Por Karina Ribeiro

Jornadas de trabalho extensas afetam a saúde de profissionais.

Na tentativa de minimizar a saída de oito profissionais especializados da área de Fisioterapia, a gestão do Hospital Estadual de Bauru, localizado no bairro presidente Geisel, em Bauru, interior paulista, implantou mudanças nas escalas de trabalho, que agora passaram a ter 12 horas ,distribuídas entre manhã, tarde e noite.

A medida, no entanto, não teve êxito, pois a grade de funcionários já estava incompleta. de acordo com a fisioterapeuta Brenda Gladi , ( 29) os profissionais reclamam da exaustão física e mental, com muitos pacientes aguardando atendimento em escalas comuns durante o expediente. O aumento da carga o horaria denuncia a falta de apoio durante as horas extras.

Brenda trabalha na UTI (UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA) do Hospital Estadual a quase dois anos e explica que o excesso de horas de trabalho se deve à falta de profissionais da área.

“Aceitamos fazer algumas horas para ajudar os pacientes, mas isso acabou com a minha qualidade de vida”, comentou Brenda durante a entrevista. A profissional comenta que o aumento da carga horária não resolve algumas questões causadas pela falta de profissionais, pois atendimentos mais complexos deveriam ser feitos em dupla.

“Muitas enfermeiras reclamam quando vamos até os quartos iniciar o tratamento, já tive que locomover uma paciente sozinha porque ninguém quis me ajudar e isso me deixou com dores no corpo durante dias”, relembrou Brenda.

Há também o aumento de Burnout (síndrome de esgotamento físico e mental) em profissionais da área, enfatizando a falta de auxílio que eles enfrentam. A entrevistada cita também outros problemas que colegas de trabalho tiveram, como crises de ansiedade e problemas de humor, consequências do aumento da carga das horas de trabalho que culminam na piora da qualidade de vida, como também no atendimento aos pacientes.

“Muitas vezes eu quero fazer mais, dar mais atenção a casos mais graves e escutar mais os pacientes, mas me sinto exausta bem antes do final do turno”, diz Brenda.

O crescimento de queixas por exaustão se tornou ainda mais comum após a saída dos especialistas, evidenciando possíveis casos de transtorno de ansiedade e até mesmo de estresse pós-traumático. Casos que poderiam ser resolvidos com novas contratações, mas até o momento não foram resolvidos ou pautados pela administração.

Hospital estadual de Bauru [fotos: Elaine de Souza/ ACI-Famesp]

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