BookTokers estimulam a venda de livros

Ferramenta criada pelos TikTokers permite a divulgação da literatura

Por Bianca Luísa dos Santos

Desde 2020, o TikTok vem sendo uma das redes sociais mais usadas no mundo, já que oferece uma gama muito grande de opções de entretenimento e supre todos os gostos de todas as idades. Atualmente, esta rede é muito conhecida por suas trends de danças ou até mesmo de comédia, porém existem outros nichos inclusos no TikTok, com infinitas possibilidades. O app de vídeos curtos viabiliza o criador de conteúdo usar sua imaginação e ir para diversos universos. Pode-se dizer que existem várias “caixinhas” na plataforma e cada uma delas leva para um lugar diferente, uma vai para dança, outras para as músicas mais tocadas no momento, outras para filmes, e assim por diante, assim como caixas em uma sala de arquivos.

O que ficou conhecido como fenômeno BookToker no Brasil é a exploração de um dos grupos existentes na plataforma. São os criadores de conteúdos focados na divulgação e discussão de livros. Este meio ficou muito conhecido no país e virou uma “febre” entre os adolescentes e jovens adultos, que com isso começaram a levar em consideração os livros mais comentados na internet para a escolha de suas próximas leituras. Isso instigou a volta do consumo de livros no país, algo que estava em queda nos últimos anos.

Normalmente, as pessoas que criam este tipo de narrativa são os BookStans, que são aquelas pessoas viciadas, são Stalkers e Fãs ao mesmo tempo, aqueles que seguem os livros e suas histórias para onde elas forem, as indicam e interagem com seus personagens, entram no mundo da literatura de cabeça e com a divulgação do mesmo nas redes sociais e levam pessoas consigo.

Tiago Valente que é um dos BookTokers mais famosos do Brasil e que também é um dos pioneiros desta cultura no país, começando com clássicos e expandindo para outros estilos, contando suas premissas de forma mais criativa, interativa, mais dinâmica e educativa. Algo que encanta quem o acompanha e induz às pessoas a voltarem a ter seus hábitos de leitura de forma agradável e como meio de diversão e não obrigação. “Essa questão da influência é o que mais me assusta e o que mais me preocupa e isso me preocupa todos os dias”, afirma Tiago. “Sei que todo livro que eu indicar existe a probabilidade muito grande de, pelo menos, uma pessoa ler e eu sei quanto custa livro, então, se a pessoa vai gastar o dinheiro dela por conta de uma indicação minha eu realmente quero que esse livro seja bom para ela”, completa ele.

A hashtag BookTok (#booktok) já tem mais de 131 bilhões de views no mundo e tem exercido cada vez mais influência dentro da comunidade. Quanto mais esse tipo de conteúdo chega para os jovens, mais eles têm vontade de entrar neste mundo como leitores. Pode-se dizer que o fenômeno foi fundamental para o aumento de consumo e compra de livros nos últimos anos. Segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) houve um aumento de 33% da compra de livros apenas em 2021 comparado a 2020, o que é um dado muito significativo levando em consideração a anterior falta de incentivo.

“Teve um dia em que eu fiz um vídeo de ‘Vermelho Branco e Sangue Azul’ e em questão de dois dias o vídeo bateu 300 mil visualizações. Comecei a receber mensagens de amigos que trabalhavam em livrarias e pessoas que estavam levando meu vídeo e mostrando para os vendedores. Isso foi muito maluco, isso mexeu muito comigo”, explica Tiago. Ele diz que em pouco tempo o livro esgotou nas livrarias.

É notável que o BookTok é um meio instigador e incentivador da cultura,  que é necessária todos os dias, atingindo e mudando de formas distintas cada uma de nossas vidas e isto é muito importante. A literatura precisa ser reerguida e com ela o mundo pode ser mudado e este, com certeza, é um recurso assertivo nesta questão.

“A arte é atravessar pessoas com sentimentos e com sensações. Eu gosto de pensar no meu conteúdo com arte, cada vídeo que eu faço para mim é minha obra de arte e eu espero atingir as pessoas, acho que todo tipo de arte tem esse poder, mas eu vou insistir e achar que os livros fazem isso de um jeito muito especial”, conclui Tiago.