Onda de violência nas escolas, criadas por jovens influenciados pelas redes sociais, causam preocupação entre especialistas

Por Brida Correia e Vivian Ferreira

Desde o dia 27 de março, quando o aluno de uma escola estadual da zona oeste de São Paulo atacou colegas e assassinou uma professora, os casos de violência e ameaças nas escolas vêm aumentado, causando terror no psicológico dos estudantes, pais, professores e funcionários.

Além disso, levantamentos realizados pelo instituto Sou da Paz mostra que entre 2002 e 2019 foram noticiadas 8 situações parecidas como a de Suzano, ocorrida em 2019. A influência dos discursos de ódio está sempre marcada por símbolos violentos, como armas de fogo, máscaras estampadas de caveiras e até suásticas nazistas: tudo representando a morte.

Anonimato nas redes sociais

De acordo com a psicóloga Patrícia Ohto, de Mirandópolis, interior de São Paulo, esta reflexão sobre os autores dos massacres “ocorre pela facilidade em encontrar esse tipo de conteúdo na internet. No Twitter e Tiktok, por exemplo, tem conteúdos idolatrando os ataques e isso acaba gerando interesse entre os adolescentes pelo tema, pelo fato de haver uma identificação na ‘causa’ dos ataques”, explica. Para a psicóloga, “o isolamento, a falta de diálogo e de contato social podem deixar a pessoa com ‘ódio do mundo’ e por se sentirem deslocados eles querem deixar uma ‘marca’ no mundo do qual eles odeiam tanto”, completa.

Segundo reportagem publicada pela BBC, os adolescentes são os que mais participam de fóruns e grupos que disseminam ódio contra indivíduos que são considerados como minoria. Esses grupos que podem ser encontrados nas redes sociais acabam divulgando ideologias extremistas, além de prestigiar os assassinos de outros massacres.

Outra observação feita por Patrícia Ohto é de que as ações que levam esses indivíduos a cometer esses atos de violência nas escolas “podem estar relacionados a vários contextos, porém não existem estudos conclusivos que esses agressores possuem traços de psicopatia. Esse comportamento agressivo pode estar ligado à vivência em ambiente abusivo e não necessariamente a uma doença mental”.

A psicóloga Patrícia Ohto

Nesses diversos ataques há ainda a utilização de símbolos de ódio, como a suástica encontrada desenhada no banheiro da UNB (Universidade de Brasília) e em uma parada de ônibus, em 12 de abril último, onde o aluno acabou sendo detido pela polícia. Junto a suástica, também é presente o símbolo de caveira muitas vezes utilizado em máscaras, como citado em noticia da BBC.

Imagem da mensagem retirada do Jornal Correio Brasiliense

“A exposição contínua à violência e bullying, que geram traumas, e a fatores sociais, como vingança contra a instituição escolar, negligência familiar e conteúdo violento em redes sociais ou jogos on-line, podem contribuir para esse adoecimento”, comenta a psicóloga.

Ela explica também que “um jovem pode encontrar em salas de bate papo um apoio e aceitação que não encontra em sua casa ou escola e assim acaba sendo recrutado por grupos extremistas que disseminam discursos e práticas de ódio”, completa Patrícia Ohto.

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