26 Jan. 2023
Laura dos Santos
O número de animais vítimas de maus-tratos ou abandono em todo país chega a mais de 30 milhões com base em dados de 2021 divulgados pela OMS. Em Bauru, só no ano de 2020, foram feitas 614 denúncias de maus-tratos, havendo um aumento no ano de 2021 para 1073 casos até o mês de novembro, segundo dados do Diário Oficial da cidade.
Borika Hegyessy é a principal responsável pela Ong “Abrigo da Borika”, que fundou há 15 anos. Ela conta que naquela época “apareceu uma cachorrinha idosa na porta de casa, ela me escolheu, já tínhamos vários cães mas ela tomou meu coração. Daí em diante tudo mudou, mergulhei fundo na causa, fiz muitas amizades e centenas de resgates. Depois veio a ideia do abrigo e estamos aqui na luta ainda”.
A causa animal ainda é um tema com pouca visibilidade na sociedade e exemplos como o de Borika ainda são escassos, e possuem pouca atenção de órgãos públicos, dificultando cada vez mais causas de resgate, castração ou auxílio para os animais vítimas de maus-tratos.
O maior conflito que os projetos enfrentam atualmente é o financeiro. “Levantar recurso financeiro para o pagamento das castrações é nossa maior dificuldade”, afirma Tatiane Martins, umas das três responsáveis pelo projeto “Castramor”, causa voltada para a castração voluntária de animais, assim contribuindo para o controle populacional e diminuindo o número de animais abandonados.
“O poder público não se importa com os animais, toda ajuda é 100% de pessoas e pequenas empresas que simpatizam com a causa”, comenta Borika. Ela conta que a maior problemática atual em seu abrigo é a ração “Usamos 60 kg de ração de cães por dia e 10 kg de ração para gatos”, e por terem atualmente 293 animais resgatados, entre cães e gatos, se torna uma recurso base e de extrema importância para o projeto.
Simpatizantes da causa, pequenas empresas e muitas vezes os esforços dos próprios membros do projeto fazem com que causas como essas não sejam esquecidas e se mantenham ativas. O projeto “Eco patinhas” é um exemplo de voluntarismo tanto pela causa animal como também pelo meio ambiente, voltado para arrecadar e fazer a separação de tampinhas plásticas, vender para empresas de reciclagem e com o dinheiro arrecadado o projeto faz a castração de animais carentes.
Fabiana Gonzalez está no projeto desde julho de 2019, é umas das coordenadoras, e explica a importância desse trabalho para a sociedade. “Traz para a sociedade educação, conscientização e responsabilidade na área ambiental e também na causa animal”.
Uma adoção responsável é uma das principais ajudas que os abrigos de resgate procuram. Renata Villas Bôas trabalha na área de Gestão de Pessoas da Administração Geral do Campus da Unesp de Bauru, e é responsável pelo projeto “Terra dos Patudos”, voltado para os gatos que vivem na universidade. “Temos o compromisso de alimentar os animais, bem como castrar as fêmeas e os machos. Quando surgem filhotes, tentamos encaminhar para lares temporários, mas muitas vezes os levamos para nossas próprias casas. Após a adoção definitiva, nos responsabilizamos pelas primeiras vacinas e pela castração, como uma forma de incentivar a adoção”.
Renata também explica o conceito de animal comunitário. “A Lei 12.916, de 16/04/2008, que dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos, menciona, em determinado parágrafo, a questão do ‘cão comunitário’, ou seja, ‘aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, embora não possua responsável único e definido’. Podemos, portanto, estender essa definição aos gatos do campus, que se instalaram aqui, vindos de bairros próximos, ou que foram abandonados no entorno. Por esse motivo, transformaram-se em animais comunitários”. Ela fez desse conceito uma das principais motivações para a criação do projeto.
Projetos como “Castramor”, “Eco Patinhas”, e todos os outros abrigos e causas voltadas aos animais são exemplos para a sociedade e mesmo com poucos recursos fazem um grande e importante trabalho social, que impacta a vida de muitos animais que se encontram indefesos. Além de fazer a diferença na vida de membros e pessoas envolvidas no projeto.
“Eu era uma pessoa que só pensava em crescer profissionalmente e em ter bens materiais. Eu abdiquei de tudo, minha vida é 24 horas em prol do abrigo. Quando você vê um ser indefeso sem voz , doente, morrendo na rua sem socorro e você tem a oportunidade de dar uma segunda chance pra ele, você socorre, vê o progresso, vê a alegria e o amor sincero nos olhos deles, não tem preço!”, conta Borika.
Renata sente-se orgulhosa da importância que o projeto teve em sua trajetória. “Superei muitas barreiras e venho me aperfeiçoando para conseguir fazer um ótimo trabalho de proteção, resgate e, muitas vezes, encaminhamento para adoção. Cálculo que, até hoje, conseguiu destinar mais de 100 gatos para lares definitivos. Não é um número baixo, e me orgulho disso”.
Conheça o Instagram dos projetos:
@abrigo_da_borika
@castramor
@projetoecopatinhasbauru
@terradospatudos
