Em visita oficial de comitiva de Lula à China, 15 acordos entre os governos foram firmados além de 20 PPPs.
Por Breno José Batista
31/04/2023
Lula visitou a China em 14 de Abril, num encontro com membros do governo, incluindo o presidente Xi Jinping, onde foram fechados acordos entre os dois países.
O objetivo é intensificar as relações bilaterais, no que diz respeito à tecnologia, pesquisa científica e principalmente economia. Esse estreitamento acontece em pleno ápice da disputa por influência entre China e Estados Unidos.
Professora de Relações Internacionais da UNISAGRADO, em Bauru, Leticia Rizzotti destacou que isso pode aumentar nosso “poder de barganha” com os americanos, em uma eventual parceria.
Dentre os acordos firmados, um de destaque é a cooperação aeroespacial entre agências espaciais brasileira e chinesa. Realizaram o compromisso de lançar de satélites brasileiros em território nacional, com o suporte da tecnologia chinesa, com o objetivo de aprimorar o monitoramento da Floresta Amazônica e do espaço aéreo brasileiro.

Lançamento do protótipo 2 do VLS-1, da base de Alcântara. (Foto: Divulgação/ CLA-IAE)
Os pactos sobre ciência e tecnologia também abrangem o intercâmbio, não só de estudantes entre os dois países, mas também de profissionais de instituições de pesquisa. Tecnologias já desenvolvidas ou que eventualmente surgirão, também são alvo de transação.
A visita oficial contou com acordos econômicos significativos entre os governos, além de 20 PPPs (Parceria Público-Privado).
Um alvo desses acordos é o dólar, hoje principal lastro da economia mundial. O compromisso firmado entre os dois governos tira o dólar como moeda de câmbio nas relações comerciais do Brasil com o gigante asiático. Dessa forma, as transações que ocorrerão terão somente o Real e o Yuan (moeda chinesa) como referência, sem a necessidade de negociar em dólares. O objetivo é fortalecer ambas as moedas, que hoje, têm valor similar no mercado financeiro global.
Medidas como essa trazem certa aversão ao governo dos Estados Unidos. Em reportagem publicada pela SECOM, Lula diz que não tem “escolhas políticas ou ideológicas”, que essas escolhas são “de interesse nacional, do povo brasileiro, da indústria nacional, de nossa soberania.”, conclui.

Além dos acordos firmados, há a intenção ainda não formalizada de investimento chinês na infraestrutura brasileira, no que é conhecido como “Nova Rota da Seda”. Esse projeto ambicioso do partido comunista chinês tem como objetivo uma maior integração comercial entre os países da Ásia e da Europa, tendo seu país como protagonista.
Apesar de estar fora do escopo territorial, o Brasil vem sendo cotado para participar do programa, o que traria maior infraestrutura de transporte de commodities.
Pedro Carvalho, professor pela UNISAGRADO, afirma que nessa relação “O Brasil tem a mais a ganhar do que a China”. Ele diz que esses investimentos no Brasil “vão ajudar a baratear as exportações para a China”, para ele a ideia “é ajudar os países parceiros da China a romper com gargalos econômicos que, de certa forma, acabam encarecendo as exportações’’.
Sobre essa relação econômica entre os dois países, o professor da UNISAGRADO, graduado em Economia, Fred Matano ressaltou dizendo que “o último déficit da balança comercial com a China foi em 2008”, e acrescenta comentando que “o superávit dessa balança [nos últimos anos] varia entre 30 e 40 bilhões de dólares ao ano, para o Brasil”, afirmou.
Apesar do benefício de fortalecer as exportações de commodities à China, ressalva que a longo prazo isso pode ser preocupante:
“A gente exporta muita coisa de valor agregado baixo, como soja, minério de ferro e carne. Quando importa, importa os eletroeletrônicos como microchips, processadores e a gente paga muito caro”, conclui.

Excelente matéria!!!
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