Os principais acontecimentos ambientais do governo Bolsonaro (PL)  e a esperança com o retorno de Lula (PT)

Por Letícia Rocha 

Fonte: Charge do Tacho (Charge Online)

“Ele destruiu todo um arcabouço ambiental, exonerou todos os profissionais que eram contrários ou fizeram algo que tentava impedir esse desmonte. Afirmou apenas que seu governo foi perseguido por pensadores europeus, cientistas brasileiros, pela mídia, pela NASA e pelo Inpe. Jamais admite que fez errado e destruiu qualquer órgão ligado ao meio ambiente”, declarou a geógrafa e professora, Marisa Ferraro, em entrevista sobre a gestão ambiental do governo de Jair Messias Bolsonaro (PL).

Desde o período das campanhas eleitorais, em 2018, muitas afirmações feitas por Bolsonaro tem preocupado a população brasileira. Um artigo publicado no Science Journal, em 2019, aponta que decisões como retirar o Brasil das Nações Unidas e do Acordo de Paris, despir o Ibama do poder de licenciamento e abolir o Ministério do Meio Ambiente foram algumas das várias pautas defendidas em seu projeto de governo. Quando empossado, o presidente abriu mão de algumas decisões, mas sua gestão foi fortemente marcada pelos altos índices na questão do desmatamento.

“O desmatamento é a retirada/supressão da vegetação de uma área. Quando temos a retirada de uma mata, não é somente a parte vegetal que é comprometida, mas também a composição arbórea, os microrganismos, solo e todos aqueles que estão em consonância com o ecossistema”, explica a bióloga e professora Aline Figueiredo.

Com relação aos números de desmatamento pode-se inferir que logo em seu primeiro ano de mandato, em 2019, o desmatamento da Amazônia em junho foi 88% maior do que o mesmo mês no ano anterior. A primeira quinzena de julho também não foi diferente, houve uma superação em 68% se comparado ao mês inteiro no ano de 2018. 

Bolsonaro disparou incansáveis críticas ao órgão responsável pela divulgação dos dados de desmatamento, declarando para jornalistas que: “na questão do Inpe, eu tenho a convicção de que os dados são mentirosos”. Ele ainda disse estar surpreso com a demonstração dos números e declara a constatação do Inpe como inconsistente. 

A especialista Marisa Ferraro afirma que o Inpe, através de cálculos e sensoriamento remoto, libera esses dados há muitos anos e que eles jamais foram questionados por outros governos. “Quando Bolsonaro duvidou dos dados, o próprio governo norte-americano confirmou as informações e garantiu, mais uma vez, a veracidade e seriedade do Inpe. Tanto que o presidente do órgão foi exonerado depois, porquê será?!”, finalizou ela  

2020 foi o ano marcado pelas intensas queimadas no bioma amazônico, que é o mais visado em questão de necessidade de proteção. O impacto chegou a ser tão grande que o estado de São Paulo, que dispõe de um clima completamente influenciado pelos rios aéreos provenientes da Amazônia, sentiu as consequências do desmatamento desenfreado e teve dias de céu escuro por conta da fumaça. Jair Bolsonaro (PL) participou de um encontro da ONU naquele ano e mesmo que as nações já tivessem conhecimento da situação brasileira. Na ocasião, o presidente declarou que: “a Amazônia é uma floresta úmida, por isso não pega fogo”. Quando questionada sobre a afirmação, a especialista Aline Figueiredo explicou que a floresta apresenta períodos secos durante o ano e são estes os que aproveitam para atear fogo.

Desmatamento anual na Amazônia (em mil km²)
(Fonte: Inpe)

Em 2021 houve escândalos de queimadas não só na Amazônia, mas de uma grande intensidade no Pantanal e Cerrado, todos durante o período de clima seco no país. Outro fator de polêmica foi a saída de Ricardo Salles, ministro do meio ambiente, de seu cargo após a comprovação de envolvimento dele no crime por suposta atuação em favor dos madeireiros ilegais da Amazônia.

A diferença territorial do Pantanal entre os anos de 2020 e pós queimadas de 2021 (Fonte: SOS Pantanal)

Durante os debates eleitorais das eleições de 2022, Bolsonaro, após total descaso com a proteção dos recursos naturais brasileiros em sua gestão, afirmou que seu governo teve desmatamento como todos os outros, mas que nem por isso superou o que ocorreu nos anos em que Lula governou o país. Marisa então disse: “Na época em que o Lula assumiu, ele pega um governo que foi do Fernando Henrique Cardoso, conhecido como o que mais desmatou até aquele momento. Levou um tempo para que a Marina pudesse combater os altos números, tanto é que ele bateu um recorde de 27 mil km² de áreas desmatadas logo nos anos iniciais de governo. Depois que os projetos começaram a dar certo o desmatamento começou a diminuir gradativamente e chegou ao governo Dilma, que atingiu cerca de 5 mil km²”.

De fato, Lula (PT) foi o presidente mais bem visto mundialmente quando o assunto era meio ambiente, pois foi a partir de seu governo que surgiram projetos como o Fundo Amazônia, por exemplo, que é aquele destinado para a proteção do bioma amazônico a partir do financiamento de outras nações, principalmente as europeias. 

Com a vitória de Lula, fica a expectativa para um novo retorno da queda nos índices do desmatamento. “Espero uma postura de transparência na questão dos dados, valorização dos nossos centros de pesquisa, principalmente no caso do Inpe, pois acho que ele deve ser visto de maneira séria, e que sejam aplicadas punições mais efetivas contra essas pessoas que não estão agindo de modo correto. Que possamos deixar de lado essa cultura de destruição e adotar a cultura de valorização dos ecossistemas brasileiros”, finaliza a especialista Aline Figueiredo.

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