A Mandíbula de Caim estourou nas redes sociais e criou uma onda de leitores-detetives.

Por: Manu Lima

Lançado pela primeira vez no Brasil em 2022, A mandíbula de Caim é o livro-enigma escrito em 1932 por Torquemada – Pseudônimo do inglês Edward Powys Mathers- que movimentou as chamadas “Bookredes” e perdurou nos últimos meses nas listas de mais vendidos do país. 

Em abril último, a editora Intrínseca, responsável pela publicação brasileira da obra, revelou os nomes dos dois leitores que conseguiram entrar para o seleto grupo capaz solucionar os seis assassinatos do livro.

Camilla Del Rio de 16 anos, foi a primeira pessoa do Brasil a decifrar o mistério, seguida de Flávio da Silva de 29, que ganhou o concurso criado pela editora. 

Grande fã de livros de mistério e interessado em novidades, o vencedor se diz influenciado a comprar o livro e participar do concurso pelo algoritmo do TikTok. “Busco sempre novidades na área da cultura e gosto sempre de saber mais sobre quais livros as pessoas estão falando, sobre os lançamentos, antes de consumir.”

A Mandíbula de Caim ganhou as ‘Book Redes’ brasileiras, como são chamadas as conexões entre leitores nas redes sociais, desde o anúncio da publicação e, mesmo depois da descoberta,uma das hashtags com o nome do livro soma 246,7 mil visualizações na rede de vídeos.

O que se viu do momento em que o livro chegou às mãos dos leitores em diante foi uma força tarefa compartilhada em posts, comentários e vídeos para fazer com que as páginas desordenadas fizessem sentido.

Os booktokers, nome dado aos criadores de conteúdo relacionados à literatura na rede social de vídeos curtos, dispuseram de marcadores de texto, blocos adesivos e do uso das páginas destacáveis para criar painéis dignos de filmes policiais.

Uma das pessoas que compartilhou o seu processo de leitura com o ‘Booktok’, foi o criador de conteúdo Tiago Valente que cria vídeos literários para o TikTok desde 2020. 

Em seus cinco vídeos publicados até o momento, Tiago mostra o seu raciocínio ao destacar das páginas as repetidas leituras e observações sobre as personagens. Perguntado sobre como conheceu o livro, ele conta que também foi influenciado por um criador de conteúdo das bookredes, o britânico Jack Edwards. 

Edwards já falava e tentava decifrar o livro há algum tempo, compartilhando seu processo em seus canais no Youtube e TikTok. 

“Eu comecei a falar com editoras e dizer: “pelo amor de Deus tragam esse livro para o Brasil! Ele é genial!” conta Tiago, que também trabalha com consultoria em algumas editoras, “É o meu tipo favorito de história [mistério] só que eu sou o detetive, ao invés de Hercule Poirot ou Miss Marple, sou eu quem tenho que desvendar”, complementa.

Seja pela imersão, pelo mistério ou pelo prêmio do concurso cultural – uma viagem com tudo pago para o Rio de Janeiro- o que sabemos é que A Mandíbula de Caim saiu de um ilustre desconhecido do público brasileiro a 150 mil exemplares vendidos em um mês.

Mas a obra inglesa não foi a única a elencar na lista dos mais vendidos depois de viralizar no aplicativo de vídeos.

Livros como É assim que acaba e a sequência É assim que começa da escritora norte americana Colleen Hoover, Os sete maridos de Evelyn Hugo de Taylor Jenkins Reid e A Biblioteca da meia-noite de Matt Haig, conhecidos como queridinhos do Booktok figuram há algum tempo como os mais lidos de um dos maiores sites de compra do Brasil.

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