Rivais no futebol, Real Madrid e Barcelona causam polêmica ao discutirem sobre a relação de cada clube com o Franquismo. 

Por João Marcelo Ferreira

Tudo começou quando o presidente do clube catalão, Joan Laporta, em mais uma das suas polêmicas falas, acusou o Real Madrid de ser o “clube do regime”, insinuando o clube madrilenho de ter sido favorecido pela ditadura de Francisco Franco (1936-1975) na década de 50, anos de ouro dos merengues, como são conhecidos os jogadores da equipe madrilenha. 

Para Laporta, o Real Madrid historicamente se viu favorecido pelas decisões arbitrais e foi considerado o clube do regime por sua proximidade política e econômica com o Franquismo. “Durante sete décadas, a maioria dos presidentes do comitê de arbitragem foram ex-sócios, ex-jogadores ou ex-dirigentes do Real Madrid”, declarou o presidente do clube.

Popularmente associado ao regime, o Real Madrid não deixou barato e respondeu com um vídeo de mais de 4 minutos no Twitter, produzido pelo próprio canal oficial do clube, apontando que na realidade o Barcelona era o “clube do regime”. Os merengues ressaltaram que o Barça condecorou o ditador com 3 medalhas, que havia políticos da ditadura na inauguração do Camp Nou e que o clube foi apoiado em momentos de dificuldade financeira, entre outras coisas. 

“O Barcelona nomeou [o general Francisco] Franco sócio de honra em 1965″, “O Barcelona foi salvo três vezes de que quebrar com Franco” e “O Real Madrid ficou desmantelado na Guerra Civil”, foram algumas das acusações do Real Madrid ao Barcelona no vídeo de resposta. 

Além disso, as imagens do vídeo mostram jogadores do Barcelona fazendo saudações fascistas e algumas manchetes ligando o clube ao ditador. 

Após tudo isso, foi a vez do Governo da Catalunha comentar sobre o caso. Patrícia Plaja, porta-voz da Generalit de Cataluña, foi questionada sobre o vídeo e respondeu dizendo que o conteúdo é uma “fake news indecente”. 

“É uma irresponsabilidade, uma ofensa e um insulto às milhares de pessoas que sofreram no regime franquista. E também ao Barcelona, começando pelo presidente da época, Josep Suñol, que foi fuzilado pelo regime e talvez o Real Madrid não se lembre”, disse Plaja em coletiva representando governo.

Apesar de nos anos seguintes o Barcelona cooperar com o governo para não fechar as portas completamente, o clube sempre foi um símbolo de oposição ao regime e defensor dos valores democráticos na Espanha, sendo que até hoje usa camisa com as cores da bandeira catalã e é a favor da sua independência.  

Já o Real Madrid realmente era conhecido como o “clube do regime” na época, muito por ser o time da capital e ser usado como “propaganda política” do regime. No entanto, após a morte de Franco o clube fez questão de se desvincular dos ideais fascistas e do antigo regime. 

A verdade é que entre beneficiados e prejudicados não há nenhum mocinho nessa história e também não é papel dos clubes debater isso, já que se trata de uma questão muito maior que futebol. Estamos falando de milhares de pessoas feridas e assassinadas. A rivalidade histórica entre os dois times deve ser resolvida dentro de campo e não com provocações ofensivas envolvendo um assunto delicado com o regime de Franco. 

Um comentário em “Polêmica sobre ditadura volta à tona após Barcelona acusar o Real Madrid de ser o “clube do regime”

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