa, uma das principais luas gélidas de Júpiter e um dos objetos de estudo da missão JUICE (Foto: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS)
A sonda espacial JUICE foi lançada na última sexta-feira (14) pela Agência Espacial Europeia (ESA) em direção ao gigante gasoso Júpiter, com o propósito de estudar a conjuntura do planeta, como o seu campo magnético, e a possibilidade de vida microbiana na crosta de gelo em suas luas gélidas.
A missão JUICE, cuja sigla significa Jupiter Icy Moons Explorer, é um projeto de exploração espacial organizado pela ESA e apoiado por outras agências espaciais, como a NASA (agência espacial norte-americana) e a Jaxa (agência espacial japonesa).
A exploração aeroespacial também tem como objetivo dar continuidade ao trabalho iniciado pela sonda Juno, enviada para Júpiter, que identificou algumas características do gigante gasoso e de seus satélites naturais, como a existência de oceanos nas luas gélidas, que no caso são Ganimedes, Europa e Calisto.
A espaçonave JUICE busca ampliar os estudos realizados pela missão Juno, explorando informações como a composição de Júpiter, bem como sua atmosfera e seu núcleo desconhecido, e aprofundando os fatos já conhecidos sobre as luas geladas.
A sonda possui como maior propósito estudar as luas gélidas em razão de suas superfícies compostas de gelo e pelo fato de haver oceanos debaixo dessas coberturas gélidas. “Onde existe água há uma grande possibilidade de vida. Já há evidências de que esses oceanos existem, então essa sonda vai procurar ali dentro desses oceanos alguma forma de vida microbiana ou algum indício de que haja vida microbiana’’, afirma o físico Denisson Guimarães, do Observatório Didático de Astronomia da Unesp, acerca da importância das luas de Júpiter para a possibilidade de vida no planeta.
A missão espacial irá utilizar apenas a gravidade dos planetas do sistema solar para se locomover durante o trajeto, ou seja, é a partir desse mecanismo gravitacional que a sonda será atraída e lançada em direção a Júpiter. A ideia é que JUICE economize o máximo de combustível caso a sonda precise fazer algum ajuste de órbita durante o trajeto.
A sonda espacial saiu da Terra em direção à Lua, onde será direcionada novamente para o planeta Terra e depois irá passar por Vênus, pela Terra mais uma vez e depois para Marte, onde será encaminhada para Júpiter. Essa dinâmica orbital tem uma previsão de mais ou menos 8 anos de viagem, além de mais 4 anos de voos suborbitais nas luas gélidas que JUICE irá realizar para seguir a missão.
Denisson Guimarães ainda apresenta alguns desafios espaciais que a missão poderá enfrentar durante seu andamento. “Em uma missão espacial dessa magnitude, eu acho que a maior dificuldade é a questão de talvez ocorrer uma colisão com detritos espaciais, uma vez que entre Marte e Júpiter existe um cinturão de asteroides’’, explica.
Ele ainda afirma que “a questão do tempo de monitoramento também [é uma dificuldade], porque é preciso estar em constante contato com o veículo para poder ver se todos os procedimentos estão sendo executados perfeitamente”.
Denisson explica que a missão JUICE representa um grande avanço quanto à busca por vida em outros lugares do sistema solar. “Seria revolucionário se a gente encontrasse nessas missões evidências de vida; a gente poder aferir que não é apenas na terra que existe vida, não é apenas a terra o local de vida no universo”.
O físico ainda aborda a importância que uma possível comprovação de vida em Júpiter poderia trazer para o desenvolvimento da ciência. “E isso impulsionaria nossa civilização a procurar e buscar cada vez mais informações, ou seja, vai ser uma missão de reconhecimento dessas luas, mas se a gente encontrar evidências lá, a gente vai se empenhar enquanto civilização em construir outras missões, outras tecnologias para poder explorar isso mais a fundo”, conclui.
