Por Kelly Namy

Criada pela engenheira da Fórmula 4 brasileira, Erika Prado, a comunidade Girls Like Racing cresce no automobilismo nacional. Através da presença nas mídias sociais, o GLR ganha relevância e visibilidade, ajudando a unir mulheres apaixonadas pelo esporte.

Com o objetivo de aproximar o público feminino da realidade vivida dentro das pistas, Erika iniciou uma parceria com a Ipiranga Racing, equipe atuante dentro da Stock Car. Contando com o apadrinhamento de Rachel Loh, primeira e única engenheira da categoria, o projeto busca incentivar a inserção feminina dentro do automobilismo. As ações, que tiveram início em 2022, têm como motivação principal “trazer mais mulheres para conhecer o ambiente e, quem sabe, plantar uma semente para aproximá-las do automobilismo nacional”, explica a fundadora do GLR.

Variando entre palestras e track walks (reconhecimento de pista) com a equipe, as participantes são inseridas na rotina dos profissionais que trabalham durante uma etapa automobilística. Segundo Erika, as atividades expõem a importância da representatividade dentro de um ambiente ainda, majoritariamente, ocupado por homens. “A menina que sempre teve vontade de ir ao autódromo, mas nunca foi, vê outras meninas ocupando esse espaço e entende que pode estar lá com segurança e à vontade”, diz.

Com o machismo que permeia a história do esporte, a participação do público feminino, dentro e fora das pistas, sempre foi renegada e secundarizada. Assim, por outro lado, as ações também revelam a resistência de vários setores em efetivar a participação das mulheres.

“Eu vejo que, atualmente, [os profissionais da área] levam muito mais a sério, compreendem que as meninas estão ali por um propósito, mas, até hoje, as pessoas ainda fazem piadinhas, todos precisam entender que o Girls Like Racing é uma comunidade de mulheres no automobilismo”. Ela explica ainda que “o evento não é um passeio, é uma ação que tem como propósito aproximar as mulheres do esporte, fazer com que elas entendam como funciona essa máquina”.

O apoio e a união entre as mulheres sempre foram pautas essenciais para o GLR. Com o intuito de aumentar a presença feminina dentro da área profissional, Érika deixa claro que o objetivo é somar o número de meninas. “Não quero que saia uma para entrar outra, tem espaço para todo mundo, falta gente e sobra espaço”, diz.

O caminho até o reconhecimento da comunidade não foi fácil e a luta por respeito ainda é árdua. Erika conta que o GLR é uma realização pessoal. “É o poder de multiplicar que só as mulheres têm, a gente está conseguindo fazer com que elas tenham vontade de trabalhar no automobilismo, essa é a minha luta de vida”.

Neste ano, a ação conta com o patrocínio das empresas Ipiranga e Toyota Gazoo Racing, além do apoio da Stock Car. O grande crescimento da comunidade evidencia o clamor por respeito e a importância da inclusão de mulheres no espaço. “O acolhimento que preciso, eu só vou encontrar em uma mulher”, disse Erika, ao ser questionada sobre o impacto que o projeto produz nas vidas das meninas que fazem parte dessa jornada.

“O objetivo, se eu fosse resumir em uma frase, é mudar a vida das mulheres”. É assim que a fundadora do Girls Like Racing enxerga o futuro da comunidade. A perspectiva é que a representatividade abra portas para muitas que não se permitiam imaginar-se dentro do automobilismo. Com a certeza de que essas ações têm o poder de impactar a trajetória de todas as mulheres que um dia sonharam estar dentro das pistas.

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