JOÃO PEDRO VAZ MARTINEZ

A energia solar tem se tornado uma alternativa limpa e sustentável no mundo todo. No Brasil, não tem sido diferente. As placas solares estão sendo adotadas pela população como opção econômica e sustentável de energia e as empresas responsáveis por produzir este equipamento têm ganhado cada vez mais destaque.

Em setembro de 2015, a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável definiu 17 objetivos a serem alcançados até 2030. Estes objetivos estão interconectados e buscam superar os principais desafios de desenvolvimento enfrentados pelo mundo na atualidade. Foram definidas metas referentes aos direitos humanos, igualdade social, preservação do meio ambiente e combate às mudanças climáticas, entre outros desafios da atualidade.

O objetivo número 7, energia acessível e limpa, é o único que pode ser alcançado no Brasil, até 2030, dentro do contexto atual, segundo os relatórios da ONU. Não por acaso: segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a fonte solar fotovoltaica atingiu a marca de 23,9 gigawatts de potência operacional instalada no país, se tornando a segunda matriz elétrica do país, atrás apenas da matriz hídrica.

ODS 7: Energia limpa e acessível – Foto: http://www4.planalto.gov.br

Ainda de acordo com a ABSOLAR, desde 2012 o setor de energia solar trouxe mais de R$120,8 bilhões em investimentos ao Brasil, gerando 705 mil empregos. E a expectativa é que o número de empregos chegue a 1 milhão ainda em 2023. Dessa forma, é possível observar que, além da preservação do meio ambiente, a energia solar também contribui para a economia do país e consequentemente, para o bolso da população.

Posto que a energia solar tem ganhado cada vez mais protagonismo no Brasil, chegou a hora de entender como ela funciona. Primeiramente, o Brasil é um território propício à produção da energia solar graças a suas regiões planas e alta incidência solar, tornando mais simples e eficiente a produção e armazenamento.

Mas a verdadeira questão é: quais são os benefícios na prática? O principal recurso das placas fotovoltaicas é a geração de energia gratuita, já que não é necessário “pagar” pela luz do sol. Mas além das vantagens para o bolso, utilizar os módulos solares também tem muitos outros impactos positivos. Desde a sustentabilidade e cuidado com o meio ambiente até a geração de empregos.

A estudante de Medicina Leticia Biller, de 21 anos, aderiu à energia solar e, segundo ela, mudou a maneira que ela e a família consomem energia no dia-a-dia: “além da economia, nós sentimos algumas mudanças em relação ao nosso banho, por exemplo. Nos dias mais nublados, por conta da falta de luz solar, as placas não conseguem aquecer a água do chuveiro”, conta. “Já em dias quentes e com mais sol, a água fica fervendo, por isso nós sempre prestamos atenção”, complementou a estudante.

Leticia e a família já utilizam placas solares, porém apenas para aquecimento de água: “Com o passar do tempo, a nossa conta de luz começou a vir cada vez mais cara, por isso nós decidimos usar para produzir energia elétrica e economizar bastante na conta no final do mês”.

É possível observar que a economia nos gastos com eletricidade é um ponto positivo para a energia solar, contudo nem tudo são flores. Apesar dos incentivos criados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2012, que impulsionam o uso de sistemas de energia solar, a instalação do equipamento continua caro para a maioria da população brasileira.

Os preços podem variar de acordo com vários fatores, como os fornecedores e o local da instalação, por exemplo. Em média, instalar o sistema em uma residência pode custar entre R$15 mil e R$50 mil. Enquanto para empresas pequenas o valor pode ser de R$10.323,00. Para indústrias, este valor pode ser de R $36.157,14. Estes dados são da Portal Solar, maior empresa do ramo no Brasil.

Leticia comentou que a instalação do equipamento em sua casa foi bem cara, mas pelo menos não foi complexa: “Os meus pais contrataram uma equipe para realizar a instalação da maneira mais correta e segura possível. No final deu tudo certo!”.

Os valores podem ser um obstáculo para quem deseja aderir a esta tecnologia. Entretanto, é importante ressaltar que o valor economizado com o uso das placas pode até ultrapassar o preço da instalação, demonstrando que no final das contas, vale a pena. Segundo o Portal Solar a utilização das placas fotovoltaicas gera economia de 50% a 95% na conta de luz.

De fato o impacto econômico é muito positivo. Contudo, de que maneira essa alternativa de energia pode ajudar a preservar o meio ambiente e o nosso planeta ?

O Eletricista de Instalação, Gabriel Garcia de Castro de 26 anos, explica que as energias renováveis têm um papel extremamente importante para a criação de um futuro mais sustentável: “Se trata de uma energia totalmente limpa , além de você usar somente o sol e seus raios u.v para gerar energia você ainda evita a degradação ambiental.”.

Gabriel é funcionário da Azimuth Energias Renováveis, uma empresa de Americana-SP, fundada em 2019. A Azimuth realiza a venda e instalação das placas solares. Sua missão é promover o desenvolvimento sustentável da sociedade através da execução, projeto e manutenção de sistemas de energias renováveis.

O eletricista acredita que, com a expansão das energias renováveis,  fontes de energia mais prejudiciais ao meio ambiente, como a fóssil e a termelétrica, por exemplo, caíram em desuso nas próximas décadas: “Essa energias serem prejudiciais ao meio ambiente já é um motivo muito forte para ficarem de lado, ainda mais quando surgem opções de energias totalmente sustentáveis.”.

Ele continua: “hoje vemos muito mais pessoas preocupadas com o planeta, e a energia solar veio para, além de ser sustentável, também ser economicamente mais viável”.

Apesar de todos os benefícios da energia solar e o potencial climático do nosso país, o Brasil ainda não é tido como um líder na geração de energias renováveis. Gabriel entende que apesar de todo crescimento nos últimos anos, o Brasil fica muito atrás de outros países por falta de incentivo do governo e um pouco de falta de informações: “acho que seria extremamente importante toda a população estar ciente da existência dessa ‘nova’ energia.”.

Ainda que as energias renováveis sejam uma das peças para um futuro mais sustentável, Gabriel ainda enxerga entraves que dificultam a expansão das energias limpas e renováveis no Brasil: “A falta de políticas públicas eficientes que podem consolidar o mercado e o alto custo atual para fomentar o mercado no Brasil. A participação do setor privado seria fundamental para a expansão do mercado de energias renováveis”.

Dessa forma, é possível observar que a energia solar ainda tem muitos obstáculos a superar. Contudo, a ideia de gerar energia de maneira limpa e sustentável é fundamental para que a ODS 7 seja atingida e o Brasil esteja mais perto do ideal de sustentabilidade previsto pela ONU.

Seus benefícios para o meio ambiente são imprescindíveis. Com o mercado em alta, é possível esperar que nos próximos anos a energia solar se consolide ainda mais, ajudando muitas pessoas com a economia de gastos com energia elétrica e com a geração de milhares de empregos.

Como essa tecnologia funciona?

O sistema fotovoltaico é formado pelo painel solar e um sistema de armazenamento de energia. O painel é o equipamento responsável pela captação da energia luminosa do sol e a sua conversão em energia. Esta parte do equipamento é a mais visual: é possível observar as placas nos telhados das casas, uma cena comum nos dias atuais no Brasil.

            Casa com painéis solares no telhado – Foto: freepik.com

O ideal é posicionar o painel de forma que ele receba o máxima de luz solar possível ao longo do dia. Na maior parte dos casos, o material utilizado no painel é o silício, contudo também pode ser utilizado outros materiais, como células de filme fino. Neste caso, os custos são menores, contudo a energia captada também é.

Existem dois tipos de painel solar. Um deles utiliza a luz do sol como forma de aquecer a água da casa. Formada por uma superfície escura, a placa absorve a energia solar e a transforma em calor, aquecendo a água, que fica armazenada nos reservatórios. O outro tipo de painel é utilizado como gerador de energia elétrica.

Ele é feito de células fotovoltaicas, construídas com um material semicondutor. Seu funcionamento é simples: as partículas de luz solar, chamadas de fótons, atingem a placa e entram em colisão com os átomos que compõem o painel. Essa interação faz com que os elétrons se agitem, produzindo uma corrente elétrica, utilizada como energia pela casa. O que não é consumido, é armazenado para consumo posterior, como em casos de dias chuvosos ou nublados, quando não há sol.

Dois modelos de placas solares são vendidos no mercado hoje: o painel monocristalino e o painel policristalino. O painel monocristalino é o modelo mais antigo, contudo o mais eficiente. Esse tipo de painel precisa de menos espaço para geral a mesma quantidade de energia que o painel policristalino. Este, por sua vez, é um painel que costuma ser mais barato e sustentável.

O padrão de vida útil de um painel é de 25 anos funcionando em pelo menos 80% da sua eficiência original. Contudo, é importante saber que quanto mais o tempo passa, mais a eficiência das placas cai. É impossível evitar essa deterioração do material, visto que ele fica exposto ao sol e a chuva durante muito tempo. Diante dessas condições, qualquer material acaba se desgastando.

Quanto à quantidade de energia gerada, é fundamental entender que aquele que adota a energia solar também deve estar preparado para o racionamento da energia, para que não falte em momentos em que não há sol.

De toda forma, a produção de energia vai depender de vários fatores, como  a potência da placa, o tamanho da área dedicada à instalação, fatores climáticos e sombreamento. Ainda sim, as placas de energia solar são capazes de produzir 200 Wp(Watt-pico)  que geram cerca 800 a 1300 Wh(watt-hora) por dia (8 horas diárias).

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