Por Isadora Lombardi

Livraria Curitiba expõe cartaz com os livros que fizeram sucesso no aplicativo
Foto: Equipe Livrarias Curitiba
O aplicativo de vídeos curtos “TikTok”, se tornou uma febre entre os jovens, principalmente durante os anos de pandemia. Acredita-se que o sucesso do app se deu pela rapidez e praticidade de acesso aos conteúdos, um vídeo que duraria 20 minutos em outras plataformas, pode ser visto em 60 segundos. Para aqueles com uma rotina cheia, se tornou o tipo ideal de entretenimento.
Contudo, assim como toda rede social, o TikTok carrega a reputação de apresentar apenas futilidades aos seus usuários. Esse julgamento não poderia estar mais equivocado, pois o aplicativo ressuscitou uma prática que há muito tinha se perdido: o hábito da leitura entre os jovens.
A personalidade despretensiosa e despojada da Geração Z é a grande responsável pelos sucessos do “Booktok”, o nicho de livros do aplicativo. Os “booktokers”, influencers que indicam os livros, aproveitam de seu comportamento jovial e carismático para atrair a atenção dos usuários.
Daniella Porto, estudante de Direito e criadora de conteúdo literário (@danificticia) alcançou a marca de 1,3 milhão de curtidas no aplicativo, e explica que tudo aconteceu de uma maneira extremamente natural.
“A forma como eu prendo a atenção das minhas amizades (que é como eu sinto e chamo meu público), vem mais da forma natural e exposta da minha personalidade na hora de gravar meus vídeos, tanto que como vocês podem ver é somente eu no meu quarto tagarelando para o celular sobre tudo que senti com o livro, considero real vocês minhas amigas, então é tudo sem filtro e recheado de surtos”, relatou a influencer.
A booktoker também explica que dificilmente segue roteiro, já que seu foco é expressar suas opiniões sobre o livro e manter a casualidade de uma conversa entre amigos.
“A maioria dos vídeos de resenha eu pego pra gravar assim que acabo de ler o livro, porque meus sentimentos (ruins ou não) estão aflorados e prontos para serem disparados frente a tela do celular. Eu sigo este mesmo caminho e exteriorizo para vocês, minhas amigas literárias, tudo que eu senti em cada cena (sem spoilers, claro) para te gatilhar a ler a obra e se juntar a mim nos meus surtos”, explica.
A febre do booktok não se limitou apenas às redes sociais. Diversas livrarias do país começaram a criar seções de livros que bombaram no aplicativo. “Queridinhos do TikTok” é o título que vem atraindo os jovens para dentro das lojas. Em uma entrevista para a CNN Brasil, Rafaella Machado, editora-executiva da Galera Record, descreve a necessidade de estar antenada para as novas sensações do aplicativo, pois através deste que ocorre busca de novos títulos para publicação.
“O TikTok foi tão revolucionário para a gente que, se ninguém consegue me explicar em 30 ou 60 segundos sobre o que é um livro, eu nem compro mais os direitos”, disse a editora-executiva.
O fenômeno do Booktok começou a crescer e não parou desde então, promovendo um aumento de 30% no consumo de livros um ano após o início da pandemia, e talvez essa nova tendência fosse o fator necessário para aproximar o jovem do mundo literário, e democratizar cada vez mais o acesso a essa cultura.
“É explícita a influência das redes sociais no hábito de leitura, porque a todo momento estamos vendendo um sentimento. O criador literário te convence muito a querer sentir aquilo que ele sentiu ao ler determinado livro. É muito gratificante ter o nicho das Bookredes reconhecido, porque a luta pela educação e na transformação do Brasil de um “país de não-leitores” para um país de leitores deve continuar, e de pouquinho em pouquinho nós lutaremos para a democratização do acesso aos livros e a inclusão do hábito de leitura em todo o país”, explica Daniella Porto.
