Viagens compartilhadas diminuem os custos mas, sem os devidos cuidados, podem aumentar os riscos de segurança
Por Amanda Silva Lima

As mídias digitais trouxeram muitas mudanças para a sociedade e permitiram que a comunicação entre conhecidos e desconhecidos se tornasse muito mais rápida e prática, facilitando as atividades cotidianas e também criando novas possibilidades. Entre elas, surgiram no exterior os aplicativos de carona, que, logo depois, chegaram ao Brasil.
Já popularizados, tiveram boa adesão devido ao preço mais baixo e ao tempo de viagem reduzido. Em polos universitários, por exemplo, em que muitos estudantes se deslocam da cidade em que residem para cursar a faculdade, é muito comum o uso dessa ferramenta para diminuir os custos das viagens, que podem ser diárias ou ocasionais, além de conseguir mais flexibilidade no horário para viajar.
No entanto, a era digital trouxe consigo diversos perigos, uma vez que não se sabe quem está por trás da tela e quais são as intenções reais do indivíduo. O Brasil, somente em 2023, registrou, pelo menos, quatro casos de atos de violência realizados em escolas. As investigações sobre os casos mostram que muitos perfis das redes sociais estimulam esse tipo de atitude e até mesmo desafiam os jovens a realizar esses massacres. É aí que surgem as dúvidas e os questionamentos: até que ponto é seguro viajar com “estranhos”, se todo o agendamento é feito online e sem contato prévio com o condutor e com os passageiros?
Beatriz Signori Caetano, 19, estudante de Fisioterapia na Unesp de Marília, habituada a usar o aplicativo BlaBlaCar para se deslocar, alega nunca ter tido problemas mais sérios com a ferramenta, mas que já enfrentou dificuldades com atrasos e desconforto na viagem por informações não fornecidas pelo condutor. “Uma [mulher] atrasou bastante e outra não avisou que a filha também ia no carro, então ficaram três espremidos lá atrás”, comentou.
Outra que relata ter passado alguns sufocos ao aceitar carona de alguns passageiros é Thainá Zapparoli, de Mogi Mirim. Um deles, por exemplo, reservou a carona pelo perfil de uma mulher e, na hora da viagem, quem estava esperando era um homem, o suposto namorado da responsável por agendar. “Era uma menina pedindo e, na hora, chegou um menino. Achei muito estranho e fiquei receosa”, contou.
É preciso ficar atento às informações fornecidas tanto pelo motorista quanto pelo passageiro para evitar transtornos e estresses na hora de viajar. Criminosos podem usar esse tipo de aplicativo para se esconder e, assim, atrair mais vítimas, seja para assaltos, sequestros ou abuso físico e emocional. Os usuários, muitas vezes, não se atentam na hora da escolha que, apesar de apresentar raros problemas, ainda podem ocorrer.
Os critérios na hora da escolha são simples mas muito importantes. Para o motorista, no BlaBlaCar, verificar a quantidade de caronas que o passageiro já pegou, se possui boas avaliações e se tem os documentos confirmados faz toda a diferença. Para as mulheres, é sempre mais seguro agendar viagens com outras mulheres, por questões de segurança e conforto.
“Depois disso [situação relatada por Thainá sobre confusão com passageiros], fiquei mais rigorosa ainda em questão de avaliação e quantas vezes a pessoa já tinha usado o aplicativo. Antes de aceitar, procuro ver como é a avaliação da pessoa, se ela já pegou bastante carona e se faz tempo que está no aplicativo e sempre dou preferência para mulher”, explica a condutora, que já oferece caronas há dois anos.
Como passageira, Beatriz tem critérios semelhantes na hora de solicitar viagens, mas alega que, na falta de opções, nem sempre consegue satisfazer todos os seus critérios. “Procuro pessoas com boas avaliações e que tenham foto e descrição. Sempre dou preferência para motoristas mulheres ou para caronas com mulher, mas, às vezes, no desespero, não dá “, disse.
Para a estudante de Fisioterapia, um dos problemas é também não saber quantas pessoas vão viajar juntas e quem são elas. O aplicativo BlaBlaCar permite que você verifique mas não notifica e, às vezes, essa informação não chega até o passageiro. O preço, que é apontado como uma vantagem, não muda conforme a quantidade de pessoas e, para ela, deveria ser descontado por não oferecer uma viagem confortável.
“A viagem é muito mais rápida, além do valor sair mais barato ou o mesmo preço do ônibus. A única coisa que me incomoda é deixarem três pessoas irem atrás cobrando o mesmo preço de pessoas que só levam duas, porque acaba ficando super apertado e desconfortável, além de algumas vezes nem avisarem que vai ter mais gente no carro”, relatou.
Para agendar uma carona, é simples. Basta entrar no aplicativo, se cadastrar e colocar a data da viagem, onde se está e qual será o destino final. Logo em seguida, aparecerão as reservas disponíveis e o passageiro pode escolher e solicitar qual é mais viável para ele. O mesmo procedimento vale para os condutores, que indicam de onde vão sair e para onde vão. Eles têm a opção de aceitar ou não uma carona. Os usuários que pediram são notificados se a viagem foi recusada ou se vai ocorrer. Eles podem trocar mensagens no aplicativo e acertar os detalhes, para não ter confusões.
