Usuários que não aderiram ao Twitter Blue têm selo de verificação removido

Por Ricardo Praxedes

O Twitter removeu, no dia 20/04, o selo de verificação dos usuários que não passaram a pagar pelo serviço. Perfis de destaque em diversas áreas na plataforma foram afetados pela mudança: desde o youtuber Felipe Neto até o divulgador científico Átila Iamarino.

A alteração ocorreu após o lançamento do Twitter Blue, uma assinatura mensal paga que permite que qualquer usuário comum obtenha o selo azul. Anteriormente, a distinção era concedida a personalidades, jornalistas, divulgadores científicos e marcas corporativas somente após a comprovação da autenticidade e relevância da conta.

Para a professora e pesquisadora da Unesp, Angela Maria Grossi, as consequências dessa remoção são muitas. “A remoção do selo de verificação é um retrocesso, quando você tira a verificação, você dá margem para que pessoas criem perfis parecidos [com perfis legítimos]. Podemos ter outras questões como discurso de ódio, [esses perfis] podem ser porta para crimes como já ocorre no caso de grupos extremistas”, destacou.

Um dia após a remoção, já era possível observar os efeitos da nova funcionalidade. No dia 21/04, uma postagem na rede do Ministro da Justiça, Flávio Dino, foi respondida por uma grande quantidade de usuários portadores do selo de verificado, dificultando a distinção de opiniões relevantes.

“Não é somente a retirada de um símbolo, você está dizendo que, a partir daquele momento as regras podem ser flexíveis. Isso irá acontecer com muita frequência, há grupos muito poderosos que estimulam a desinformação para lucrar”, pontua a professora.

Simultaneamente, usuários contrários ao Twitter Blue criaram uma campanha para se manifestar utilizando o slogan “#BlockTheBlue”. Uma conta com o mesmo nome da hashtag chegou a ser criada, mas logo foi suspensa.

Redes sociais como Twitter, Google e Facebook vêm enfrentando questionamentos em relação à forma como lidam com a desinformação na internet. Na terça-feira, 25/04, foi aprovado em regime de urgência na Câmara dos Deputados a análise da PL das Fake News que pretende fiscalizar conteúdo nocivo publicado nas redes.

“É importante que cobranças sejam feitas pelos governos para garantir a integridade dos cidadãos dos seus países. Essa regulação já existe na comunidade europeia, que foi a primeira a aprovar esse tipo de legislação” comenta a especialista.

Em outubro de 2022, o Twitter foi adquirido pelo bilionário Elon Musk pelo valor de R$44 bilhões. Desde então, a plataforma vem passando por modificações como a adoção do novo modelo de assinatura, a redução no número de funcionários, além das postagens polêmicas de seu novo dono.

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