O diretor James Gunn assume a equipe pela última vez

Trailer do filme revela cenas de ação (Foto: Reprodução)
Por Davi Marcelgo
O terceiro volume da franquia cósmica da Marvel Studios, Guardiões da Galáxia Vol.3, estreia nesta quinta (04) no Brasil e traz consigo a questão: o longa pode ser a salvação do estúdio? Depois do sucesso na década passada, a nova fase de filmes iniciada em 2020 pela Casa das Ideias obteve críticas negativas e queda nas bilheterias.
Os Guardiões da Galáxia nunca foi uma equipe conhecida fora do nicho de quadrinhos, isto até 2014, quando a Marvel lançou o primeiro filme, dirigido por James Gunn. O longa faturou quase 800 milhões de bilheteria ao redor do mundo, além de ser sucesso de crítica e público. A sequência Guardiões da Galáxia Vol.2 (2017) ultrapassou os números de seu antecessor e continuou a receber elogios.
O barulho da equipe não ficou isolado, outros longas do estúdio também foram vitoriosos, porém desde a pandemia, poucos obtiveram êxito e unanimidade entre fãs e sites especializados, alguns como Eternos (2021) e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023) não conseguiram alcançar a margem do meio milhão nos cinemas e receberam o selo de tomate podre na plataforma Rotten Tomatoes. A estreia do novo filme, dirigido pelo mesmo diretor, representa uma fagulha de esperança para os amantes da saga.

O passado de Rocket Raccoon é foco da trama (Foto: Reprodução)
Além do enfraquecimento das salas de cinema devido a pandemia de Covid-19, quais seriam os motivos para essa queda expressiva? E o retorno de uma equipe querida nas mãos de um diretor conhecido pode causar o resultado oposto?
Para o crítico de cinema do Cineplot, Gabriel Carvalho (23), “Falta na Marvel um lado humano, não só em texto, mas formal também quando se faz esses filmes”. Para ele, a maneira como a Marvel usa a tecnologia das telas de LED é um dos problemas que afeta a nova era, pois os espaços estão limitados, “O fundo não é interagível, tudo vai ter que ser resolvido em close-up, como eles [os personagens] vão se relacionar com os espaços?”, completou.
A crise na técnica e efeitos especiais foi denunciada recentemente por muitos artistas, que relataram os prazos de entrega abusivos da empresa. Entre 2021 e 2023 foram 18 produções entre filmes e séries, uma sequência de curtas, além de especiais e programas até o momento. O número de obras é bem maior comparado à fase anterior, que durante 2008 e 2019 produziu 22 filmes. “O capitalismo faz com que essas pessoas [Artistas] trabalhem mais, mais e mais e rendam menos, então os filmes são mais pobres visualmente.”
O público nas redes sociais também repercute discussões a respeito do CGI das adaptações dos heróis. “Assisti o primeiro ep de #SheHulk e é muito divertido, a Jennifer é super carismática, a história parece interessante, o Hulk tá legal, bem melhor que em Ultimato, só o cgi da She Hulk que me incomodou em alguns momentos, ao todo achei um bom começo.”, comentou @rubuyguy no Twitter.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis estreou em agosto de 2022 (Foto: Reprodução)
O crítico também falou em entrevista que “Agora pode filmar de qualquer jeito. Não se pensa em storyboard, o plano, que os personagens vão estar espacializados”. Para ele, o descaso por conta da sobrecarga sobre os funcionários de efeitos especiais gera “um público que vai estar um pouco mais desinteressado.”
“Guardiões da galáxia Vol.2 é um filme de curtição”. Embora com inúmeros problemas, Gabriel espera que o novo filme seja como os outros da equipe, devido ao histórico do diretor. “Espero que isso [espaços limitados e falta de lado humano] não aconteça com os Guardiões da galáxia Vol.3, acho que o James Gunn pega o filme um pouco para si.”, afirma.
Também comentou sobre a sequência de ação no segundo filme da franquia, que possui espaços abertos e interação com o mundo em volta. “Ele [James Gunn] quer que o espectador aproveite a jornada”, diz Gabriel.

Cartaz da sequência lançada em 2017 (Foto: Reprodução)
O que diferenciou a Marvel das outras franquias de Hollywood foi a ideia de conectar todos os filmes e construir uma única grande história, promovendo crossovers e universo compartilhado. Porém, depois de dez anos, o público parece não estar mais a fim de acompanhar a nova odisséia e venha a preferir filmes isolados, principalmente devido ao grande número de produções que tornam mais difícil a tarefa de seguir a narrativa.
A solução, de acordo com o escritor do Cineplot, é fazer filmes que sejam “Desprendidos de uma noção de história maior a ser contada.” De acordo com ele, é o que explica a queda nas vendas do último filme do Homem-Formiga, em uma dinâmica de “Vou ao cinema assistir ao Quantumania, assisti ele porque não quero pegar spoiler”, E que ao longo das semanas o público pelas redes sociais já descobre o que acontece no longa. E acrescentou “São filmes que não se mantém, como espetáculo. Esses filmes não fomentam interesse a longo prazo.”
Para os fãs dos anti-heróis, resta esperar pela estreia para testemunhar com os próprios olhos a conclusão da franquia, numa última viagem de James Gunn e os membros da equipe. O diretor parece ter o caminho para o sucesso e recepção positiva, só resta saber se a Marvel vai manter os moldes dos filmes passados.
Guardiões da Galáxia Vol.3 estreia nesta quinta (03) nos cinemas de todo país.
