LUIZ NASCIMENTO
O atual chefe do executivo Jair Bolsonaro (PL) perdeu na corrida presidencial para o ex-presidente Lula (PT), mas na eleição para a Câmara dos deputados, Bolsonaro conseguiu emplacar maioria, entre eles Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e Ricardo Salles, todos nomes grandes e conhecidos graças ao bolsonarismo recente no Brasil.
Todos esses são do PL, partido do presidente, que conseguiu 99 cadeiras na câmara, 31 cadeiras a mais do que o PT, partido do presidente eleito Lula. Isso gera um problema latente para a futura gestão do petista, já que ele vai enfrentar maioria opositora no congresso, o que implica que seus projetos terão muita dificuldade de passar pela aprovação dos deputados.
A graduanda de ciências sociais pela Universidade estadual de Campinas e pesquisadora da área Luiza Bertola cita que “o atual presidente também sofreu oposição na câmara, o que dificultou muito seu governo, mas Lula é muito mais experiente, já foi presidente por dois mandatos e elegeu uma sucessora.(…) já está muito familiarizado com esse problema, o que nos leva a crer que o governo passará sim por alguns percalços mas nada que não deixe uma margem de ação para o ex-presidente”
Mesmo antes de assumir a presidência, Lula já sofreu sua primeira derrota. Em sua PEC da transição o ex-presidente pedia a continuação do auxílio Brasil de 600 reais por todos os seus quatro anos de mandato,além do aumento de mais 145 bilhões de reais no teto de gastos para pagar o auxílio. Porém, após muita negociação e muitas limitações, no dia 22 de dezembro, a pec foi aprovada com apenas 1 ano de duração, isso com a colaboração do presidente da câmara Arthur Lira e o ex-presidente Lula, uma surpresa pois Lira era aliado de Bolsonaro e mesmo trocando de lado só conseguiu aprovar 1 ano de auxilio Brasil de 600 reais.
Coronel Prado (PTB), um político declaradamente conservador opina a respeito de como a nova bancada deve se comportar nesse ano de 2023: ‘a gente tem que ter bom senso, tem que ser sensato, por mais que você tenha uma determinada linha de raciocínio, aquilo que for bom para a população obviamente você tem que aprovar, independentemente de qual partido venha (…) agora, aquilo que não for favorável à população, e que seja contrário a qualquer princípio conservador, obviamente que a bancada vai votar contra’.
Outro problema que vai assombrar a nova gestão é o governador eleito no estado de São Paulo: Tarcísio Gomes de Freitas, este que era o candidato apoiado por Bolsonaro e conseguiu a vitória com relativa margem em relação ao seu rival Fernando Haddad do PT, candidato que era apoiado por Lula. São Paulo é o estado com maior PIB do Brasil, parte chave do país e é essencial que o presidente da república tenha apoio nesse estado, coisa que Lula não tem, principalmente por parte do novo governador Tarcísio.
A eleição de Tarcísio e dos deputados conservadores mostra a força que o bolsonarismo ainda tem no Brasil, mesmo o atual presidente tendo perdido a eleição, ele ainda conseguiu emplacar um governador no estado mais forte e vários deputados federais, tantos que dentre os cinco deputados mais votados, quatro são do PL.
A respeito de Tarcísio, Bertola também conta: “é notável a influência de Bolsonaro em São Paulo (…) Tarcisio é um desconhecido no estado, além de nunca ter sequer morado em São Paulo, não fez nada muito relevante para o estado durante sua gestão como ministro de infraestrutura do governo Bolsonaro, e mesmo assim foi eleito vencendo Haddad, um candidato que já foi prefeito da cidade de São Paulo e ministro da educação nos governos anteriores do ex-presidente Lula”.
Ela explica ainda que “‘mesmo fazendo alianças com o centrão, a esquerda está enfraquecida, não tem maioria e o nome do partido do ex-presidente Lula está manchado com o antipetismo existente no Brasil, tudo isso somado vai de fato dificultar a nova gestão de Lula em 2023”
