
Mesmo sem previsão de volta às quadras devido a uma lesão, Soares se torna a 14ª brasileira a ingressar na maior liga de basquete feminino do mundo (Foto: Instagram/@stephaniesoares_)
Por Talita Mutti
O evento mais importante do ano para as jogadoras que desejam entrar na WNBA ocorreu no dia 10 de abril em Nova York, onde apenas 12 jogadoras foram selecionadas em cada uma das 3 rodadas dos drafts. A brasileira Stephanie Soares, com 23 anos, foi a quarta escolha de primeira rodada, posição nunca ocupada por uma brasileira antes.
De início, foi selecionada para o Washington Mystics, mas logo depois foi trocada pelo Dallas Wing, time que deverá atuar durante a temporada de 2024. A atleta mantinha na NCAA uma média de 14 pontos e 9,9 rebotes, porém teve presença em apenas 13 jogos devido a uma lesão no ligamento cruzado anterior.
Nascida no interior de São Paulo, Stephanie teve contato com o basquete desde cedo, já que seus pais foram jogadores profissionais e seu irmão também é. No começo de sua carreira, a jovem foi iniciada em 2017 pelo técnico do time do Bradesco Esportes, Cristiano Cedra, em uma peneira que acontece todo final de ano, e assim que chegou, já se destacou entre as outras jogadoras.
“Além de ter todo aquele tamanho [2,01m], ela chamou nossa atenção por dominar bem os fundamentos do esporte, sabendo como atuar em diferentes posições”, afirma Cristiano. “[Stephanie] não nasceu com o dom de jogar basquete. Por mais que sua família já tenha um histórico no esporte, foi o seu esforço e sua disciplina que levaram ela onde está hoje”, completa.
De fato, Stephanie se mostrou habilidosa e já foi até comparada pelo público com a estrela do Dallas Maverick, Luka Doncic, por apresentar uma fluidez no trabalho de pivô, e ao mesmo tempo dominar as posições de ala e armadora. “Ela está alinhada com tendência de basquete mundial, que é ter jogadores versáteis, [..] que faz de tudo e bem-feito”, afirma Cedra.
Além de iniciar uma nova fase em sua carreira, Stephanie deixará um legado para as jogadoras de base que sonham com uma oportunidade de atuar na WNBA. “Para as meninas que viram ela jogar no Bradesco, ela vai ser uma inspiração e um exemplo a ser seguido”, diz o técnico.

Após jogo acirrado contra a Argentina, Stephanie e time comemoram título no Sul-Americano de basquete de 2022 (Foto: Instagram/@stephaniesoares_)
“Ela jogou na mesma quadra, com a mesma equipe técnica e com as mesmas bolas de basquete que nossas meninas, e isso vai mostrar para elas como é uma realidade presente na vida delas, basta se esforçar e manter a disciplina”, diz.
Soares é a 14ª brasileira a se juntar a uma equipe da WNBA na história. Na próxima temporada, apenas ela e Damiris Dantas, que faz parte do Minnesota Lynx, irão compor a presença de brasileiras na liga. Damiris também é engajada na luta pela representatividade feminina do esporte no Brasil.
Em uma entrevista que a jogadora deu para o UOL, disse que “quem trabalha com basquete feminino se encanta, se apaixona. É contagiante. Se tem o masculino, vamos fazer uma forcinha para ter o feminino. Vamos começar na base para o basquete feminino voltar a ter aquela visibilidade, voltar a ser grande”.
Agora, fica a expectativa dos torcedores para Stephanie se recuperar da lesão e voltar às quadras assim que possível. “É muita emoção. Muito mais nervosismo. Agora é pura emoção. É ficar pronta e ir para Dallas” afirmou a jogadora em uma coletiva após os drafts.
