Reclamações sobre erros da arbitragem de vídeo entram em ascensão nas últimas temporadas.
Ana Luiza Moura Batista
No último domingo 16/04 ocorreu o jogo da primeira rodada do Brasileirão série A entre Corinthians e Cruzeiro, onde o timão saiu em vantagem vencendo a nação azul em 2X1 na Neo Química Arena. Durante os acréscimos do primeiro tempo da partida, o lateral-direito Fagner, do Corinthians, teria dado uma cotovelada no atacante Bruno Rodrigues, do Cruzeiro. De acordo com os torcedores e assistência técnica da Raposa, a cotovelada teria sido intencional, e motivo de expulsão, mas, mesmo em meio de reclamações o árbitro presente, Anderson Daronco, mandou seguir o jogo, sem aplicar cartão ou falta, o VAR também não pediu revisão.
O caso repercutiu na internet, e Renata Ruel, comentarista da ESPN, se posicionou em suas redes sociais apontando o erro cometido. “Fagner deveria ter recebido cartão vermelho, ou seja, ser expulso. Assistente de frente para o lance, Daronco bem posicionado, tem VAR no jogo e nada, nem falta e nem cartão”. A comentarista reafirma que a “conduta violenta” de Fagner potencializa o motivo da expulsão.
Até mesmo Neto, ídolo do Corinthians, comentarista e torcedor do clube, afirmou durante a transmissão da partida que Fagner deveria ter sido expulso. “É a minha opinião: tem que expulsar o Fagner. Ele chega e dá uma cotovelada desleal no Bruno Rodrigues, foi uma cotovelada de ‘migué’, que chega e levanta o braço. O VAR tinha que chamar”, disse Neto.
Esse possível erro é apenas mais um dos equívocos cometidos pelo VAR nesse e em outros jogos brasileiros, essas e outras falhas na arbitragem marcaram presença na última temporada. De acordo com José Carlos Marques, professor da Universidade Estadual Paulista e ex-árbitro de futebol, o VAR é importante para “corrigir algumas coisas’’ principalmente uma agressão, pois como nesse caso supracitado as vezes o árbitro pode estar do lado e não marcar vermelho.
Marques sai em defesa de Daronco, “Vendo o lance pela primeira vez, eu confesso que também não daria falta nessa visão, acho que é uma entrada contundente, mas não proposital, contudo tem uma questão que não dá pra fugir, o histórico do Fagner”. O Professor reforça que nesse lance era imprescindível que o VAR agisse e pedisse a revisão.
O professor enfatiza que o árbitro presente talvez tenha sofrido uma pressão por conta do Corinthians ser um time grande e influente e o jogo ter ocorrido na Neo química Arena com toda a torcida. “Eu acho que pesa o fato de ser itaquerão, casa do Corinthians, o Fagner, que é um jogador complicado, em uma abertura de campeonato, para ele achar que o lance não tivesse irregularidade, mas para mim, o maior problema aí não está no árbitro de campo, está no VAR que poderia ter visto mais com calma é pedido para ele rever”.
Na mesma linha de pensamento o entrevistado alerta que o futebol é um esporte muito interpretativo diferente de outros que contém árbitros de vídeo, além de que as dimensões dos campos de outras modalidades não se equiparam, tornando impossível um árbitro só “dominar tudo”. Por esse motivo, o VAR seria utilizado de “muletas” para o juízes campistas “que não estão mais preocupados em acertar, por que eles sabem que se tiver algum erro o VAR vai acionar eles”.
Essa situação de relaxamento dos árbitros de campo, é relatada como extremamente preocupante pelo professor. Segundo ele, “ o árbitro tem que ter a missão de acertar sempre, e o VAR deveria ser só um instrumento de correção em casos extremos”.
Para ele, os erros de arbitragem são um problema dentro e fora do Brasil e esta questão sempre foi complicada, mas deposita confiança que o trabalho em equipe dos árbitros de campo e de vídeo são a solução para que casos como o de Fagner e Daronco deixem cada vez mais de existir. “Eu acho que para este ano, as aplicações do VAR vão melhorar e tem melhorado muito, não tem aquela interrupção constante”.
