THAIS EVANGELISTA

Nos últimos 20 anos, o Brasil registrou 12 casos de ataques em escolas com armas de fogo. Segundo o Instituto Sou da Paz, em todos os ataques os assassinos eram ex-alunos ou alunos da instituição. Neste ano de 2022, houve três ataques em três cidades diferentes, sendo elas, Barreiras (BA), Sobral (CE) e a mais recente em Aracruz (ES).

Nesta cidade, um adolescente de 16 anos invadiu duas escolas e deixou quatro mortos, três professoras e uma estudante, e outros 12 feridos no ataque. De acordo com a polícia, o assassino teve acesso às armas do pai, que é policial militar, mas ainda não se sabe como o adolescente teve esse acesso. 

Já no ataque em Sobral, três alunos foram baleados por um jovem de 15 anos, que também teve acesso a uma arma de fogo por um familiar, neste caso, CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador). O mesmo se repete para o caso de Barreiras, onde um adolescente de 14 anos matou uma aluna de 19 anos e efetuou disparos com um revólver do pai, que era subtenente aposentado no Distrito Federal.

Esse aumento de casos, por sua vez, faz gerar a discussão sobre a posse de armas de fogo no Brasil. Segundo a Polícia Federal, em 2017 o Sinarm continha 637.972 registros de armas ativos. No final de 2020, este número subiu para 1.279.491 – um aumento de mais de 100%.

Segundo Felipe Yada, policial Civil do estado de São Paulo, qualquer indivíduo que possua uma arma de fogo deve respeitar todas as normas de segurança. “Em relação ao armazenamento, deve-se sempre deixar a arma depositada em local seguro, com trava, fora do alcance de curiosos. A fim de que um cidadão adquira uma arma de fogo através do sistema do Exército, a Corporação realiza fiscalizações nas residências dos adquirentes para checar se este possui cofre para tal”.

Para Yada, todo cidadão tem o direito a uma arma de fogo: “Acredito que todo ser humano em suas plenas faculdades mentais deveria ter direito de acesso a arma de fogo, no entanto, com ressalvas. O Estado tem como dever zelar pela segurança dos seus cidadãos. Contudo, creio que é impossível este se fazer onipresente. Dado isso, o cidadão deveria ter a condição de poder zelar pela sua vida e propriedade.” 

Além disso, Yada diz que pode haver uma relação entre os ataques em escolas e a facilitação de armas de fogo. “Dentre diversos cenários possíveis, não há dúvidas de que exista a facilidade de um adolescente tomar em seu poder a arma de seus genitores que, no caso, negligentes, não souberam condicionar o objeto em local adequado”.

Já Vitória Goulart, estudante da Universidade Federal de São Paulo, tem uma opinião contrária: “Violência nunca será o meio que conquistaremos boas coisas, e armar uma população como a do Brasil, dando a falsa sensação de segurança pelo porte de arma, é garantia que teremos uma população mais amedrontada e agressiva”. E Goulart complementa que, com a facilitação, “teremos jovens com acesso a armas dos pais e iremos registrar ainda mais ataques como esses”.

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