Com os problemas de sempre e com expectativas baixas, Renato Feder tem um longo caminho pela frente
MATEUS FERREIRA

Com problemas nas escolas desde muito antes da pandemia de 2020, a educação no brasil vem sendo arrastada para um ponto que não se tem mais esperança. Superlotação, desvalorização profissional, estresse e comportamento de alguns alunos sempre foi um problema no ensino brasileiro. Atualmente, os professores enfrentam longas jornadas de trabalho e o desafio de conciliar o sistema híbrido nas escolas. Além disso, seguir uma nova estrutura de ensino, que tem o objetivo de incrementar aulas técnicas, mas como consequência reduzir algumas matérias nas áreas de ciências e línguas.
De acordo com Paula Ferbones, professora de Sociologia e Filosofia em escolas de São José do Rio Preto, o novo sistema de ensino não está funcionando e está “tapando” os olhos da educação brasileira. “Vejo como se eles estivessem tapando os olhos para a realidade da educação brasileira, temos muitos alunos do 6° ano chegando analfabetos, e tenho alunos do 3° ano do ensino médio que são analfabetos funcionais. A maioria dos alunos do ensino médio não possui o conhecimento necessário de português e matemática, e justamente essas aulas terão redução no próximo ano”.
Já para Alessandra Alvetti, professora de Química desde 2011, formada em Física e atualmente cursando Pedagogia na Unesp, o novo sistema não funciona: “os resultados não tem se mostrado promissores. Os alunos, que ficaram encantados com a propaganda do Novo Ensino Médio, já enxergam o quanto estão sendo prejudicados em relação aos conteúdos não vistos devido aos Itinerários Formativos”.
Desvalorização e Falta de Investimento
Não é de agora que o nosso país vem ocupando uma das últimas posições nos rankings de educação mundial. Nas últimas pesquisas, o Brasil nunca subiu além do 59° lugar, ficando atrás de outros países da América Latina. Um dos motivos é a falta de investimento na educação pública.
Segundo Alessandra Alvetti, um dos motivos para isso acontecer é a falta de profissionais. “A Educação Pública no Brasil é algo desvalorizado por uma considerável parcela da sociedade, sendo a privada vista como a de qualidade. Essa parcela desconsidera os investimentos escassos tanto na escola quanto no profissional da educação, visto que há a falta de profissionais (sem concurso público estadual desde 2013) e a remediação com contratação temporária de profissionais sem seleção alguma”.
Para Paula Ferbones, a desvalorização atrapalha, mas continua sendo um dos motivos para ela incentivar ainda mais o aluno. “Tento fazer meu trabalho bem-feito, investindo nos meus alunos, para que um dia eles possam mudar esse cenário”. Isso tem se mostrado cada vez mais recorrente com os cortes na educação que o antigo governo tem feito, como o bloqueio de verbas para universidades e, como Alessandra mencionou, a falta de contratação de profissionais.
Projeções Futuras
Renato Feder, atual secretário da educação no estado do Paraná, que irá assumir agora em 2023 o cargo no estado de São Paulo, defende projetos de escolas cívico-militares e o uso de empresas privadas para a gestão das escolas. São projetos ousados para um ensino que já não vem funcionando, mesmo após tantas mudanças.
Paula, como professora, acredita que a alteração no currículo e um investimento na estrutura poderá trazer resultados mais significativos. “Poderiam começar investindo na infraestrutura, no salário dos professores, e na alteração do currículo. O nosso currículo atualmente não prepara nossos jovens para o vestibular”.
Alessandra afirma que um projeto com lógica de mercado não funcionaria. “Considero que, se implementados em São Paulo, o que não está bom vai piorar muitíssimo. Vouchers para a Educação Básica, privatizações e videoaulas visam a economia, não a Educação!” Feder, com certeza, terá muitos desafios assumindo o cargo e esperamos que a educação no Brasil possa realmente melhorar com o novo governo, finalmente alcançando o potencial que o país tem.
