A família tem sido submetida a uma série de desafios. Um deles é como lidar com a crescente onda de violência presenciada nos ambientes escolares.
Por Luísa Motta e Marina Merli
Todos sabemos que o ambiente familiar e o comportamento dos pais influencia a educação dos filhos, sendo um fator fundamental para a formação do indivíduo. A violência que ocorre dentro da família, nas relações afetivas formadas por vínculos de parentesco, civil ou de afetividade, são as que mais afetam e contribuem para o desenvolvimento de problemas psicológicos em diferentes níveis de gravidade.
Em abril, houve uma série de ataques que ganharam destaque na imprensa nacional, o que eles tinham em comum? Aconteceram em ambientes escolares. Além disso, uma semelhança entre os assassinos chama a atenção: a estrutura familiar danificada. Seja por abusos físicos, psicológicos, negligência emocional e familiar.
Para a psicóloga clínica Flávia Batista, de Passa Quatro, Minas Gerais, a importância do núcleo familiar no desenvolvimento social do indivíduo é fundamental. “A família é o primeiro local onde o ser humano se percebe como indivíduo, onde adquire seus princípios e valores, o comportamento do indivíduo reflete, principalmente na primeira infância e na adolescência, o modelo percebido no ambiente familiar”, diz.
Ela explica ainda que “quando o indivíduo começa a socializar no ambiente externo ao lar, certamente ele reproduzirá os comportamentos que vivenciou no ambiente familiar, sendo assim, inevitavelmente será percebido em outras esferas as características que este trás ao se relacionar, sejam elas violentas ou não”.
Um exemplo claro é a mãe do autor dos ataques a Escola Estadual Thomazia Montoro, que declarou ciência do interesse do filho em ataques no ambiente educacional, através de grupos nas redes sociais. Entretanto, a responsável não tomou nenhuma medida efetiva ou sequer respondeu às intimações do conselho tutelar, do qual já havia sido acionada devido ao comportamento suspeito do filho.

Especialistas concordam que a sociedade exerce um papel crucial, pois justamente a exclusão dela é uma das causas cardinais que leva o cidadão a cometer tais atos. “Sempre é possível tratar um indivíduo com problemas psicológicos, deve-se sempre levar em consideração não só os tratamentos farmacológicos e terapêuticos, mas também as condições sociais”, explica a psicóloga. “Há de se tratar além do indivíduo, o ambiente em que ele está inserido”, complementou.
Segundo a especialista, a escola funciona como suporte para o aluno e para o alicerce principal, que é o meio familiar, maior responsável pela saúde mental dos jovens. “A família tem papel fundamental nesse contexto, a escola pode perceber e até apontar as questões do indivíduo no ambiente escolar, mas quem deve tratar e estar atento a esse indivíduo é quem efetivamente tem o papel de cuidador deste”.
Flávia explica também que é necessário que esses cuidadores estejam atentos e vigilantes a essa criança ou adolescente. “Não apenas no que fazem de certo ou errado, mas no que sentem e expressam, nesse sentido é fundamental um olhar mais cuidadoso, estabelecer um diálogo aberto, onde esse indivíduo se sinta seguro para falar, para ser, e para sentir”, finaliza ela.


Com certeza é preocupante essa situação não só brasileira, mas mundial. Matéria bem descritiva sobre o assunto. Ótima dissertação!
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