POR VINÍCIOS COTRIM

Daniel Pedreira Senna Pellegrine, conhecido principalmente como MC Daleste, foi um dos maiores cantores de funk do início da última década. Infelizmente, sua carreira foi interrompida com um assassinato, que aconteceu em um de seus diversos shows, em Campinas, no interior do estado de São Paulo. O músico levou um tiro no peito, no dia 7 de julho de 2013, e não sobreviveu ao atentado.

Antes do assassinato, Daniel lançou diversos sucessos como Ipanema, Angra dos Reis e Mãe de Traficante, todas com um estilo muito diversificado, mostrando sua versatilidade dentro de um mesmo genêro. Além disso, ele foi um dos primeiros MCs que teve um clipe com grande produção no funk. A maioria de suas músicas ultrapassam a casa dos milhões de visualizações, algo incomum na época.

Mesmo com poucos anos de carreira e apenas 20 anos de idade, Daleste sempre é lembrado como um dos maiores cantores de funk da história do país, revolucionando o gênero e utilizando das plataformas digitais, como o Youtube, para expandir seu público. Para Renato Barreiros, produtor audiovisual que trabalhou com o cantor, “o Daleste conseguia compor em qualquer vertente do funk e foi um rapaz que conseguiu estourar sem qualquer outro meio de divulgação que não fosse suas músicas no Youtube em canais de jovens que gostavam de funk. Todo o sucesso do Daleste ocorreu de uma forma muito espontânea”.

Foto: Reprodução

Com “apenas” esse feito, Daleste deixou o plano terrestre, sendo inspiração para diversos garotos e MCs que atuam no atual movimento, como MC Hariel. João Pedro, estudante de 22 anos e morador da Zona Norte de São Paulo, relembra a época que o cantor estourou na capital. “Foi um fenômeno. As músicas dele tocavam em todo lugar. Acredito que um dos motivos para tanto ‘hype’ foram as letras, que traziam mais a ostentação, o que instigava o desejo dos garotos de ter o que ele possuía”.

Daleste foi um dos precursores do chamado ‘funk ostentação’, que tinha como estilo o sentido literal da palavra, de ostentar os ganhos da vida de funkeiro, como carros, viagens, dinheiro e jóias. Para Renato, “foi símbolo de uma época em que o funk era algo espontâneo sem o oligopólio das produtoras e dos investimentos sem impulsionamento nas redes sociais como é hoje”, ou seja, ele não foi protagonista apenas no funk ostentação.

João Pedro concorda e diz que “com certeza ele mudou o gênero. Há dez anos nem se imaginava como as mídias sociais ajudariam na carreira dos artistas. Agora, com os stories e vídeos no TikTok, todo o compartilhamento é facilitado. Na época dele, eram apenas festas e amigos ouvindo no celular, e mesmo assim rodou o Brasil inteiro”

Mesmo após quase dez anos de sua morte, suas músicas continuam tendo acesso nos streamings, mesmo que em número menor que na última década. Essa constância mostra uma grandeza no gênero, onde é sempre lembrado. Dessa forma, ambos os entrevistados afirmam que “ele foi o maior de seu tempo”.

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