Sociólogo da UNESP analisa a visita do presidente como importante passo para mudança da política externa brasileira
Por Mariana Capibaribe

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China em abril passado. A visita diplomática foi essencial para fortalecer os laços entre os países, que estavam estremecidos durante os quatro anos do governo Bolsonaro.
Maximiliano Martin Vicente, sociólogo e docente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), avalia a visita como uma sacada inteligente. O professor comenta que foi uma tentativa de reversão da política externa do governo anterior, que “não fez questão de manter relações com um dos maiores parceiros comerciais do Brasil”, comenta.
Segundo o sociólogo, a viagem teve intenções de conseguir investimentos para o país, principalmente para as ferrovias e rodovias, que necessitam de capital para se desenvolverem. O docente acredita que a aliança é extremamente benéfica para o Brasil, levando em conta o poder aquisitivo da China para realizar investimentos Para ele, “não adianta ter parceiros que não podem investir dinheiro no país”. O objetivo é construir uma boa relação e inovar com projetos que não se limitem a compras e vendas de commodities.
Pensando nisso, foram realizados quinze acordos entre os presidentes, sendo eles nas áreas de inovação, tecnologia, comércio, pesquisa e indústria. Entre eles, foi assinado um acordo monetário, que visa reduzir os custos das transações entre os países. O estreitamento da relação de investimento será feito por meio do câmbio direto entre a moeda brasileira e chinesa, dispensando o uso da moeda norte-americana, o dólar.
Esse acordo foi um grande exemplo da força e das intenções da parceria, mostrando como o presidente está tendo uma diplomacia estratégica, não só com a China, mas também com outros grandes aliados históricos, como os Estados Unidos.
No início do mês de fevereiro, o presidente Joe Biden também recebeu Lula para uma reunião. Entretanto, a diplomacia foi mais singela em comparação com a realizada na China, tendo intenções apenas de “consolidar uma aliança antiga, sem novas grandes intenções”, como afirmou o professor.
Ambas as visitas foram realizadas de acordo com o interesse nacional de crescimento, e segundo o presidente não existiram motivações ideológicas, como foi apontado pela crítica de seu governo. As duas relações estão sendo fortificadas independentes uma da outra, buscando a soberania do Brasil, como afirmou o presidente em entrevistas para jornalistas em Pequim.
Ao avaliar a política externa da atual gestão do presidente Lula, o professor Maximiliano comenta que estão sendo realizadas modificações substanciais, envolvendo posicionamentos importantes do Brasil perante as demais potências. Além disso, afirmou que a imagem internacional do país está em constante mudança, levando em conta o alinhamento que o presidente está tendo com os países.
