Para impulsionar a indústria audiovisual brasileira, os investimentos marcam uma nova era de apoio e valorização do setor.
Por Eloah Kaway

Visita da ministra da cultura, Margareth Menezes à cinemateca brasileira (Foto: Filipe Araújo)
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) anunciou recentemente seus investimentos para a indústria audiovisual em 2023. No evento, realizado no dia 23 de março, a ministra da cultura, Margareth Menezes, declarou que os investimentos para o setor serão de 1 bilhão de reais.
Com um orçamento destinado especialmente para a produção, distribuição e exibição de filmes nacionais, a Ancine tem como objetivo estimular o crescimento da indústria cinematográfica brasileira.
A partir dessa nova leva de investimentos no setor, nota-se que a proposta vem com um diferencial em relação à situação vivida pela indústria audiovisual durante o governo anterior e nos últimos anos. “O diferencial já começa com a mudança de tratamento aos trabalhadores da indústria audiovisual. Ficamos pelo menos 6 anos sendo rechaçados e agora temos um governo que nos enxerga como deveria ter sido sempre”, afirma a produtora executiva com foco em políticas públicas para o audiovisual, Marina Rodrigues.
Com o novo ministério recriado há pouco mais de 100 dias, é de se esperar que a contribuição nos investimentos para o setor traga resultados positivos tanto para a agência, quanto para os trabalhadores da indústria e as novas obras brasileiras que serão produzidas, a Ancine segue trabalhando e ampliou suas oportunidades investindo em obras nacionais.
“A tendência é que as novas produções consigam trazer novamente um ciclo saudável da economia audiovisual e tenha um crescimento positivo nas verbas que serão disponibilizadas”, analisa Marina.

Cineasta e produtora executiva, Marina Rodrigues (Foto: Reprodução Instagram)
Logo após a divulgação do investimento, a diretoria colegiada da Ancine lançou dois novos editais de cinema no início do mês de abril. Ambos fazem parte da chamada pública do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), fomentando mais de 163 milhões em investimentos em longas-metragens brasileiros independentes para as salas de cinema.
As chamadas públicas trazem como objetivo o alcance de empresas produtoras, desenvolvendo um arranjo de negócio entre produtoras e distribuidoras, além de um grande número de projetos audiovisuais: Complementação, Produção, Coprodução internacional, Via distribuidora, Novos Realizadores e Desempenho comercial. A iniciativa conta com mais de 1.400 projetos, que serão divulgados em seis chamadas públicas.
Além disso, a agência considerou novas ações referente ao apoio para os pequenos exibidores. A partir da nova estratégia adotada pela FSA, estão em fase de análise diversos projetos que estimulam a criação de novas tecnologias e infraestrutura, resultado das linhas de crédito do Fundo Setorial do Audiovisual no valor de 387 milhões, cujo objetivo é a geração de renda, emprego e inclusão.

Cerimônia de posse da ministra da cultura, Margareth Menezes (Foto: Mauro Pimentel/AFP)
Mesmo com os impactos positivos gerados após a divulgação, é inevitável que o setor mantenha dúvidas e anseios de pautas que ainda seguem sem um posicionamento claro por parte do mercado audiovisual brasileiro e temas como a regulação do streaming seguem crescendo cada vez mais.
“Atualmente, o maior desafio do setor audiovisual está na incerteza de como a agência vai lidar com o tema da regulamentação do streaming. A pressão por parte do setor vem sendo crescente, ainda não há um posicionamento claro da agência e nem do Ministério da Cultura quanto a isso. A pauta é mais do que urgente e a possibilidade de regulamentação ainda em 2023 é o que mais se anseia”, conclui.
Um novo ciclo para o audiovisual
Ainda nesse contexto e olhando para o cenário futuro, a Ancine considerou novas iniciativas para dar prioridade, estabelecendo uma nova proposta na agenda regulatória 2023/2024, o órgão público identificou novas possibilidades de estruturas que ampliam a oferta de serviços audiovisuais, determinando a renovação da cota de tela no cinema. Vencida desde setembro de 2021, a nova proposta visa abandonar as cotas por dias e focar em sessões.
“É preciso ter cautela ao avaliar esta proposta, por mais que ela seja interessante ao momento que se vive o cinema, é preciso cobrar da Ancine soluções quanto a fiscalização das salas e o cumprimento das cotas. É um desafio grande”, explicou Marina.
De modo geral, os anúncios e a repercussão são de extrema importância para o futuro do audiovisual brasileiro, porém é necessária uma atenção maior por parte do setor para entender e cobrar maiores explicações.
