Linha fina – informativa

Por Kaique Bernardo de Souza

Finlândia entra oficialmente para Otan; fronteira entre Rússia e aliança dobra

No começo do mês de abril, a Finlândia entrou oficialmente na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar formada por países ocidentais. Desde o começo do conflito, em fevereiro de 2022, os países-membros da OTAN auxiliam os ucranianos no combate aos russos. A entrada dos finlandeses foi vista pela Rússia como uma ameaça.

Para o professor de Geografia do Colégio Santa Úrsula, de Ribeirão Preto, Eduardo Costa Soares, a expansão do tratado não é algo bom para os russos. “Desde o fim da União Soviética, os russos consideram a expansão da OTAN para o leste europeu um erro. Há um grande contexto histórico por trás dessa questão, envolvendo a bipolarização resultante da Guerra Fria. Acredito que com a rivalidade histórica entre EUA e Rússia, ter membros da OTAN perto de si pode soar como um ‘ataque à Moscou’”, explica o professor.

Ele explica que “o próprio Putin disse no começo do conflito que ter a Ucrânia como membro do tratado seria como ter um ‘trampolim’ para um ataque da OTAN contra a Rússia, lembrando que a tentativa de adesão dos ucranianos no tratado foi um dos motivos para a invasão russa”. Além da Finlândia, outro país que pode entrar no tratado nos próximos dias é a Suécia, também próxima ao território russo.

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Desde o início da Guerra da Ucrânia, a OTAN vem auxiliando os ucranianos a combater o avanço russo. Um dos motivos da invasão era o ingresso da Ucrânia na própria organização, o que não é interessante para os russos, já que teriam um país próximo sendo parte do tratado.

No começo de abril, a Finlândia entrou oficialmente no tratado, sendo o país que faz a maior fronteira com a Rússia, irritando o presidente Vladimir Putin. Nesse caso, a Rússia se encontra cercada por países membros.

“Entendo que a Rússia está criando aliados estratégicos no momento antes de dar um passo maior. Vide reuniões com a China. Acho que ela precisa da garantia que os chineses arcariam com retaliações econômicas aos russos”.

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A Suécia, outro país escandinavo, também entrou no processo de ingresso na OTAN, mas é impedida pela Turquia. “A entrada da Suécia só será concretizada caso Putin avance no nível de guerra. Ou seja, fazendo uso de armas táticas (nucleares de menor poder), por exemplo”, disse o professor.

Desde o início do conflito, a economia mundial também vem sendo afetada. Houve uma alta nos combustíveis, já que a Rússia é a maior exportadora de gás natural do mundo e parou de realizar essa atividade durante a guerra, visto que foi vítima de sanções econômicas por parte dos EUA e dos europeus.

Segundo o professor, a expansão da OTAN, nesse contexto, também afetaria a economia. “Vejo um aumento do isolacionismo por parte de EUA, Rússia e a China, mesmo com as alianças feitas. No contexto histórico, quando houve isolacionismo também houve situações de instabilidade econômica global. No mundo atual isso seria ainda mais sentido, tendo em vista a alta interdependência criada nas últimas décadas”.

A Guerra na Ucrânia já encaminha sua duração para mais de 1 ano. No conflito estão envolvidas questões políticas, econômicas e étnicas. A Rússia vê partes da Ucrânia como territórios pertencentes a si, e com o avanço da OTAN e as sanções impostas, tende a se isolar economicamente da Europa.

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Quando perguntado sobre um fim do conflito caso o Tratado se expandisse ainda mais, o professor Eduardo afirma que “caso mais nações façam adesão à OTAN tem que ser analisado: quais países ingressam nela; e como Putin reagiria. Não acho que ele retrocederia em suas decisões”.

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