Com treinos na Unesp, curso de xadrez em clube e uma equipe forte, o esporte ainda sofre com a falta de divulgação na região

MATEUS FERREIRA

Xadrez: um esporte, uma ciência, uma arte, um jogo de tabuleiro milenar ou simplesmente xadrez ocidental ou internacional, que é como conhecemos. Nos últimos anos, o esporte teve seu momento de brilho após a série da Netflix ‘’O Gambito da rainha’’ se tornar uma das mais assistidas em 2020. Cursos, campeonatos regionais, campeonatos mundiais e até mesmo profissionais dedicados ao esporte foram surgindo. Ou seja, não é só coisa da série. O esporte tem muitos competidores e participantes na região de Bauru.

Um dos lugares que promovem o esporte na região é o Luso Bauru, que está com vagas para o curso abertas e previsão de início das aulas agora para o começo de fevereiro de 2023. As aulas do curso têm como professor o enxadrista Eric Piassi, que possui experiencia nacional e internacional. Eric é autor de livros de xadrez e árbitro da Confederação Brasileira de Xadrez, além de campeão paulista e brasileiro da modalidade.

Carlos Samuel Barbosa Macario, assistente de planejamento, conheceu o xadrez em projetos na infância, há 17 anos. Foi aluno de Eric e também já deu aulas do esporte no BTC. “Quando eu tinha 6 anos de idade, gostava de ir à escola da família, que é um projeto aonde as crianças vão na escola nos fins de semana pra passar o tempo jogando e brincando. Eu sempre ficava aprendendo a jogar os jogos de tabuleiro, e chegou um momento que eu já sabia como jogar todos eles, com exceção de um jogo, que meu irmão falava que era muito difícil e nem ele sabia jogar direito, o xadrez’’, relembra Carlos. Foi aí que Carlos se apaixonou pelo esporte e foi se aprofundando ainda mais, descobrindo assim a emoção de participar de campeonatos.

Além do Luso, a própria Unesp de Bauru conta com um grupo de xadrez no WhatsApp, que segundo João Carlos Scheffer, Designer de Produtos e aluno da Unesp, conta com aproximadamente 48 membros. ‘’No nosso Grupo do WhatsApp estamos com 48 membros. Os horários dos treinos são definidos no início do ano, mas normalmente, tentamos nos reunir ao menos 1 vez na semana’’, explica ele, que tem dez anos de experiência em xadrez. Os treinos, realizados pelo menos uma vez na semana são abertos para todos os alunos da Unesp ou da cidade de Bauru.

O esporte na região e a sua falta de divulgação

Mesmo com uma comunidade forte na região, torneios e profissionais, o esporte ainda sofre muito com a pouca divulgação e até mesmo apoio. Carlos acredita que o esporte é muito forte na região por conta dos próprios jogadores que alavancam o jogo. “Diferente de muitos lugares no Brasil, onde o xadrez é tratado como só mais um jogo de tabuleiro, na nossa região até que o esporte é bem mais valorizado. Quando eu comecei a participar de torneios, aos 13 anos, tinha uma pessoa que praticamente fomentava o xadrez na região, o Eric Piassi, um jogador muito forte que é árbitro nacional de xadrez, eu diria que pelo menos 70% dos torneios de xadrez que eu participei foram organizados por ele, com jogadores de muitas cidades próximas, como Lençóis Paulista, Bariri, Agudos, Araraquara, Jaú.’’

Carlos ainda comenta que essa visibilidade abre as portas para o esporte na região, onde teve a oportunidade de até ministrar algumas aulas. “Por ter uma visibilidade bem grande, nós conseguimos criar vários projetos, onde levamos o xadrez para as escolas e os clubes de xadrez. Além disso, esses projetos formaram grandes jogadores, atualmente temos 6 mestres nacionais que residem em Bauru e participam dos torneios da cidade”. Carlos explica ainda que Bauru já foi a terceira melhor cidade do estado, estando no pódio dos Jogos Abertos em 2018. “Temos a presença de dois dos melhores jogadores do Brasil representando a cidade, o GM Krikor Sevag Mekhitarian, atual número 3 do Brasil, e o GM Yago de Moura Santiago, atual número 8 do Brasil, além de outros grandes jogadores que carregam alguns títulos pela cidade de Bauru”.

Na Unesp de Bauru, que no último ano sediou um dos maiores eventos universitários esportivos O Inter, contou com competições de xadrez e a equipe de Bauru saiu vitoriosa. ‘’Fomos para a competição com duas equipes, uma masculina e uma feminina. A nossa equipe masculina era composta de 5 jogadores, 3 titulares e 2 reservas. Nós entramos nos campeonatos como favoritos e acabamos ficando em 1º lugar no masculino’, conta João Scheffer.

Mesmo com essa vitória no evento, João acredita que falta muita divulgação no esporte. “Tanto no nível local, na Unesp, quando geral. No geral, quase não há divulgação dos campeonatos em grandes mídias, muito se fica sabendo por grupos ou pessoas ligadas à organização. Já no nível local, o xadrez ganha um post ou outro durante o ano pela Atlética e o maior meio que as pessoas ficam conhecendo sobre os treinos é através de amigos. Como muitos outros esportes não convencionais, o xadrez em Bauru é movido pelos seus próprios membros, que acreditam no potencial dos seus atletas, e que mesmo com um currículo vasto e de nível internacional, mal são divulgados pela mídia local. A experiência dos enxadristas bauruenses pode significa uma esperança de que este esporte milenar e com tanto potencial na região tenha seu devido valor reconhecido.

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